ÁREA: Química Analítica

TÍTULO: DETERMINAÇÃO SIMULTÂNEA DE AGROTÓXICOS EM ÁGUA USANDO MICROEXTRAÇÃO EM GOTA ÚNICA (MEGU) E CROMATOGRAFIA GASOSA (CG-DCE)

AUTORES: Carlos, E.A. (IF SUL DE MINAS) ; Alves, R.D. (UFV) ; Neves, A.A. (UFV) ; Queiroz, M.E.L.R. (UFV)

RESUMO: Um método para determinação simultânea de 14 agrotóxicos em água foi otimizado e validado utilizando microextração em gota única e cromatografia gasosa. As variáveis experimentais incluindo solvente orgânico, volume da microgota, tempo de extração, volume de amostra, velocidade de agitação e adição de sal foram avaliados. Coeficientes de variação entre 9 e 21% e recuperações relativas entre 71 e 107% indicaram boa precisão e exatidão do método. O protocolo desenvolvido também apresentou boa linearidade com coeficientes de correlação maiores que 0,99. Os limites de detecção dos analitos de interesse estão entre 0,003 e 0,6 μg L-1, todos abaixo do respectivo nível de contaminação máximo permitido. Amostras de água potável foram analisadas não sendo observada nenhuma contaminação.

PALAVRAS CHAVES: MEGU; agrotóxicos; cromatografia gasosa

INTRODUÇÃO: A exigência de baixos níveis de concentração para uma diversidade de agrotóxicos que devem ser monitorados em água potável tem impulsionado o desenvolvimento de métodos analíticos que permitam a análise multirresíduo desses compostos, com elevada sensibilidade. A microextração em gota única (MEGU) (JEANNOT et al., 1996) é uma técnica de preparo de amostra para análise cromatográfica que vem ganhando destaque atualmente por reduzir drasticamente o consumo de solvente orgânico e proporcionar elevado fator de concentração, além de integrar extração e injeção e causar baixo impacto ambiental (PINHEIRO et al., 2011). Esta técnica consiste em manter uma microgota de um solvente imiscível em água suspensa na ponta da agulha de uma microsseringa imersa em uma amostra aquosa sob agitação. Os analitos são transferidos da solução aquosa para a fase orgânica, e, após um determinado período de tempo, a microgota é recolhida para dentro da microsseringa e introduzida diretamente no sistema cromatográfico para análise. O objetivo deste trabalho foi adaptar um método de preconcentração de 14 agrotóxicos em amostras de água por MEGU e cromatografia gasosa com detector por captura de elétrons (CG-DCE) e proporcionar uma ferramenta sensível e rápida para o monitoramento ambiental desses contaminantes. O método, depois de otimizado e validado, foi aplicado para a determinação simultânea de organoclorados e piretroides em água potável.

MATERIAL E MÉTODOS: As análises foram realizadas em um cromatógrafo a gás Shimadzu, modelo 2014, equipado com detector por captura de elétrons. As separações cromatográficas foram realizadas em uma coluna capilar Rtx-5MS (30 m x 0,25 mm d.i. e 0,25 μm de espessura de filme). A coluna, mantida inicialmente a 150 ºC por 1 min, foi aquecida a 30 ºC/min até 200 °C, seguida de rampa de 3 ºC/min até 240 °C, e finalmente rampa de 20 ºC/min até 290 °C, sendo esta temperatura mantida por 6 min. O nitrogênio foi usado como gás de arraste a uma vazão de 1,0 mL min-1. As temperaturas do injetor e detector foram mantidas em 280 ºC e 300 ºC, respectivamente. Todas as injeções foram feitas no modo split com divisão de fluxo de 1:5. Foram empregados neste trabalho dez padrões de agrotóxicos organoclorados: aldrin, DDT, heptacloro, heptacloro hepóxido, dieldrin, endossulfam, endrin, lindano, metoxicloro e hexaclorobenzeno e quatro de piretroides: cipermetrina λ-cialotrina, permetrina e deltametrina, todos de elevada pureza. A amostra de água destilada fortificadas com organoclorados e piretroides nas concentrações de 1 e 40 μg L-1, respectivamente, foi colocada em um frasco de vidro de 15 mL de capacidade, equipado com barra magnética e septo de silicone. Uma microsseringa de 10 μL com agulha de aço contendo n-hexano foi introduzida no frasco e a ponta da agulha foi submersa na amostra aquosa e o êmbolo foi lentamente empurrado, expondo a microgota na solução. Uma microgota de 1,6 μL foi mantida em contato com a amostra, a qual foi agitada a 380 rpm durante 15 minutos a 20 ºC. Após extração, 1,0 μL da microgota foi coletado e injetado diretamente no CG-DCE. Antes de cada extração a microseringa foi lavada com solvente orgânico para assegurar uma limpeza completa e remoção de bolhas.

