ÁREA: Química Inorgânica

TÍTULO: Síntese, caracterização e estudo da atividade antifúngica de complexos de dimetilestanho(IV) com ditiocarbimatos

AUTORES: Miranda, L.D.L. (UFV) ; Oliveira, M.R.L. (UFV) ; Zambolim, L. (UFV) ; Rubinger, M.M.M. (UFV) ; Sabino, J.R. (UFG)

RESUMO: Foram obtidos cinco novos compostos com fórmula (Ph4P)2[Sn(CH3)2(RSO2N=CS2)2] [Ph4P = tetrafenilfosfônio e R =C6H5 (1), 4-FC6H4 (2), 4-ClC6H4 (3), 2-CH3C6H4 (4) e 4-CH3C6H4 (5)]. Os dados de espectroscopia vibracional e ressonância magnética nuclear (13C, 1H e 119Sn) foram consistentes com as fórmulas propostas. Estudos de difração de raios-X de 2 e 3 mostraram o átomo de estanho coordenado a dois átomos de carbono, dois de nitrogênio e dois de enxofre. A atividade antifúngica dos compostos foi testada in vitro contra Fusarium solani.

PALAVRAS CHAVES: Ditiocarbimatos; Complexos de estanho(IV); Fungicidas

INTRODUÇÃO: Compostos organoestanilados são potenciais agentes antimicrobianos (ALVES et al., 2009). Entre esses organismos incluem-se patógenos importantes na agricultura. Os ditiocarbamatos são ânions semelhantes aos ditiocarbimatos e utilizados na agricultura como fungicidas. A obtenção de novos complexos de estanho com ditiocarbamatos e ditiocarbimatos pode gerar novos produtos com maior atividade que os compostos de partida. A literatura reporta exemplos de ditiocarbamatos de estanho com atividade antifúngica (ZAMBOLIM et al., 2008 e MENEZES, 2008). O gênero Fusarium compreende muitas espécies, normalmente fitopatógenas (ZAMBOLIM et al., 2008). Neste trabalho foi investigada a atividade antifúngica de complexos de estanho(IV) com ditiocarbimatos contra o fungo Fusarium solani, agente causal da murcha e da podridão radicular de um grande número de espécies de plantas.

MATERIAL E MÉTODOS: À solução do N-R-sulfonilditiocarbimato de potássio apropriado (2,0 mmol) em água (20 mL) adicionou-se diclorodimetilestanho(IV) (1,0 mmol). A mistura ficou sob agitação por 30 minutos à temperatura ambiente. Adicionou-se cloreto de tetrafenilfosfônio (2,0 mmol) deixou-se em agitação por 1 hora e 30 minutos. Foi adicionada água destilada gelada (20 mL) e deixou-se a mistura em banho de gelo por 30 minutos. O sólido obtido (1-5) foi filtrado, lavado com água destilada e secado sob pressão reduzida por três dias. Monocristais de 2 e 3 foram obtidos após a evaporação de uma solução em acetona/água. A atividade antifúngica foi avaliada pela técnica de Difusão em Disco contra Fusarium solani de acordo com a metodologia descrita na literatura (Koneman et al., 1997). Discos de papel contendo 25,0 mmol de cada amostra foram postos sobre o meio de cultura com esporos do fungo, clorofenicol e sulfato de estreptomicina em placa Petri. As placas foram incubadas a 25oC. O diâmetro de inibição foi medido após 48 horas. Foram testados também cloreto de tetrafenilfosfônio e diclorodimetilestanho (inativos). O controle foi o fungicida ZIRAM (dimetilditiocarbamato de zinco).

RESULTADOS E DISCUSSÃO: A banda na região de 1300-1400 cm-1 nos espectros vibracionais de 1-5, atribuída ao estiramento da ligação CN, está deslocada para maiores números de onda em relação aos espectros dos ligantes livres. A banda na região de 1000-900 cm-1 (νCS2ass), apareceu deslocada para menores números de onda. Esses deslocamentos são consistentes com a formação dos complexos. A análise das bandas de estiramentos Sn-S, Sn-N, e Sn-C, previstas para as regiões de 400-300 cm-1, 400-470 cm-1 e 500-560 cm-1, respectivamente, foi dificultada pela presença de bandas dos ligantes e contra-íons. Os espectros de RMN13C mostraram todos os sinais esperados para átomos de C. A integração dos sinais de RMN1H revelam uma proporção 2:1 cátion:ânion. Os espectros de RMN119Sn mostraram sinais de δ entre -215 e -231, e entre -56 e -52, sugerindo espécies contendo estanho tetra e pentacoordenado. Os dados de difração de raios-X para os complexos 2 e 3 confirmaram as estruturas propostas. As ligações Sn-N são relativamente longas, com distância maior que a soma dos raios covalentes de Sn e N (2,10 Å) (CORDEIRO, et al., 2008). Isso está consistente com os resultados de espectroscopia de RMN119Sn. Provavelmente essas ligações são quebradas em solução. A Figura 1 apresenta o diagrama ortep do complexo 2. Os complexos 2 e 3 são isoestruturais. Os compostos 1-5 inibiram o crescimento de Fusarium solani. O composto 3 foi o mais ativo. Entretanto, todos foram menos ativos que o fungicida comercial ZIRAN. A Figura 2 mostra os diâmetros dos halos de inibição.









CONCLUSÕES: Os resultados obtidos são consistentes com a síntese dos cinco novos complexos de dimetilestanho(IV) com ditiocarbimatos. Estudos de difração de raios-X revelaram que, nos compostos 2 e 3, o átomo de estanho está ligado a dois átomos de carbono de grupos metila, e a dois grupos ditiocarbimato através de um átomo enxofre um átomo de nitrogênio de cada ligante. A geometria em torno do átomo de estanho é aproximadamente octaédrica. A semelhança entre os espectros vibracionais e de RMN dos compostos 1, 4 e 5, com 2 e 3, indica que todos devem apresentar a mesma estrutura no estados sólido. Os compostos obtidos apresentaram atividade antifúngica contra Fusarium solani, mas foram menos ativos que o fungicida comercial ZIRAM.

AGRADECIMENTOS: Capes, FAPEMIG e CNPq

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: ALVES, L. C.; RUBINGER, M. M. M.; LINDEMANN, R. H.; PERPÉTUO, G. J.; JANCZAK, J.; MIRANDA, L. D. L.; ZAMBOLIM, L.; OLIVEIRA, M. R. L. Journal of Inorganic Biochemistry, v. 103, p. 1045-1053, 2009.

CORDEIRO, B.; GÓMEZ, V.; PLATERO-PRATS, A.E.; REVÉS, M.; ECHEVERRÍA, J.; CREMADES, E.; BARRAGÁN, F.; ALVAREZ DALTON TRANS, S. p. 2832-2838, 2008.

MENEZES, D. C.; VIEIRA, F. T.; LIMA, G. M.; PORTO, A. O.; CORTÉS, M. E.; ARDISSON, J. D.; ALBRECHT-SCHIMITT, T. E., Eur. J. Med. Chem., 40, 1277-1282, 2005.

ZAMBOLIM, L.; PICANÇO, M. C.; SILVA, A. A. DA; FERREIRA, L. R.; FERREIRA, F. A. Viçosa: DFP, 652 p., 2008.