ÁREA: Química Analítica

TÍTULO: Influência da retenção de água no perfil físico-químico do biodiesel metílico de soja por um período longo de estocagem.

AUTORES: Trevisan, N. (UFMT) ; Oliveira, J.C.M. (UFMT) ; Silva, E.J. (UFMT) ; Terezo, A.J. (UFMT) ; Stachack, F.F.F. (UFMT) ; Farinon, P.A.M. (UFMT) ; Nogueira, A.M. (IFMT) ; Silva, G.L.R. (IFMT)

RESUMO: A cadeia produtiva do biodiesel contempla diversas etapas entre sua produção e uso, e dentre estas o armazenamento é apontado como uma etapa crucial demandando a ausência de luz, ar e água. Este trabalho propõe avaliar a influência da água absorvida no biodiesel durante um período longo de estocagem. Avaliou-se semanalmente a massa especifica a 20 ºC, a viscosidade cinemática a 40 ºC, a estabilidade à oxidação a 110ºC e o teor de água durante o período estudado. Estatisticamente não houve variação significativa para a viscosidade cinemática a 40 ºC nas amostras estudadas, no entanto observa-se o inverso com relação à massa especifica a 20ºC. A presença de antioxidantes pode manter a estabilidade oxidativa do biodiesel sob elevada taxa de hidratação.

PALAVRAS CHAVES: biodiesel; estabilidade oxidativa; estocagem

INTRODUÇÃO: A Agência Nacional de Petróleo, Biocombustíveis e Gás Natural (ANP) estabelece as especificações de qualidade do biodiesel e regula a sua comercialização na forma de leilões sazonais para garantir que a demanda legal seja cumprida (ANP, 2012). Da produção até o uso de 5 % (V/V) no óleo diesel mineral há uma logística consolidada da cadeia produtiva do biodiesel que contempla as etapas de armazenamento, certificação, transporte e distribuição. A entrega desse biocombustível às refinarias e/ou distribuidoras, que farão a mistura do produto ao óleo mineral, não ocorre de maneira dinâmica, podendo haver atrasos logísticos e períodos prolongados de armazenamento na base industrial. Estes percalços ensejam a avaliação da presença de luz, ar, oxigênio e água, durante a estocagem, para que esses fatores não concorram ou contribuam para a aceleração da degradação do biocombustível. Neste contexto, analisaremos a influência da retenção de água no perfil químico e físico do biodiesel metílico de soja.

MATERIAL E MÉTODOS: Duas amostras de biodiesel metílico de soja (F e G) de distintas regiões de Mato Grosso foram acondicionadas em frascos de vidro âmbar de um litro num local com temperatura e umidade relativa do ar monitoradas com média de 25,6 °C e 80 %, respectivamente. As amostras estocadas foram expostas à presença de luz e contato direto com correntes de ar. Aproximadamente, durante dois meses e meio estas foram monitoradas e tiveram alíquotas coletadas uma vez por semana e foram analisadas suas propriedades físicas e químicas através dos parâmetros e métodos mencionados na Tabela 1:

RESULTADOS E DISCUSSÃO: Com base na Figura 1, pode-se inferir que a hidratação natural do biodiesel influencia diretamente sua estabilidade a oxidação. A amostra G manteve sua estabilidade oxidativa mesmo com elevada hidratação e este fato possivelmente se correlaciona com a presença de antioxidantes remanescentes da matéria-prima ou adicionados no armazenamento. No entanto ao término do estudo, observou-se que a amostra F apresentou-se em acelerado estado oxidativo. Há relatos na literatura de que a taxa de saturação da hidratação do biodiesel armazenado por um curto e médio prazo está acima de 1000 mg/kg (TREVISAN et al., 2011 e TREVISAN et al., 2012), fato este que também pode ser evidenciado por um período prolongado de estocagem conforme mostrado na Figura 1. Notou-se que a variabilidade dos dados de massa especifica a 20 ºC e viscosidade cinemática a 40 ºC, durante o estudo, foi significativa estatisticamente (Fcalculado > Ftabelado) apenas para a primeira característica em ambas amostras e a hipótese nula (Fcalculado < Ftabelado) confirmou-se para a segunda propriedade também para ambas amostras conforme Tabela 2.

Procedimentos analíticos utilizados

Procedimentos analíticos utilizados

resultados

dados experimentais

CONCLUSÕES: Nas condições experimentais abordadas verificou-se que a retenção de água influenciou o perfil físico-químico do biodiesel armazenado por um período prolongado. Pode-se deduzir que a taxa de saturação de água foi maior que 1000 mg/kg para ambas amostras estudadas e a presença de antioxidantes manteve a estabilidade a oxidação da amostra G sob elevada hidratação. A viscosidade cinemática a 40 ºC não sofreu estatisticamente variação significativa para nenhuma das amostras enquanto que a massa especifica a 20 ºC apresentou variabilidade significativa estatisticamente para ambas amostras.

AGRADECIMENTOS: SECITEC/FINEP (01.08.0651.00), CNPq e ANP (7.026/10-ANP-014837)

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: AGÊNCIA NACIONAL DE PETRÓLEO, GÁS NATURAL E BIOCOMBUSTIVEIS,. Resolução ANP n. 14 de 18 de maio de 2012. Disponível em: <www.anp.gov.br>. Acesso em: 25 de junho de 2012.

TREVISAN, N.M.; OLIVEIRA, J.C.M.; SILVA, E.J.; TEREZO, A.J.; FERNANDES C.H.M.; COUTO E.M.; HOSHINO T.T.; GOULART L.A. 2011. Influência da retenção de água na estabilidade do biodiesel. In: 51º Congresso Brasileiro de Química.

TREVISAN, N.M.; OLIVEIRA, J.C.M.; SILVA, E.J.; TEREZO, A.J.; STACHACK, F.F.F. 2012. A influência da hidratação do biodiesel na estocagem por um curto período. In: 5º Congresso da Rede Brasileira de Tecnologia de Biodiesel e 8º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel.