ÁREA: Iniciação Científica

TÍTULO: Avaliação da atividade antioxidande dos óleos essenciais e hidrolatos de folhas e galhos de Aniba canelilla, e de extratos etanólicos dos resíduos obtidos após a destilação por arraste a vapor.

AUTORES: Silva, R.A.P. (UFAM) ; Silva, G.F. (UFAM/UEA) ; Barata, L.E.S. (UNICAMP/UFOPA) ; Albuquerque, P.M. (UEA)

RESUMO: Antioxidantes são substâncias que retardam ou previnem a propagação de reações de oxidação e podem ser usados na prevenção de doenças. Investigou-se a atividade antioxidante dos óleos essenciais e dos hidrolatos de galhos e folhas de Aniba canelilla, bem como dos extratos etanólicos dos resíduos obtidos após a hidrodestilação. A atividade antioxidante foi determinada pelo método do DPPH, sendo utilizadas diferentes concentrações das amostras para determinação da CE50. Os resultados foram comparados à quercetina e ao ácido ascórbico. Os óleos essenciais e o hidrolato não apresentaram atividade. Os extratos etanólicos dos resíduos promoveram a inibição do radical, indicando como promissora a utilização de resíduos da indústria de óleos essenciais na prospecção de substâncias antioxidantes.

PALAVRAS CHAVES: Aniba canelilla; atividade antioxidante; resíduo

INTRODUÇÃO: A região amazônica oferece uma grande variedade de recursos naturais, sendo que muitas espécies já são usadas no mercado como produtos farmacêuticos ou cosméticos. Como exemplo, pode-se citar o uso de óleos essenciais de espécies de plantas da família Lauraceae como a preciosa (Aniba canelilla) (ALCÂNTARA at al., 2009). Esses óleos são usados na medicina popular para o combate de dores de cabeça, problemas estomacais, entre outros (RAGGI, 2008). A família Lauraceae é representada por mais de 2.500 espécies em 50 gêneros. No Brasil, há aproximadamente 22 gêneros e cerca de 400 espécies, sendo que algumas nunca passaram por estudos químicos e farmacológicos (ALCÂNTARA et al. ,2009; SILVA et al., 2012). Atualmente, uma série de doenças traz uma grande preocupação aos pesquisadores e incentiva a investigação farmacológica de produtos naturais para sua prevenção, e até mesmo para o seu combate. Trabalhos relatam que antioxidantes são substâncias que retardam o processo de oxidação, inibindo os radicais livres que contribuem para o estresse oxidativo tendo como consequência a degradação das células, até mesmo em nível molecular, podendo ser desenvolvidas diversas patologias degenerativas como o câncer, aterosclerose, artrite reumática (MELO et al., 2006) e a diabetes (DUARTE-ALMEIDA et al., 2006). Substâncias antioxidantes naturais têm sido alvo de crescente interesse devido à sua baixa toxicidade em relação aos antioxidantes sintéticos (SOARES et al., 2008). Visando um melhor aproveitamento dos recursos naturais amazônicos, este trabalho teve por objetivo estudar o potencial antioxidante dos óleos essenciais e resíduos gerados na indústria que extrai esses compostos, como o hidrolato (resíduo líquido) e o material vegetal obtido após a hidrodestilação.

MATERIAL E MÉTODOS: Folhas e galhos de A. canelilla foram coletados na Reserva Florestal Ducke em Manaus, no período chuvoso, secos por 10 dias e triturados em moinho de facas com tela de 3 mm. Os óleos essenciais foram extraídos em aparelho tipo Clevenger, onde 50 g de material vegetal foram destilados em 0,5 L de água por 3,5h (folhas), e 6 h (galhos). O óleo essencial foi separado do resíduo líquido (hidrolato) por decantação. O resíduo sólido foi seco a temperatura ambiente por 10 dias e submetido à maceração a frio em etanol de cereais por três ciclos de 72h. O extrato foi filtrado a vácuo e levado ao evaporador rotativo a 40°C, obtendo-se o extrato etanólico seco. O ensaio de atividade antioxidante foi feito pelo método do DPPH (EMBRAPA, 2007; VARGAS et al., 2008). A metodologia foi utilizada por Brand-Williams et al. (1995) e modificado por Silva et al. (2012). O Ácido ascórbico foi utilizado como padrão. A solução de DPPH foi preparada a 0,06 mmol/L em metanol P.A. As soluções-teste foram preparadas a 1280 mg/L, seguida de diluições sucessivas. Para o hidrolato, a solução-teste foi feita a partir dele puro, seguida de nove diluições sucessivas (1:2). O ensaio consistiu em adicionar 0,050 mL da solução-teste em 1,950 mL da solução de DPPH, e após 30 min. de reação em ambiente escuro, foi monitorada a absorbância a 517 nm. As análises do óleo essencial e do hidrolato também foram feitas em 60 e 90 min. Os resultados foram expressos em porcentagem de inibição do DPPH. A partir dos valores encontrados foi construída a curva de atividade antioxidante pela concentração das soluções-teste, e após regressão linear fez- se o cálculo da concentração eficiente (CE50). As médias foram comparadas por ANOVA seguida do teste de Tukey para as diferenças significativas (p<0,05).

RESULTADOS E DISCUSSÃO: A Tabela 1 apresenta os resultados da atividade antioxidante dos óleos essenciais de folhas e galhos e do hidrolato resultante da hidrodestilação. Durante todo o ensaio, mesmo após 90 min., não foram detectadas atividades de inibição do radical DPPH nessas amostras. Estes resultados sugerem que o método empregado não foi eficiente para encontrar um potencial antioxidante nas concentrações estudadas, tendo em vista o estudo de Silva et al. (2007), que ao analisar os óleos essenciais de tronco, folhas e galhos de A. canelilla, encontrou atividade antioxidante. As diferenças entre estes resultados podem ser explicadas levando em consideração que as amostras vegetais foram coletadas em diferentes regiões. Silva et al. (2007) utilizaram o material vegetal coletado em Ulinópolis-PA e Novo Airão-AM, e neste trabalho folhas e galhos foram coletados em Manaus-AM. Sendo assim, o estudo da composição química se faz necessário para caracterizar as substâncias presentes nos troncos, folhas e galhos de A. canelilla para uma melhor avaliação dos resultados.

Médias de Percentual de Inibição do Radical livre DPPH (AA%) d A. Cane



Concentração Eficiente



CONCLUSÕES: O sequestro do radical livre DPPH nos óleos essenciais e no hidrolato da A. canelilla não se mostrou eficiente para a determinação da atividade antioxidante, tendo em vista, que resultados diferentes foram encontrados por Silva et al. (2007). A obtenção de extratos etanólicos dos resíduos de folhas e galhos mostra- se como uma boa alternativa para a indústria de óleos essenciais, tendo em vista que estes apresentaram um bom potencial antioxidante, principalmente os resíduos dos galhos, podendo ser destinados a outros processos biotecnológicos, maximizando seu potencial químico e biotecnológico.

AGRADECIMENTOS: FAPEAM, SEDUC, PCE, BIONORTE e CNPQ.

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