ÁREA: Físico-Química

TÍTULO: ESTUDO DO DESEMPENHO DE ELETROCATALISADORES LIVRE DE PLATINA EM CÉLULAS A COMBUSTÍVEL DE ELETRÓLITO POLIMÉRICO (PEMFC)

AUTORES: Miranda, I.S. (UFPA) ; Fernandes, A.C. (UFPA)

RESUMO: As ligas metálicas binárias de SnyCox suportadas em Carbono Vulcan XC-72 foram estudadas com o objetivo de comparar o desempenho e a eficiência de eletrocatalisadores livre de platina utilizados como ânodo em células a combustível do tipo PEM. Os catalisadores de SnyCox foram sintetizados pelo método de redução por álcool e em diferentes proporções. Os resultados obtidos para encontrar a razão atômica dos catalisadores foram feitos por analises de EDX. Para determinar a área eletroquimicamente ativa e as propriedades superficiais das ligas metálicas foram empregados testes de Voltametria Cíclica e Cronoamperometria. A liga metálica de Sn47Co53 foi a que apresentou melhor desempenho catalítico dentre todos os catalisadores preparados.

PALAVRAS CHAVES: liga metálica; célula a combustível; eletrocatalisador

INTRODUÇÃO: Nos próximos anos, uma nova tecnologia de geração limpa de energia elétrica deve ganhar espaço para uso em veículos e estações geradoras de energia em residências, hospitais e pequenas indústrias. É a tecnologia das células a combustível (também conhecidas como pilhas a combustível), dispositivos silenciosos que transformam energia química em energia elétrica sem causar danos ao ambiente. As células a combustível são sistemas eletroquímicos que produzem energia elétrica à medida que os reagentes são introduzidos no sistema. O combustível (hidrogênio, alcoóis, etc) é oxidado de forma contínua no ânodo, enquanto o oxigênio é reduzido no cátodo. O resultado do funcionamento da célula é a geração de eletricidade, água e calor gerado pela dissipação do sistema (MERCEDES et al, 2002). A platina é o principal metal utilizado como eletrocatalisadores em células a combustível, podendo ser usado tanto para a oxidação anódica quanto para a redução catódica, porém o alto custo da platina, o comprometimento das reservas no caso de um uso generalizado e o processo de envenenamento da platina pela adsorção de impurezas como CO limitam sua utilização (EDSON et al, 2005). A redução de custo da célula devido à substituição da Pt por um metal não nobre, como o Co ou ligas metálicas contendo este metal por exemplo, seria muito significante, uma vez que o custo do cobalto é de aproximadamente 90 $/Kg em comparação com o preço da Pt que está em torno de 37.000 $/Kg, o que se torna uma alternativa promissora para aplicações em células a combustível (GVOZDEN et al, 2009). A partir do exposto verifica-se a necessidade de mais estudo na busca de eletrocatalisadores de metais não nobres que possam substituir a Pt para se obter mais opções comerciais na geração de energia limpa.

MATERIAL E MÉTODOS: A síntese dos catalisadores foi realizada pelo método de redução por álcool. Neste método, o refluxo ajustado à 120 ºC por um tempo de 3 horas, contendo uma solução alcoólica de etineloglicol e os íons metálicos (solução de SnCl2.2H2O e CoCl2.6H2O) na presença de um agente estabilizante, normalmente um polímero ou uma solução básica para ajuste do pH=12, sendo que o álcool funciona como solvente e agente redutor, sendo oxidado a aldeídos e cetonas. No final do processo o metal reduzido é filtrado, lavado com água morna e colocado para secar em uma estufa. As composições atômicas dos catalisadores foram obtidos através das análises de espectroscopia de energia dispersiva de raios-X (EDX). Os ensaios eletroquímicos de voltametria e cronoamperometria foram realizados com um potenciostato modelo AUTOLAB PGSTAT 302. Os voltamogramas cíclicos foram obtidos em soluções de 0,5 Mol/L de H2SO4 saturados com nitrogênio. Durante o experimento o fluxo de nitrogênio é deslocado para a superfície da solução e as curvas voltamétricas são obtidas a uma determinada velocidade de varredura do potencial (50 mV/s). As curvas amperométricas foram obtidas durante 700 s. As medidas de cronoamperometria foram realizadas em soluções de (0,5 Mol/L de H2SO4 + 0,5 Mol/L de etanol).

