ÁREA: Química Analítica

TÍTULO: Controle de Qualidade em paracetamol matéria-prima.

AUTORES: Silveira, R. (UPF) ; Ortiz, J. (UPF)

RESUMO: O presente estudo buscou, através da pesquisa e de métodos experimentais, realizar o controle de qualidade do paracetamol, matéria-prima, utilizado na produção de medicamentos manipulados em uma farmácia de manipulação na Região Norte do Rio Grande do Sul. O controle de qualidade é realizado para que seja verificado o cumprimento das especificações constantes nos compêndios oficiais, Farmacopeias, neste caso, Farmacopeia Brasileira, garantindo a qualidade aos pacientes. Os experimentos foram realizados nos laboratórios do Instituto de Ciências Exatas e Geociências (ICEG) da Universidade de Passo Fundo (UPF). Os ensaios foram realizados de acordo com a monografia descrita na Farmacopeia Brasileira de 1988 para o medicamento paracetamol.

PALAVRAS CHAVES: manipulação; paracetamol; controle de qualidade

INTRODUÇÃO: Os medicamentos têm por função promover a prevenção, o tratamento e a cura de doenças. Desta forma a manipulação de um medicamento é de suma importância para a qualidade de vida da população. Na etapa de produção dos medicamentos, sejam eles manipulados ou industrializados, é preciso à garantia da qualidade do produto. Principalmente para a obtenção da matéria-prima, na qual se encontra o princípio ativo. O setor de manipulação vem crescendo nos últimos anos devido ao aumento na procura destes setores pela facilidade na produção individual e específica para cada usuário. É a qualidade diferenciada de cada empresa que garante a ascensão no mercado ou não. A qualidade deve ser dobrada na hora da produção dos medicamentos e produtos manipulados, bem como na obtenção da matéria-prima para minimizar e descartar erros e imprudências que coloquem em risco a vida do consumidor. Devido ao pequeno porte destas farmácias, as análises de controle de qualidade realizadas são simples e muitas vezes realizadas por laboratórios terceirizados. Por mais que as empresas fornecedoras de matérias-primas sejam qualificadas, algumas vezes este fator não é suficiente. Realizar as análises cabíveis pelos laboratórios de manipulação nas matérias-primas obtidas é um dos principais fatores para garantia da qualidade do produto final.

MATERIAL E MÉTODOS: Mediu-se 0,15 g de amostra e adicionou-se 50 mL da solução de hidróxido de sódio 0,1 mol L-1. Dissolveu-se a amostra e transferiu-se a solução para erlenmeyer de 250 mL. A este erlenmeyer adicionou-se mais 100 mL de água ultrapura. Agitaram- se as soluções mecanicamente por 15 minutos. Após, as soluções foram transferidas para balão volumétrico de 200 mL, identificados como 1, 2 e 3, onde se adicionou água ultrapura até o volume final. Homogeneizaram-se as soluções as quais foram filtradas em filtro comum, para erlenmeyers de 250 mL. Deste filtrado retirou-se 10 mL de cada e transferiram-se para balões volumétricos de 100 mL identificados como 1, 2 e 3. Os volumes foram completados até o final com adição de água ultrapura. As soluções foram homogeneizadas e fez-se o acerto dos meniscos. Pipetou-se destas soluções mais 10 mL, sendo estas quantidades transferidas para balões volumétricos de 100 mL, identificados como 1, 2 e 3. Adicionou-se, em cada balão, 10 mL da solução de hidróxido de sódio 0,1 mol L-1 e completaram-se os volumes finais dos balões com água ultrapura. Para preparação da solução padrão de comparação utilizando a Substância Química de Referência da Farmacopeia Brasileira para o paracetamol mediu-se 0,0075 g de paracetamol padrão em balança analítica. Adicionou-se pequena quantidade de hidróxido de sódio 0,01 mol L-1 para solubilização. Transferiu-se esta solução para balão volumétrico de 100 mL e completou-se o volume final com hidróxido de sódio 0,01 mol L-1. Homogeneizou-se e fez-se o acerto do menisco. A medida das absorvâncias foi feita em espectrofotômetro UV-VIS de feixe simples (Femto, Brasil) utilizando comprimento de onda de 257 nm e como branco a solução de hidróxido de sódio 0,01 mol L-1 para ajuste do zero.

RESULTADOS E DISCUSSÃO: O ensaio de doseamento é o principal dentro das análises de controle de qualidade para medicamentos. É o doseamento que permite obter o teor de princípio ativo em determinada substância. Se, determinada matéria-prima não passar nos parâmetros de doseamento, a mesma estará reprovada. Para realização dos cálculos de obtenção do teor de princípio ativo utilizou-se os seguintes dados: A (1%, 1cm) = 715, em 257 nm (Farmacopeia brasileira, 2001), através da média e desvio padrão enconstrados para as medidas de absorvâncias listadas na tabela 01. O ensaio de doseamento apresentou valores inferiores ao esperado, obtendo-se 93,9 e 97,3% de teor de principio ativo, calculados de acordo com os resultados encontrados (dois experimentos em dias diferentes). Os valores descritos na monografia da Farmacopeia brasileira(1988) indica que os valores deveriam estar entre 98% e 101%, o que indica a reprovação da matéria-prima.

Tabela 01: Medida das absorvâncias para o ensaio de doseamento.

As medidas foram feitas em triplicata (três amostras), as quais foram comparadas com o padrão certificado. Realizaram-se dois ensaios para comparação.

CONCLUSÕES: Com ênfase no doseamento por ser o principal ensaio de qualidade, percebe-se que mesmo a matéria-prima passando nos resultados dos ensaios básicos, ela não é uma matéria-prima de qualidade já que não atingiu o limite mínimo de teor de princípio ativo. Sendo assim, as análises feitas nos laboratórios de manipulação não são suficientes para garantir a qualidade da matéria-prima. A partir da realização do projeto verifica-se que para garantia da qualidade eficiente deve-se implantar, principalmente, o ensaio de doseamento dentro das farmácias de manipulação.

AGRADECIMENTOS: A prof.ª Msc. Janaina Ortiz pela orientação e conhecimentos repassados, a prof.ª Msc. Clóvia Mistura e a toda equipe do ICEG da UPf pelo auxílio.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: FARMACOPÉIA BRASILEIRA. Métodos Farmacopêicos. 4ª ed., p. V.1.1-V. 3.2.1, São Paulo: Atheneu, 1988.

_______. Paracetamol. 4ª ed., p. 167, São Paulo: Atheneu, 2001.

SANTORO, Maria Inês R. M. Introdução ao controle de qualidade de medicamentos. Atheneu Editora São Paulo. Editora da Universidade de São Paulo, 1988.

SILVA, Penildon. Farmacologia. Copyright©, 1994, Rio de Janeiro – RJ.