ÁREA: Físico-Química

TÍTULO: ESTUDO DA EXTRAÇÃO DOS PIGMENTOS DO FRUTO DE TUCUMÃ(Astrocaryum Aculeatum)

AUTORES: Spinelli, A. (UNIR) ; Bacelar, W.K. (UNIR) ; Nunes, B. (UNIR)

RESUMO: O tucumã é encontrado em abundância na região Norte e no Estado de Rondônia, e apresenta uma promissora fonte de extração de pigmentos naturais, uma vez que apresenta teor significativo de carotenos. Este projeto estudou as propriedades dos pigmentos com relação ao solvente extrator, o método de extração e o tempo. Os pigmentos foram extraídos da polpa e da casca do tucumã através do método contínuo e descontínuo com o uso de etanol e do éter de petróleo. Os pigmentos extraídos com o método descontínuo não tiveram influência do solvente em sua cor; entretanto os pigmentos extraídos pelo método contínuo apresentaram cor vermelha com o uso de etanol e cor amarela com o uso do éter de petróleo. O pigmento de cor vermelha pode ser do tipo licopeno acíclico insturado com 11 duplas conjugadas.

PALAVRAS CHAVES: tucumã; pigmento; aplicação industrial

INTRODUÇÃO: Cores sempre exerceram fascínio sobre a humanidade. Por toda a história, corantes e pigmentos foram objetos de atividades comerciais. Atualmente existem mais de oito (8) mil pigmentos diferentes sendo comercializados, compostos estes que podem ser tanto orgânicos como inorgânicos. A maior parte dos corantes fabricados vai para a indústria têxtil; mas as indústrias de artefatos de couro ou de papel, indústrias alimentícias, de cosméticos, tintas e plásticos, e a indústria cerâmica também são usuários importantes. Como a demanda é muito grande e diversa, os químicos são desafiados a produzir corantes e pigmentos com propriedades particulares este é um grande campo de pesquisa da química, sendo que vários pesquisadores brasileiros trabalham nesta área.Dentre os pigmentos naturais vegetais da região Norte do Brasil podem destacar os carotenóides.A região Norte do Brasil é rica em fontes de pigmento carotenóide; pode-se destacar o tucumã, a pupunha, o buriti e o abricó. ROSSO e MERCADANTE (2007) identificaram e quantificaram os carotenos presentes nas frutas citadas anteriormente; destacando-se o buriti com maior quantidade em carotenos totais, seguido de pupunha e tucumã.A extração do óleo do tucumã já vem sido estudada por pesquisadores brasileiros (GUEDES, 2006; REGIANI e PANTOJA, 2006), entretanto existem poucos relatos na literatura sobre a extração do pigmento do tucumã visando aplicações na indústria de couro. Dentro deste contexto, destaca-se a importância do estudo da extração e da estabilidade do pigmento carotenóide do tucumã no Estado de Rondônia, pois o mesmo é abundante na espécie tucumã e apresenta indústria de couro na cidade de Ji-Paraná, o que contribuirá com o desenvolvimento tecnológico do Estado.

MATERIAL E MÉTODOS: Procedeu-se o despolpamento manual do fruto com auxílio de facas de aço inoxidável, separando o caroço, a casca e a polpa. A polpa e a casca foram levadas à secagem na estufa, distribuindo as amostras em embalagens de papel para melhor absorção da umidade. Essas amostras permaneceram na estufa por 48 horas para reduzir a umidade da matéria prima. O material seco foi guardado em potes pequenos de plástico e estes armazenados no dessecador. Posteriormente as amostras secas da polpa e da casca do tucumã foram pesadas e encaminhadas para análises preliminares do solvente extrator. EXTRAÇÃO DESCONTÍNUA: 1) Colocou-se 10,20 g de polpa de tucumã em um erlemmeyer com 400 ml de éter de petróleo, sob agitação por um período de 4 horas. Após a extração a amostra de extrato foi concentrada em evaporador rotativo e acondicionada em geladeira para posterior análise qualitativa. 2 ) Repetiu-se o procedimento do item 1 usando etanol como solvente; 3 ) Repetiu-se os itens 1 e 2 para a casca do tucumã. EXTRAÇÃO CONTÍNUA: O método de extração por Soxhlet consistiu na recirculação dos solventes extratores durante 2 horas: 1) Adicionou-se 20,900 g de polpa de tucumã seca no cartucho com diâmetro inferior ao do corpo do extrator. Em seguida adicionou-se etanol no balão extrator e aqueceu-se na temperatura de 77ºC por duas horas. Após a extração a amostra de extrato foi concentrada em evaporador rotativo e acondicionada em geladeira para posterior análise qualitativa. 2) Repetiu-se o procedimento do item 1 usando éter de petróleo como solvente, na temperatura de 75ºC.Repetiu-se os itens 1 e 2 para a casca do tucumã. A avaliação qualitativa dos carotenoides foi observada a partir da leitura da absorbância do extrato no espectrofotômetro na região do UV-visível(RODRIGUEZ- AMAYA, 1999).

