ÁREA: Química Analítica

TÍTULO: Desenvolvimento de método para determinação de resíduos de agrotóxicos em mel utilizando extração por sonicação e HPLC/UV-DAD.

AUTORES: Souza, N.R.S. (UFS) ; Navickiene, S. (UFS)

RESUMO: Um método analítico foi desenvolvido para determinação de resíduos dos agrotóxicos coumafós, flumetralina, fluvalinato e piraclostrobina utilizando extração por sonicação e análise por HPLC/UV-DAD. As condições cromatográficas de análise foram: fase móvel constituída por ACN: H2O em modo gradiente, com vazão de 0,8 mL min-1 e como fase estacionária coluna Synergi RP-80A (250 x 4,6 mm, 5 μm). A sonicação foi utilizada como procedimento de extração dos agrotóxicos das amostras de mel, utilizando 4 mL da mistura DCM:ACN (1:1, v/v) e 0,5g de mel por 30 minutos. As porcentagens de recuperação variaram entre 70 e 104% para o nível de concentração de 2,5 μg g-1. O intervalo linear foi de 0,01 a 20 μg mL-1 e os coeficientes de correlação entre 0,9969 e 0,9999 para os agrotóxicos estudados.

PALAVRAS CHAVES: mel; agrotóxicos; sonicação

INTRODUÇÃO: O cultivo racional de abelhas para a produção de mel e derivados é uma atividade econômica em expansão. Neste âmbito, a produção nacional deixou de ser incipiente e voltada para o consumo local, colocando o país com relação ao mel como o 11º no ranking de produtores mundiais e o 5º em exportação (Brasil, 2011; Rangel, 2011). Um fator que contribui para este crescimento está relacionado à nutrição humana, pois o mel é facilmente absorvido pelo organismo em decorrência da sua composição química (Camargo, et al., 2006; Vilela, et al., 2003). A contaminação de produtos provenientes das abelhas pode estar relacionada com diferentes causas ou fontes, que podem surgir de práticas da apicultura ou do ambiente, os quais podem ser: metais (chumbo, cádmio e mercúrio), poluentes orgânicos, agrotóxicos, bactérias patogênicas e organismos geneticamente modificados (Bogdanov, 2005). A presença de resíduos de agrotóxicos em alimentos pode causar sérios riscos à saúde humana, tornando-se indispensável o estudo de metodologias analíticas para a determinação de agrotóxicos em mel (Giuochon, et al., 2004; Galli, et al., 2006). Apesar dos riscos, a Anvisa ainda não estabeleceu os limites máximos de resíduos de agrotóxicos para a matriz mel. Por outro lado, a literatura não descreve metodologia para a determinação de resíduos de agrotóxicos em mel, utilizando o procedimento de sonicação e análise por HPLC/UV-DAD.

MATERIAL E MÉTODOS: O método foi desenvolvido pesando-se uma alíquota de 0,5g de mel em uma balança analítica. Foram então adicionados 4 mL da mistura DCM:ACN (1:1 v/v) e o frasco foi colocado em banho ultrassônico por 30 minutos. Após o término do processo de sonicação, o solvente de extração foi evaporado em um evaporador rotatório (40ºC, 100 rpm) e o resíduo retomado em 1mL de ACN, que foi filtrado em membrana de Nylon. Uma alíquota de 20 μL foi analisada por cromatografia líquida de alta eficiência com detector espectrofotométrico com arranjo de diodos. A análise cromatográfica dos extratos e das soluções dos padrões certificados (Riedel-de-Haën) foi realizada em um cromatógrafo líquido modelo Prominence da marca Shimadzu (Quioto, Japão) composto por: Desgaseificador DGU-20A3, Sistema binário de bombas LC-6AD, Módulo de comunicação CBM-20A, Auto injetor SIL-20A e Detector espectrofotométrico com arranjo de diodos SPD-M20A.

RESULTADOS E DISCUSSÃO: Na otimização da metodologia, foram avaliados alguns parâmetros referente ao processo de extração e condições cromatográficas de análise. Desta forma, parâmetros tais como: tipo e volume do solvente de extração, tempo de sonicação, forma de homogeneização, gradiente de eluição no cromatógrafo, entre outras foram avaliadas, a fim de obter melhores valores de porcentagem de recuperação na extração dos resíduos no mel, bem como condições de análise simultânea satisfatórias para os agrotóxicos, como mostra a Tabela 1. Além disso, pode-se observar que o procedimento de extração é bastante seletivo, proporcionando uma quantidade mínima de interferentes facilitando a análise dos agrotóxicos, como pode ser observado na Figura 1. Desta forma, com condições cromatográficas otimizadas, foi realizado um estudo de recuperação prévio, considerando o nível de fortificação de 2,5 μg g-1 o qual permitiu a obtenção de valores de recuperação entre 70 e 104%.

Figura 1

Cromatograma que sobrepõe as análises das amostras: branco (preto), fortificado (verde) e solução de comparação (azul) no comprimento de onda 254nm.

Tabela 1

Tempo de retenção da análise cromatográfica dos agrotóxicos.

CONCLUSÕES: A metodologia proposta, utilizando extração por sonicação e análise por HPLC/UV-DAD, para a determinação de resíduos de coumafós, flumetralina, fluvalinato e piraclostrobina em mel mostrou-se simples, rápida e eficiente, apresentando excelentes valores de recuperação para o nível de fortificação de 2,5 µg g-1. Desta forma, considera-se uma metodologia bastante promissora, cujo processo de validação está em fase de finalização.

AGRADECIMENTOS: CNPq

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: BOGDANOV S. Contaminants of bee products. EDP Sciences, 2005.
BRASIL, PORTAL. 2011. brasil.gov.br. [Online] 2 de março de 2011. [Citado em: 20 de Dezembro de 2011.] http://www.brasil.gov.br/noticias/arquivos/2011/03/2/producao-de-mel-cresce-30-em-2010.
CAMARGO, RICARDO COSTA RODRIGUES DE, ET AL. Mel: Características e Propriedades. 1, Teresina : Embrapa Meio-Norte, 2006.
GALLI A, SOUZA D, GARBELLINI GS, COUTINHO CFB, MAZO LH, AVACA LA, MACHADO SAS. Quim Nova 29: nº1. 2006.
GIUOCHON GA, BEAVER LA.; Anal. Chim. Acta 2004, 524, 1.
RANGEL, ROGÉRIO. Mel brasileiro conquista o mercado externo. 10, 2011. http://www.finep.gov.br/imprensa/revista/edicao10 inovacao_em_pauta_10_apicultura.pdf.
VILELA, SÉRGIO LUÍS DE OLIVEIRA, ET AL. 2003. Embrapa. [Online] Julho de 2003. Acessado em 06 de julho de 2012. http://sistemasdeproducao.cnptia.embrapa.br/FontesHTML /Mel/SPMel/mel.htm#link8.