ÁREA: Iniciação Científica

TÍTULO: DETERMINAÇÃO DO GRAU DE ESTERIFICAÇÃO DA PECTINA DE CASCAS DE MARACUJÁS (Passiflora edulis, Passiflora alata e Passiflora quadrangularis) CULTIVADOS NO ESTADO DE RORAIMA.

AUTORES: Nascimento Filho, W.B. (UNIVERSIDADE FEDERAL DE RORAIMA) ; Melo Filho, A.A. (UNIVERSIDADE FEDERAL DE RORAIMA) ; da Silva, F.P. (UNIVERSIDADE FEDERAL DE RORAIMA) ; Holanda, L.C. (UNIVERSIDADE FEDERAL DE RORAIMA) ; Silva, S.R. (UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS) ; da Silva, H.B. (UNIVERSIDADE FEDERAL DE RORAIMA)

RESUMO: A pectina é um polissacarídeo que apresenta na sua cadeia polimérica ácidos galacturônicos e alguns açúcares neutros como ramnose, arabinose, galactose, glicose e xilose. É um dos principais constituintes estruturais da parede celular das plantas. A principal fonte para produção comercial são os resíduos das indústrias de citros no Brasil. O objetivo deste trabalho foi determinar o grau de esterificação da pectina das cascas de maracujás (P. alata, P. edulis e P. quadrangularis) cultivados em Roraima. O grau de esterificação nas pectinas variou de 64,29% a 80,70% com flavedo e de 70,68% a 88,19% sem flavedo. Sendo classificadas com alto teor de grupos metoxílicos, de formar um bom gel e ser importante produto natural na aplicação nas indústrias cosméticas, alimentícias e farmacêuticas.

PALAVRAS CHAVES: Pectina; Maracujá; Grau de Esterificação

INTRODUÇÃO: O gênero Passiflora é composto por 465 espécies, das quais de 150 a 200 são originárias do Brasil e cerca de 70 espécies produzem frutos comestíveis (CUNHA et al., 2002). As espécies de P. edulis e P. Alata ocorrem em várias formações florestais do sudeste e sul do Brasil, enquanto que a P. quadrangularis é endêmica da floresta Amazônica. O Brasil é o maior produtor e consumidor mundial de maracujá e os resíduos do processamento da indústria de suco, na sua maior parte, são as cascas que poderiam ser usadas como matéria-prima para extração de pectina. A quantidade de subproduto por ano poderia alcançar 300 mil toneladas, com potencial de produzir 2 mil toneladas de pectina (CERVI, 1997; SILVA, 2010; CANTERI, 2010). A pectina apresenta uma complexa cadeia constituída principalmente pelo ácido galacturônico, além de outros açúcares neutros nas cadeias laterais. Seu emprego em alimentos está associado às suas propriedades de espessante e geleificante. Industrialmente, a extração de pectina é realizada pela solubilização das cadeias em solventes fracamente ácidos, sob determinadas condições de temperatura e tempo (CANTERI, 2010). Segundo Turquois et al. (1999), o grau de metoxilação de 50% é utilizado como um parâmetro de referência, sendo que as pectinas são, comercialmente, classificadas em pectinas de alto teor de grupos metoxílicos quando contêm acima de 50% de seus grupos carboxílicos esterificados, e de baixo teor de metoxilação, quando valores iguais ou inferiores a 50% destes grupos são esterificados. Portanto, este trabalho teve como objetivo determinar o grau de esterificação da pectina da casca das três espécies de maracujá (P. alata, P. edulis e P. quadrangularis) cultivadas em Roraima.

MATERIAL E MÉTODOS: Os maracujás (Passiflora edulis, Passiflora alata e Passiflora quadrangularis) foram colhidos em maio de 2010, nos municípios de Boa Vista e Pacaraima no Estado de Roraima. As amostras foram levadas ao laboratório de produtos naturais do Departamento de Química da Universidade Federal de Roraima, onde estas foram lavadas com água corrente e solução de hipoclorito de sódio. A pectina foi extraída de acordo com a metodologia de Pinheiro et al. (2006), onde se utilizou uma solução de ácido cítrico de concentração de 0,086% e tempo de extração de 60 minutos a 97 oC. Passado o tempo de extração a solução foi filtrada e resfriada até uma temperatura de 4 oC. Após resfriada a solução contendo a pectina foi centrifugada por 30 minutos. O sobrenadante foi adicionado álcool a 96% e esta mistura foi agitada por 10 minutos e deixada em repouso por uma hora para permitir a precipitação da pectina. A pectina precipitada foi separada por filtração, lavada com etanol absoluto e seco em estufa de circulação de ar forçada a 45 oC por 48 horas e após foi moída. O grau de esterificação das amostras de pectinas foi determinado pelo método de titulação potenciométrica de acordo com Pinheiro et al. (2007).