RESULTADOS E DISCUSSÃO: Nas Figuras 1 e 2 observa-se que os extratos da polpa e casca extraídas pelo processo descontínuo apresentaram cor amarela para ambos os solventes utilizados.Avaliando os resultados relatados observa-se que quando realiza-se a extração dos carotenos com o uso do solvente quente, ocorre variação da cor do amarelo ao vermelho; enquanto que no uso do processo de extração descontinuo a cor do pigmento manteve-se amarela para ambos os solventes usados. Portanto pode-se inferir que o processo de extração e a temperatura influenciam na extração do pigmento.Sugere-se que a temperatura e o processo de repetição que ocorre na extração continua permitiram a extração de carotenos com diferenças nas ligações duplas conjugadas que compõem a molécula do pigmento.A maioria dos carotenos apresentam máxima absorção em três comprimentos de onda, resultando em um espectro com três picos (RODRIGUES-AMAYA, 1999); conforme observado nos espectros UV-visível dos pigmentos extraídos da polpa e da casca em ambos os solventes usados. Com base nas características espectrais pode-se inferir que as cores dos pigmentos extraídos da polpa e da casca do tucumã são provenientes de um caroteno.Conforme observado nos espectros de absorção na região do UV- vísivel, pode-se supor que o pigmento de cor vermelha extraído com etanol seja composto de licopenos acíclicos insaturados com 11 duplas conjugadas. Entretanto os pigmentos de cor amarela podem apresentar estrutura molecular composta de 7 ligações duplas conjugadas. As Figuras ilustram que os pigmentos extraídos com éter de petróleo apresentaram deslocamento da absorção para comprimentos de onda menores evidenciando que o pigmento extraído com etanol apresenta um tipo de caroteno diferente do pigmento extraído com éter de petróleo.

Figura 2

Espectros de absorção na região do UV-visível pelo método contínuo. (polpa-etanol = cor azul; polpa- éter = cor roxa).

Figura 1

Espectros de absorção na região do UV-visível dos pigmentos.Método descontínuo. (casca-etanol = cor rosa; casca-éter = cor azul; polpa-etanol= roxa

CONCLUSÕES: O método de extração, o solvente e a temperatura influenciaram na cor dos pigmentos. Com base nas características espectrais pode-se inferir que as cores dos pigmentos extraídos da polpa e da casca do tucumã são provenientes de um caroteno. O pigmento de cor vermelha extraído com etanol pode ser do tipo licopeno acíclico insturado com 11 duplas conjugadas.

AGRADECIMENTOS: PIBIC/CNPQ DEPARTAMENTO DE QUÍMICA

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: GUEDES, A.M.M. Estudo da extração de óleo da polpa de tucumã por CO2
supercítico. Dissertação (Ciência e Tecnologia de Alimentos). Universidade Federal do Pará, Belém, Pará, 2006, 80p.
REGIANI, A.M. e PANTOJA, N.V. Estudo do fr
RODRIGUEZ-AMAYA, D. B. A guide to carotenoids analysis in foods. Washington: Ilsi, 1999. 119p
REGIANI, A.M. e PANTOJA, N.V. Estudo do fruto do tucumã para obtenção de óleo e síntese de biodisel. Resumo expandido. Sociedade Brasileira de Química (SBQ), 2006.
ROSSO, V.V e MERCADANTE, A.Z. Identification and Qauntification of Carotenoids, by HPLC-PDA-MS/MS, from Amazonian Fruits. J. Agric. Food Chem. 55, 5062- 5072, 2007.