ÁREA: Físico-Química

TÍTULO: Aplicação de sistemas microemulsionados como inibidor de corrosão avaliando a influência da salinidade, temperatura e comportamento de isotermas

AUTORES: Tavares Gonzaga, T.W. (UFRN) ; Cavalcanti Roberto, E. (UFRN) ; Oliveira Neto, A.W. (UFRN) ; Castro Dantas, T.N. (UFRN) ; Cardozo Fonseca, J.L. (UFRN)

RESUMO: O objetivo deste trabalho foi investigar a influência dos sistemas de microemulsionados como inibidores de corrosão do aço carbono API5LX Gr X 42. O sistemas microemulsionados foram obtidos usando o tensoativo 12-N,N-dietilamino- octadecenoato de sódio (AR1S), cotensoativo n-butanol, querosene como fase óleo e soluções de NaCl a 0,5 e 1,0 M numa razão C/T = 2. As medidas de polarização foram realizadas utilizando um potenciostato MQPG-01. Os experimentos foram realizados variando a salinidade e a temperatura. Através das curvas de polarização calculou-se os valores de eficiência de inibição de corrosão. Os resultados mostraram que esses sistemas são uma boa alternativa para controlar a corrosão de oleodutos. Para validar os dados experimentais aplicaram-se isotermas de adsorção.

PALAVRAS CHAVES: microemulsão; inibidor de corrosão; isoterma

INTRODUÇÃO: As atividades no setor do petróleo têm sido afetadas pelo fenômeno da corrosão, e em destaque no setor de transporte com o uso de oleodutos. Várias pesquisas vêm sendo desenvolvidas no intuito de controlar o desgaste da superfície interna de oleodutos. Uma que se destaca é a utilização de moléculas de tensoativos, pois formam filme interfacial, que protegem a superfície metálica devido à formação de uma barreira à agressão dos eletrólitos (ZHANG et al., 2006). Entretanto, algumas pesquisas vêm sendo desenvolvidas com a utilização de microemulsão como inibidores de corrosão. Esses sistemas microemulsionados se destacam, pois se apresentam como melhores sistemas interfaciais, por permitirem a alta solubilidade de tensoativos, além de possuírem maior área de contato interfacial devido ao tamanho das microestruturas formadas, bem como a sua estabilidade (WANDERLEY NETO et al, 2012). As isotermas têm sido aplicadas para elucidar melhor a ação interfacial de tensoativos e seus sistemas em interfaces líquido-sólido (FERREIRA MOURA et al, 2009). Tais estudos têm fortalecido o conhecimento na área de fenômenos interfaciais. Neste trabalho foram avaliados os sistemas microemulsionados utilizando o tensoativo AR1S. Os experimentos foram realizados variando a concentração salina de NaCl (0,5 e 1,0 M) e a temperatura (30 e 60ºC).

MATERIAL E MÉTODOS: O sistemas microemulsionados foram obtidos usando o tensoativo AR1S, cotensoativo n-butanol, querosene como fase óleo e soluções de NaCl a 0,5 e 1,0 M nma razão C/T = 2. O procedimento utilizado para se obter a região de microemulsão baseia-se no método que envolve a determinação dos pontos de solubilidade máximas da matéria ativa (cotensoativo + tensoativo) nas fases aquosa (FA) e oleosa (FO), por meio de titulações mássicas (DANTAS et al. 2002). As análises de inibição a corrosão dos sistemas microemulsionados foram realizadas em um potenciostato MQPG-01. Obtiveram-se as curvas de polarização experimentais, e através dessas curvas foram calculadas as eficiências de inibição. As medidas foram realizadas em uma célula clássica de três eletrodos, onde se utilizou o eletrodo de referência de Ag/AgCl (prata/cloreto de prata), o contraeletrodo de platina e o eletrodo de trabalho utilizado foi um eletrodo constituído do aço API5LX Gr X42 que é o metal empregado pelas indústrias petrolíferas em linhas de oleodutos.

