ÁREA: Química Analítica

TÍTULO: CARACTERÍSTICAS FÍSICO-QUÍMICAS DE DIFERENTES MARCAS DE ÁGUA DE COCO INDUSTRIALIZADA E COMERCIALIZADA EM CUIABÁ, MATO GROSSO.

AUTORES: Oliveira, J.C. (IFMT) ; Coringa, E.A.O. (IFMT) ; Arruda, G.L. (IFMT)

RESUMO: O presente trabalho teve como objetivo verificar a qualidade físico-química da água de coco industrializada comercializada na cidade de Cuiabá/MT. Observou-se que a água de coco das marcas C, D, E e F apresentaram valores próximos ao do pH do coco natural (4,91), e todas as marcas estão de acordo com o valor de pH mínimo permitido pela legislação brasileira. Com relação à condutividade elétrica, a água de coco das marcas B, D e F apresentaram maiores valores para essa variável (acima de 6,0 mS/cm), estando, portanto, mais concentradas em eletrólitos que as demais marcas analisadas. O teor de sólidos solúveis totais (SST) apresentou pouca variação entre as amostras analisadas, com valor médio igual a 5,32±0,32 ºBrix, de acordo com o padrão de identidade e qualidade para o produto.

PALAVRAS CHAVES: água de coco; qualidade físico-química; pH

INTRODUÇÃO: A água de coco é uma bebida saborosa, nutritiva e pouco calórica, e por isso, a grande preocupação das indústrias é o desenvolvimento de processos e embalagens que permitam a manutenção das características nutricionais e o sabor da água de coco (EMBRAPA, 2011). Segundo os Padrões de Identidade e Qualidadeda água-de-coco descritos na Instrução Normativa nº 39 (BRASIL, 2002), a água de coco é definida como “bebida obtida da parte líquida do fruto do coqueiro (Cocusnucifera L.), por meio de processo tecnológico adequado, não diluído e não fermentado”. Pode ser classificada como in natura, esterilizada, congelada, resfriada, concentrada e desidratada. Todas as águas comercializadas devem possuir características sensoriais de aspecto, cor, sabor e odor característicos, e estarem dentro dos parâmetros físico químicos, com acidez fixa em ácido cítrico (g/100 mL), pH com o mínimo de 4,3 e sólidos solúveis (em ºBrix a 20ºC) com o máximo de 7,0 (BRASIL, 2002). Já para o CodexAlimentarius, a água-de-coco está enquadrada nos padrões para suco de fruta, sendo regularizada por meio dos Padrões Gerais para Sucos e Néctares de Frutas (FAO/WHO,2005). Nesse contexto, este trabalho objetivou caracterizar cinco marcas de água de coco verde produzidas comercialmente e envasadas assepticamente, por meio da determinação do pH, da condutividade elétrica e da percentagem de sólidos solúveis totais (SST), a fim de fornecer informações sobre a qualidade das águas de coco comercializadas na cidade de Cuiabá, MT.

MATERIAL E MÉTODOS: Foram analisadas cinco diferentes marcas de água de coco adquiridas nos estabelecimentos comerciais da cidade de Cuiabá-MT. De cada amostra foram retiradas alíquotas de 0,25 L, após homogeneização, que foram submetidas às análises de pH, condutividade elétrica e teor de sólidos solúveis totais. Para realização dessas determinações foram utilizadas as seguintes metodologias, segundo os procedimentos da AOAC (1992) e do Instituto Adolfo Lutz (1985): pH – determinado pelo método potenciométrico em um medidor de pH da marca MARTE pH (MB - 10®), calibrado conforme instruções do fabricante utilizando soluções tampão de pH 4 e 7; condutividade elétrica – pelo método condutimétrico em um medidor de condutividade da marca HYDROSAN HY - 150®, calibrado conforme instruções do fabricante com solução tampão 146,9µS/cm; teor de sólidos solúveis totais SST em °Brix determinado por refratometria, em um refratômetro portátil da marca ATAGO. As medidas de cada análise foram realizadas na amostra pura, sem diluição. Todas as determinações foram feitas em triplicata, e os resultados expressos como a média e desvio padrão.

