ÁREA: Materiais

TÍTULO: AVALIAÇÃO DA ESTRUTURA DA BLENDA DE PAN COM O POLÍMERO BIODEGRADÁVEL PCL POR FT-IR

AUTORES: Fleming, R.R. (ITA) ; Garcia, R.B.R. (ITA) ; Pardini, L.C. (DCTA/IAE, ITA) ; Alves, N.P. (QUIMLAB) ; Brito Junior, C.A.R. (QUIMLAB) ; Marques, V.G. (QUIMLAB)

RESUMO: Blenda do copolímero de poliacrilonitrila (PAN) com polímero biodegradável PCL foi obtida pelo método convencional da indústria plástica. O processo de produção deste material em extrusora convencional era um método que até pouco tempo atrás era inviável de se produzir, devido ao fato do polímero de PAN iniciar um processo de degradação antes de fundir. Porém, foi desenvolvido um processo que consiste na utilização de até 28% em massa de glicerol como plastificante da PAN. O copolímero de PAN foi obtido na proporção em massa de 94% acrilonitrila (AN) e 6% acetato de vinila (AV) e a blenda foi obtida misturando 7% em massa do polímero biodegradável PCL. O presente trabalho aborda um estudo da obtenção desta blenda e dos principais grupos funcionais desta blenda por meio de FT-IR.

PALAVRAS CHAVES: Poliacrilonitrila; Blenda; Polímero biodegradável

INTRODUÇÃO: Uma tecnologia inovadora e atrativa para o processo de conformação do polímero de PAN foi desenvolvida [1, 2]. O processo permite retardar a degradação da PAN, possibilitando sua fusão e conformação mecânica por métodos convencionais da indústria plástica. Isso ocorre devido ao emprego do glicerol que atua como um plastificante da PAN. Desta maneira, a PAN ao invés de ser direcionada somente para a produção de fibras acrílicas, se tornou também um polímero com outras aplicações, como por exemplo, em filme multicamadas e embalagens alimentícias. Embora este novo processo de conformação da PAN seja obtido com glicerol como plastificante, ao invés de solventes orgânicos altamente tóxicos, o produto acabado (garrafas, embalagens) quando se torna um resíduo sólido não degrada facilmente.Dessa forma, torna-se essencial a busca de alternativas para minimizar o impacto ambiental causado pelos polímeros convencionais. Uma das possíveis alternativas é a utilização de polímeros biodegradáveis [3]. Apesar da vantagem no critério ambiental, os plásticos biológicos são mais dispendiosos, apresentando um custo médio de produção de aproximadamente R$ 12,00/kg. Portanto, uma opção rápida e economicamente viável para este propósito é a produção de blendas poliméricas. No presente trabalho, foi preparada uma mistura polimérica de PAN com o polímero biodegradável PCL, com o objetivo de analisar os principais grupos funcionais desta blenda após o processo de extrusão.

MATERIAL E MÉTODOS: O copolímero de PAN, com composição química de 94% do monômero acrilonitrila (AN) e 6% do monômero acetato de vinila (AV) obtido por polimerização em suspensão, foi fornecido pela empresa Quimlab Produtos de Química Fina Ltda. O policaprolactona (PCL) foi fornecido em pó pela empresa Perstop. A massa de pré- extrusão foi preparada utilizando uma mistura de 65 % em massa de PAN AN/AV, 28 % em massa de glicerol e 7 % em massa de PCL. Após a obtenção da mistura foi utilizado uma extrusora laboratorial mono rosca, com a temperatura das zonas da extrusora na faixa de 190 a 210°C, para a obtenção dos pellets. As análises de infravermelho foram utilizadas para identificar os principais grupos químicos na estrutura dos polímeros e de sua blenda. As amostras foram analisadas utilizando-se um espectrômetro Varian 640-IR e um acessório MIRacle ATR (Pike Technologies), localizado na empresa Quimlab. As análises foram realizadas na região espectral de 4000-560 cm-1, com resolução de 4 cm-1 e 10 varreduras.

RESULTADOS E DISCUSSÃO: As amostras de pellets da blenda do copolímero de PAN AN/AV com o polímero biodegradável PCL foram obtidas por uma extrusora convencional conforme mostra o esquema ilustrativo da Figura 1. A Figura 2 mostra o espectro de FT-IR do polímero biodegradável PCL, do copolímero de PAN AN/AV e da blenda de PAN AN/AV com PCL. A principal banda de interesse do polímero de PAN é a banda de 2240 cm-1, que é atribuído à deformação axial do grupo C≡N da unidade de acrilonitrila. A banda que aparece em 1741 cm-1 é uma banda característica de estiramento do grupo carbonila (C=O). Esta banda aparece devido à comonômeros éster ou ácidos utilizados na polimerização do polímero de PAN. Além da banda da carbonila, também surge um banda em 1236 cm-1 (νC–O) que é uma banda característica de grupos acetatos, comprovando a existência da unidade de acetato de vinila presente no copolímero de PAN [2]. Além disso, comparando as bandas nos três espectros pode ser observada uma incorporação de PCL no copolímero PAN AN/AV. Observa-se que a banda em 1741 cm- 1, relacionada ao estiramento da carbonila (C=O) do copolímero PAN AN/AV, além de aumentar significativamente sua intensidade também apresenta um deslocamento de ~16 cm-1. Isso é devido à intensa banda do grupo C=O do polímero biodegradável PCL, conforme pode ser observado na Figura 2. Outra banda que aparece com grande intensidade no espectro do PCL e também na blenda é a banda em 1668 cm-1, que esta relacionada ao estiramento do grupo CO do PCL. Verifica- se que além das principais bandas do PCL inseridas na blenda, também surgem outras bandas de menor intensidade como em 1417 cm-1 e 1234 cm-1, que são bandas atribuídas ao estiramento simétrico do grupo CH3N e estiramento do grupo éster CO, respectivamente.

Figura 1:

Esquema ilustrativo de uma extrusora mono rosca.

Figura 2:

Espectro de FT-IR do polímero biodegradável PCL, do copolímero de PAN AN/AV e da blenda de PAN AN/AV com PCL.

CONCLUSÕES: Blenda de copolímero a base de PAN com o polímero biodegradável PCL foi obtida por um processo convencional da indústria plástica. A análise de FT-IR mostrou ser uma técnica eficiente para a verificação de misturas poliméricas. Além disso, o copolímero de PAN AN/AV apresentou ser um bom polímero para a mistura com polímeros biodegradáveis.

AGRADECIMENTOS: Agradecemos a empresa Quimlab por permitir a viabilidade do presente trabalho e ao CNPq pelo suporte financeiro aos seus bolsistas.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: 1. FLEMING, R. R. Caracterização de Fibras e Filmes de Poliacrilonitrila Extrudada. Dissertação de mestrado, Instituto Tecnológico de Aeronáutica, São José dos Campos, 2010.
2. ALVES, N. P., Acrylic and modacrylic polymer fusion process, acrylic and modacrylic polymer, acrylic and modacrylic polymer composition and acrylic and modacrylic polymer usage, WO Patent 147 224, 2007.
3. ROSA, D. S. et al., “ Biodegradabilidade e propriedades mecânicas de novas misturas poliméricas”, Polímeros: Ciência e Tecnologia, v. 11, n. 2, pp. 82-88, 2001.
4. YOUNG, R. J., LOVELL, P. A., Introduction to Polymers, 2 ed., Chapman & Hall, 1991.