RESULTADOS E DISCUSSÃO: A Figura 1 mostra os valores das eficiências e as isotermas aplicadas para os sistemas microemulsionados do tensoativo AR1S, variando a salinidade e a temperatura do meio. As isotermas aplicadas e estudadas para validar os dados experimentais de eficiência de inibição a corrosão foram as de Langmuir, Freundlich e Lagmuir-Freundlich. Analisando os valores de eficiências de inibição para os sistemas microemulsionados com AR1S, observa-se que foram obtidos altos valores de eficiências para todos os sistemas, com valor mínimo de 57% e máximo de 90%. Verifica-se que à medida que se aumenta a concentração de tensoativo no meio há o aumento dos valores de eficiência de inibição e que depois de certa concentração (CMC) esses valores tornam-se praticamente constante. Isso porque na CMC a adsorção dos tensoativos é completada, ou seja, a superfície é coberta com as moléculas de tensoativos e o aumento da eficiência é pouco observado acima da c.m.c (OSMAN et al.,1997). Analisando a variação de salinidade e/ou temperatura, pode-se observar que o aumento desses parâmetros provoca uma diminuição da eficiência de inibição. A elevação da concentração salina no meio provoca pequena elevação do desgaste do metal, sendo um resultado já esperado devido haver maior densidade de íons no meio, o que gera maior penetração destes íons entre as micelas e outros aglomerados e assim acelera a corrosão do metal. Já o aumento da temperatura proporciona o aumento da energia cinética e, consequentemente, o aumento de dessorção da molécula adsorvida na superfície metálica (WANDERLEY NETO, 2009). A isoterma de Langmuir- Freundlich foi a que melhor se ajustou ao fenômeno de adsorção. Com isso, podemos dizer que a acomodação das micelas na superfície do aço ocorre em multicamada.

Figura 1

Valores de eficiência e os modelos de Langmuir, Freundlich e Langmuir-Freundlich para os sistemas microemulsionado com AR1S em NaCl 0,5M à 30 e 60ºC.

Figura 2

Valores de eficiência e os modelos de Langmuir, Freundlich e Langmuir-Freundlich para os sistemas microemulsionado com AR1S em NaCl 1,0M à 30 e 60ºC

CONCLUSÕES: Os sistemas microemulsionados com o tensoativo AR1S são uma boa alternativa de controle à corrosão, pois apresentam altos valores de eficiência de inibição mesmo em baixas concentrações. A isoterma de Langmuir-Freundlich foi a isoterma que melhor se ajustou ao processo de adsorção, indicando que a acomodação das micelas na superfície do aço ocorre em multicamada, o que explica os altos valores de eficiência de inibição mesmo em baixas concentrações de tensoativo.

AGRADECIMENTOS: Ao PRHPB22, a Capes e ao Laboratório de Tecnologia de Tensoativos do Departamento de Química da UFRN.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: DANTAS, T. N. C.; MOURA, E. F.; SCATENA, H.; DANTAS NETO, A. A. Microemulsion system as a steel corrosion inhibitor. Corrosion, v. 58, n. 9, p. 723-727, 2002.

MOURA, E. F.; WANDERLEY NETO, A. O.; CASTRO DANTAS, T. N.; SCATENA JÚNIOR, H. ALEXANDRE GURGEL. Colloids and Surfaces A: Physicochemical and Engineering Aspects, Volume 340, Issues 1–3, 15 May 2009, Pages199-207.

OSMAN, M. M.; OMAR, A. M. A.; AL-SABAGH, A. M. Materials Chemistry and Physics, v. 50, n. 3, p. 271-274, 1997.

WANDERLEY NETO, A. O. Aplicação de sabões de ácidos graxos epoxidados como inibidores de corrosão em oleodutos. 2009. 204 f. Tese (Doutorado em química) – Programa de Pós-Graduação em Química, UFRN, Natal-RN, 2009.

WANDERLEY NETO, A. O.; MOURA, E. F.; SCATENA JÚNIOR, H.; CASTRO DANTAS, T. N.; DANTAS NETO, A. A.; GURGEL, A. Colloids and Surfaces A: Physicochemical and Engineering Aspects, Volume 398, 20 March 2012, Pages 76-83.

ZHANG, R.; SOMASUNDARAN, P. Advances in Colloid Interface Science, v. 123-126, p. 213-229, 2006.