RESULTADOS E DISCUSSÃO: O grau de esterificação determinado, por titulação potenciométrica, nas pectinas das cascas dos maracujás cultivados em Roraima, conforme Tabela 1, nos mostra um grau de esterificação maior que 50% em todas as espécies, com ou sem flavedo. Estes resultados colaboram aos estudados por Celestino (2009) P. Edulis (78,6%), P. Alata (77,5%) e Pinheiro (2007) P. Edulis (78,59%). Não foi observado estudos sobre grau de esterificação da P. quadrangularis, possivelmente por ser muito pouco conhecida e cultivada pela população brasileira, mesmo sendo uma planta endêmica da amazônia. Mas, este trabalho apresenta que a pectina extraída da casca desta espécie possui um alto grau de esterificação. Segundo Turquois et al. (1999), as pectinas são, comercialmente, classificadas em pectinas de alto teor de grupos metoxílicos quando contêm acima de 50% de seus grupos carboxílicos esterificados, e de baixo teor de metoxilação, quando valores iguais ou inferiores a 50% destes grupos esterificados. Portanto, o grau de esterificação determinado para espécies indica que as pectinas estudadas nas cascas de maracujá tem capacidades de formar um bom gel, sendo parâmetro para indicar propriedades físicas ou funcionais das pectinas. A Tabela 1 apresenta o grau de esterificação da pectina das cascas de maracujás (P. edulis, P. alata e P. quadrangularis) estudados com flavedo (C.F.) e sem flavedo (S.F.).

Tabela 1. Grau de esterificação da pectina dos maracujás estudados.

A Tabela 1 mostra o grau de esterificação das espécies estudadas com ou sem flavedo, a ordem crescente: P. alata < P. quadrangularis < P. edulis.

CONCLUSÕES: O grau de esterificação das pectinas variou de 64,29% a 80,70% com flavedo e de 70,68% a 88,19% sem flavedo, apresentando assim, um alto grau de esterificação. Sendo classificadas em pectinas de alto teor de grupos metoxílicos. Portanto, as pectinas estudadas estão dentro dos parâmetros de referência, demonstrando assim, capacidade de formar um bom gel e serem importantes produtos naturais na aplicação nas indústrias cosméticas, alimentícias e farmacêuticas.

AGRADECIMENTOS: CNPq e PIC-UFRR pelo suporte financeiro.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: CANTERI, M. H. G., Caracterização comparativa entre pectinas extraídas do pericarpo de maracujá-amarelo (Passiflora edulis f. Flavicarpa). Universidade Federal do Paraná. Setor de Tecnologia de Alimentos. Tese de Doutorado. Curitiba, 2010.
CERVI, A. C. Passifloraceae do Brasil. Estudo do gênero Passiflora L., subgênero Passiflora. FONTQUERIA 45: 1-92. Madrid. 1997.

CUNHA, M.A.P. da; BARBOSA, L.V.; JUNQUEIRA, N.T.V. Espécies de maracujazeiro. In: LIMA, A. de A. (Ed. Técnico). Maracujá – Produção: aspectos técnicos. Brasília: Embrapa Informação tecnológica, 2002. p. 15–24. (Frutas do Brasil, 15).

PINHEIRO, E,R, Pectina da casca do maracujá amarelo (Passiflora edulis flavicarpa): otimização da extração com ácido cítrico e caracterização físicoquímica. Dissertação em Ciência dos Alimentos - Programa de Pós-Graduação em Ciência dos Alimentos, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis. 2007.

SILVA, S. R. Perfil dos ácidos graxos, atividade antioxidante e caracterização físico-química do óleo das sementes de três espécies de maracujá cultivadas no Estado de Roraima. Dissertação em Química. Programa de Pós-Graduação em Química. Universidade Federal de Roraima, Boa Vista, Roraima, 2010.

TURQUOIS, T.; RINAUDO, M.; TARAVEL, F. R.; HEYRAUD, A. Extraction of highly gelling pectic substances from sugar beet pulp and potato pulp: influence of extrinsic parameters on their gelling properties. Food Hydrocolloids, v.13, p. 255-262, 1999.