ÁREA: Química Analítica

TÍTULO: Síntese, propriedades térmicas e estudos espectroscópicos dos mandelatos de Mn(II), Fe(II) e Co(II) no estado sólido.

AUTORES: Gomes, D.J.C. (UNESP) ; Gigante, A.C. (UNESP) ; Caires, F.J. (UNESP) ; Ionashiro, M. (UNESP) ; Lima, L.S. (UNESP)

RESUMO: Mandelatos de Mn(II), Fe(II) e Co(II) foram sintetizados, caracterizados e investigados utilizando-se termogravimetria e calorimetria exploratória diferencial simultânea (TG-DSC), espectroscopia na região do infravermelho (FTIR) e complexometria. Os resultados permitiram estabelecer a estequiometria, estabilidade e comportamento térmicos desses compostos.

PALAVRAS CHAVES: metais de transição ; mandelatos; comportamento térmico

INTRODUÇÃO: O ácido mandélico (ácido α-hidroxifenil acético) C6H5CH(OH)CO2H, tem uma longa história de seu uso na medicina como agente antibacteriano, particularmente no tratamento de infecções urinárias [1]. Durante a revisão bibliográfica verificou- se que os trabalhos envolvendo os mandelatos de metais de transição bivalentes apresentam informações a respeito da estrutura [2], espectros de absorção na região do infravermelho [3], propriedades magnéticas [4]. Poucos estudos utilizando técnicas termoanalíticas foram encontrados na literatura.

MATERIAL E MÉTODOS: Os mandelatos (L) de Mn(II), Fe(II) e Co(II) foram obtidos misturando 100 ml de solução de mandelato de sódio 0,1 mol L-1 com 50 mL da solução dos respectivos íons metálicos 0,1 mol L-1. A mistura resultante foi mantida, por trinta minutos, sob agitação e aquecida até próximo à ebulição. Os precipitados formados foram lavados com água destilada até eliminação dos íons cloreto (Mn e Co) e sulfato (Fe), secos em estufa de circulação forçada a 50 °C durante 12 h e guardados em dessecador contendo cloreto de cálcio anidro. Os teores dos íons metálicos e dos ligantes foram obtidos a partir das curvas TG e também por complexometria com EDTA. Os espectros de absorção na região do infravermelho foram obtidos em espectrômetro Nicolet iS10 FTIR, utilizando acessório ATR com janela de germânio. As curvas TG-DSC simultâneas foram obtidas utilizando os sistemas TG-DSC 1Stare da Mettler Toledo, atmosfera dinâmica de ar seco com vazão de 50 mL min- 1, massa de amostra em torno de 10 mg, razão de aquecimento de 10 °C min-1 em um cadinho de α-alumina.

RESULTADOS E DISCUSSÃO: Os espectros de absorção na região do infravermelho mostram que os estiramentos assimétricos νas(COO-), ν(OH) e ν(C-OH) estão deslocados para menores energias em relação ao observado no ácido livre, como apresentado na Tabela 1, isto sugere que a coordenação do ligante aos centros metálicos ocorre através do grupo hidroxila e de um oxigênio do grupo carboxila, sugerindo o modo de coordenação como bidentado- quelante. No MnL2 as perdas de massa ocorrem em duas etapas entre 160-250 °C e 250-320 °C com perdas de 65,215% e 12,69%, respectivamente, correspondendo aos picos exotérmicos em 250 °C e 310 °C na curva DSC, que são atribuídos à oxidação da matéria orgânica. A perda de massa até 320 °C está de acordo com a formação de Mn3O4 como resíduo final (Calc=78,65%; TG=77,90%; EDTA = 78,12%). No FeL2 as perdas de massa ocorrem em quatro etapas entre 80-195 °C, 195-230 °C, 230-330 °C e 330-345 °C, com perdas de 29,32%, 18,40%, 17,79% e 12,10%, respectivamente, correspondendo aos picos exotérmicos em 195 °C, 210 °C e 340 °C na curva DSC, que são atribuídos à reação de oxidação do Fe(II) a Fe(III) e também a oxidação do ligante. Indício de eventos térmicos em correspondência a terceira perda de massa sugere que reações endotérmicas e exotérmicas devem estar a ocorrendo simultaneamente. A perda de massa até 345 °C está de acordo com a formação de Fe2O3 como resíduo final (Calc=77,70%; TG=77,61%; EDTA = 77,91%). No CoL2 as perdas de massa ocorrem em duas etapas entre 230-335 °C e 335-400 °C com perdas de 62,58% e 15,14%, respectivamente, correspondendo aos picos exotérmicos em 330 °C e 355 °C na curva DSC, atribuídos à oxidação do ligante. A perda de massa até 400 °C está de acordo com a formação de Co3O4 como resíduo final (Calc = 77,78%; TG = 77,72 %; EDTA = 77,11%).

Figura 1

Curvas TG-DSC simultâneas dos compostos. (a) MnL2 (m=10,0600 mg), (b) FeL2 (m= 10,0190 mg), (c) CoL2 (m = 10,0440 mg).

Figura 2

Dados espectroscópicos obtidos na região do infravermelho médio do ácido mandélico e de seus compostos com alguns íons metálicos bivalentes.

CONCLUSÕES: Os resultados da complexometria e das curvas TG permitiram estabelecer a estequiometria desses compostos. Os espectros de absorção na região do infravermelho permitiram sugerir que os íons metálicos são coordenados pelos grupos hidroxila e carboxila. As curvas TG-DSC simultâneas permitiram verificar que os compostos foram obtidos no estado anidro e que a decomposição térmica ocorre em duas ou quatro etapas com perda de massa em intervalos de temperatura característicos de cada composto.

AGRADECIMENTOS: Os autores agradecem a FAPESP, CNPQ e CAPES pelo seu apoio financeiro.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: [1] Putten, P.L. Antonie Van Leeuwenhoek 45(1975) 622-3.
[2] Fischinger, A.; Sarapu, A.; Companion, A. Can. J. Chem. 47 (1963) 2929-37.
[3] Khadikar, P.U. Chauhan, S. D. Kekre, M. G. Ameria, R. L. Sci Culture 37 (10) (1971) 491-2.
[4] Inorg. Chem. (2005) 662-9.