RESULTADOS E DISCUSSÃO: As condições cromatográficas otimizadas para análise simultânea de 14 agrotóxicos permitiu a completa separação de todos os analitos em 25 minutos. No processo de otimização do método, algumas variáveis foram avaliadas univariadamente. A Tabela 1 apresenta a ordem em que os experimentos foram executados, as variáveis e suas combinações na otimização da MEGU. Os melhores desempenhos de cada variável foram considerados pelas respostas cromatográficas obtidas e pela sua influência na estabilidade da microgota. As principais figuras de mérito foram avaliadas e os parâmetros foram determinados seguindo as recomendações do International Conference on Harmonization (ICH, 2005). Na Tabela 2 estão apresentados os resultados obtidos para cada analito estudado. Os limites de detecção (LD) de todos os analitos são inferiores aos respectivos limites máximos permitidos (LMP) em água potável, estabelecidos pela legislação brasileira (BRASIL, 2011) e internacional (WHO, 2008). Os compostos com os LMP mais restritivos (0,03 μg L-1) são o aldrin, dieldrin, heptacloro e heptacloro epóxido. Para estes compostos foram obtidos LQ três vezes menores do que o LMP, exceto para o aldrin cujo LQ é igual ao LMP. Para os demais analitos de interesse os LQ obtidos são pelo menos dez vezes menores do que o LMP. Estes resultados indicam que o método apresenta sensibilidade adequada para o monitoramento da qualidade da água potável com relação aos agrotóxicos avaliados neste estudo. O método proposto foi aplicado em água potável coletada em três pontos da Rede de Distribuição da Estação de Tratamento de Água da Universidade Federal de Viçosa. Os resultados mostraram que estas estavam livres da contaminação por agrotóxicos organoclorados e piretroides.









CONCLUSÕES: A técnica MEGU/CG-DEC é adequada para determinar organoclorados e piretroides em água potável. Considerando a redução drástica do volume de solvente utilizado, fator de concentração e integração entre extração/concentração e injeção, este protocolo pode ser uma ferramenta útil para verificação dos níveis de agrotóxicos presentes na água destinada ao consumo humano. O método é preciso, exato e linear, além de ser rápido, simples e exigir um menor volume de solvente orgânico. O método proposto pode ser aplicado com sucesso para o monitoramento ambiental.

AGRADECIMENTOS: Os autores agradecem ao Prof. Cláudio Ferreira Lima pelo suporte técnico, à FAPEMIG e ao CNPq pelo suporte financeiro.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: BRASIL, 2011. Procedimentos de controle e de vigilância da qualidade da água para consumo humano e seu padrão de potabilidade. Portaria nº 2914, de 12 de dezembro de 2011, Ministério da Saúde, Brasília.
JEANNOT, M. A.; CANTWELL, F. F. 1996. Solvent microextraction into a single drop. Analytical Chemistry, 68: 2236-2240.
ICH, 2005. Validation of Analytical Procedures: Text and Methodology, Q2(R1). International Conference on Harmonization, Geneva.
PINHEIRO, A. S.; ROCHA, G. O.; ANDRADE, J. B. 2011. A SDME/GC-MS methodology for determination of organophosphate and pyrethroid pesticides in water. Microchemical Journal, 99: 303-308.
WHO, 2008. Guidelines for Drinking Water Quality. World Health Organization, Geneva.