RESULTADOS E DISCUSSÃO: Na técnica de EDX para avaliar a composição atômica média dos materiais, tivemos os seguintes resultados: Sn71Co29, Sn27Co73 e Sn47Co53. Os voltamogramas cíclicos dos eletrocatalisadores Sn71Co29, Sn27Co73 e Sn47Co53 (FIGURA 1) não apresentam uma região de adsorção/desorção de hidrogênio (0,05 a 0,4 V) bem definida em comparação com o eletrocatalisador de Pt 60%, isso pode estar relacionado com o fato das ligas SnyCox possuírem menos sítios ativos com relação a reação de adsorção/desorção do hidrogênio do que a Pt 60%. O eletrocatalisador Sn71Co29 mostrou um aumento nas correntes para a região da dupla camada elétrica (0,4 a 0,8 V) em relação aos eletrocatalisadores de Sn27Co73 e Sn47Co53, porém estes valores foram bem inferiores que do eletrocatalisador de Pt 60%. Nos potenciais acima de 0,8 V continuamos a observar que a Pt 60% se manteve com maiores potenciais tanto para oxidação catódica (corrente positiva) como para redução anódica (corrente negativa), fato que pode ser atribuído a formação de mais espécies oxigenadas na composição do catalisador de Pt 60% (TICIANELLI et al, 1998). As cronoamperometrias para eletro-oxidação do etanol nas ligas metálicas suportadas demonstram que se comparadas temos um melhor desempenho catalítico para o Sn47Co53, porém observamos que a platina 60% se manteve com maior corrente até aproximadamente 200 segundos e depois deste intervalo vemos que a liga de Sn47Co53 se manteve constante e tendo a maior corrente como mostrada na FIGURA 2, este fato pode estar associado por uma maior formação de acetaldeído pela oxidação do álcool, fato que não ocorre com a Platina uma vez que este metal reage com a molécula de álcool quebrando o mesmo, formando assim uma quantidade considerada de CO o qual é adsorvido e diminui suas propriedades.

Voltamograma Cíclico das Ligas de SnxCoy e Platina 60%

FIGURA 1. Voltamograma Cíclico da Pt 60% e Sn27C073, Sn47Co53, Sn71Co29, em solução 0,5 Mol/L de H2SO4 com velocidade de varredura de 50mV/s.

Cronoamperometria das ligas de SnxCoy e Platina 60%

FIGURA 2. Curvas Cronoamperometricas de eletroxidação de etanol sobre Pt 60% e Sn27Co73, Sn47Co53, Sn71Co29 em solução 0,5 Mol/L de etanol e H2SO4.

CONCLUSÕES: A partir das avaliações eletroquímicas, por voltametria cíclica e cronoamperometria, verificou-se que os catalisadores de Sn47Co53 apresentam os melhores desempenhos como ânodos de células a combustível do que as demais ligas de Sn27Co73 e Sn71Co29. Apesar do baixo desempenho no estudo da área eletroquímica ativa se comparado com a Platina, a liga de Sn47Co53 se apresentou melhor para eletro-oxidação do etanol no lado do ânodo podendo em potencial substituir a Platina. Os catalisadores de metais não nobres se tornam cada vez mais promissores à medida que, seus desempenhos forem aumentados.

AGRADECIMENTOS: Ao LeCaC pela disponibilidade para realização dos experimentos, a UFPA pelo incentivo e ao PARD pela bolsa de pesquisa.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: EDSON A. TICIANELLI*, GIUSEPPE A. CAMARA E LUÍS G. R. A. SANTOS. Eletrocatálise das reações de oxidação de hidrogênio e de redução de oxigênio. Química Nova,Vol. 28. No 4, 664-669, 2005.

GVOZDEN S. TASIC ¹, SCEPAN S. MILJANIC ², MILICA P. MARETA KANINSKI, DJORDJE P. SAPONJIC, VLADIMIR M. NIKOLIC. Non-noble metal catalyst for a future Pt free PEMFC. Electrochesmistry Communications, N. 11 (2009) 2097-2100.

MERCEDES H. VILLULLAS, EDSON A. TICIANELLI E ERNESTO R. GONZÁLEZ, Célula a combustível: energia limpa a partir de fontes renováveis, Química nova na escola, n. 15 2002.