RESULTADOS E DISCUSSÃO: Os valores de pH variaram de 4,46 a 5,14 unidades, a uma temperatura de 25 ºC. Segundo ARAGÃO et al. (2001), o pH da água-de-coco varia de acordo com a idade do fruto, sendo que, quando da idade de 5 meses, o pH encontra-se em torno de 4,7 a 4,8, elevando-se acima de 5 até o final do crescimento do fruto. Quanto à condutividade elétrica, os valores variaram de 4,13 a 6,53 a uma temperatura de 26 ºC. Esta variável representa a concentração iônica contida no produto (eletrólitos), e segundo Jackson et al. (2004), a interação da variedade e os estádios de maturação têm um efeito significante na composição da água-de- coco. O potássio é o eletrólito mais abundante e, durante a maturação do fruto, sua concentração aumenta juntamente com o sódio, enquanto que o cálcio, magnésio, cloreto, ferro e cobre apresentam-se estáveis durante o processo de maturação do fruto (ARAGÃO et al., 2001). A água-de-coco contém açúcares dissolvidos, principalmente a sacarose e glicose, que variam com o grau de maturação do fruto (MAGDA, 1992). O conhecimento dos níveis desses açúcares na água associado à idade do fruto é de fundamental importância para se determinar a melhor época de colheita quando o fruto se destina ao mercado consumidor como coco verde, onde a água é o principal produto e, conseqüentemente, sendo o sabor da mesma o principal atributo de avaliação (SREBERNICH, 1998). Neste trabalho, o teor de sólidos solúveis totais esteve entre 4,82 a 5,32 ºBrix, apresentando pouca variação entre as amostras analisadas, com valor médio igual a 5,32±0,32 ºBrix, de acordo com o padrão de identidade e qualidade para o produto (BRASIL, 2002), que estabelece um mínimo de 7,0 ºBrix.

Tabela 1.

Resultados das características físico-químicas de diferentes marcas de água de coco comercializadas em Cuiabá, MT.

CONCLUSÕES: As cinco marcas de água de coco obtidas por processamento asséptico atenderam aos padrões físico-químicos previstos na legislação. Os resultados encontrados estão dentro de uma precisão aceitável, pois não houve variação significativa entre os valores obtidos conforme desvio padrão e coeficiente de variação encontrado.

AGRADECIMENTOS:

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: ARAGÃO, W. M.; ISBERNER, I.V.; CRUZ, E.M. O.2001. Água-de-coco. Aracaju: Embrapa CPATC/ Tabuleiros Costeiros. (Série Documentos 24).

ASSOCIATION OF OFFICIAL ANALYTICAL CHEMISTS.1992. Official methods of analysis of the Association of Official Analytical Chemistry. 12. ed. Washington, 1115 p.

BRASIL; Empresa Brasileira de Pesquisa e Agropecuária. 2011. Evolução da produção de coco no Brasil e o comércio internacional - Panorama 2010. Aracaju, 32 p.

BRASIL. 2002. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Instrução Normativa nº39, de 29 de Maio de 2002.

FAO/WHO.CodexAlimentarius Commission.2005. Twenty-Eighth Session Rome, Italy, 4 - 9 July 2005. Report of the fourth session of the Ad Hoc Codex Intergovernmental Task Force on Fruit and Vegetable Juices.ALINORM 05/28/39.

JACKSON, J.C.; GORDON, A.; WIZZARD, G.; McCOOK,K.; ROLLE, R. 2004.Changes in chemical composition ofcoconut (Cocosnucifera) water during maturation of thefruit. Journal of the Science of Food and Agriculture,9:1049-1052.

MAGDA, R. R. 1992. Coco soft drink: health beverage fromcoconut water. Food Marketing and Technology, 6:22-23.

SREBERNICH, S. M. 1998.Caracterização física e química daágua de fruto de coco (Cocos nucifera), variedadesgigante e híbrido PB-121, visando o desenvolvimentode uma bebida com características próximas às da água de coco.Tese (Doutorado) - Universidade Estadualde Campinas, Campinas.