ÁREA: Ambiental

TÍTULO: UTILIZAÇÃO DE PVC REAPROVEITADO DE APARAS DE BLISTER COMO SUBSTITUINTE DE AGREGADO MIUDO E ADITIVO AO CONCRETO

AUTORES: Azevedo, R.B. (UNUCET/UEG) ; Leandro, P.H.M. (UNUCET/UEG) ; Goetz, C.M. (UNUCET/UEG)

RESUMO: A questão ambiental vem ocasionando grande preocupação o que faz da reciclagem de resíduos a principal alternativa para a diminuição da degradação ambiental. Este trabalho tem como objetivo um estudo de viabilidade do uso de PVC reaproveitado do Blister como substituinte e aditivo ao agregado miúdo do concreto. Foram estudadas as propriedades do PVC bem como a dos outros materiais necessários. A análise dos resultados permite concluir que a substituição em 3% da areia por PVC moído aumenta em 7,4% a resistência com relação ao traço básico, enquanto que a adição de 5%, 10% e 15% de PVC no concreto diminui a resistência em 8,6%, 25,1% e 37,0% respectivamente, o que inviabiliza as duas últimas adições, mas com a primeira o concreto ainda fica dentro da faixa de aceitabilidade.

PALAVRAS CHAVES: reuso; Blister; material de construção

INTRODUÇÃO: Blister é um tipo de embalagem farmacêutica, muito utilizada nos dias atuais, composta por 85% de policloreto de vinila (PVC) e 15% de alumínio. Entre as explicações para o seu grande uso atual está a vantagem do paciente poder ver o tamanho da dose que está sendo administrada e também o fato de que o restante do medicamento vai continuar preservado dentro da embalagem. (CASTRO,A.T.P;2008). As indústrias farmacêuticas geralmente terceirizam o processo de reciclagem das aparas de blister utilizado em sua linha de produção, já que ele é um resíduo Classe IIA. O PVC é obtido das aparas de blister através do método otimizado por Oliveira em 2011, e foi utilizado como aditivo e como substituinte de agregados miúdos do concreto. O concreto é resultado de uma mistura de agregados graúdos (brita) e miúdos (areia) envolvidos por uma pasta de cimento, água e espaços de ar. (BAUER, 2010). O concreto ao ser misturado deve permitir o manuseio em fôrmas e com o passar do tempo reações ocorrem entre a pasta e os agregados adquirindo coesão e resistência. (PETRUCCI, 1998). Para a utilização dos agregados são necessários ensaios com a finalidade de definir suas características, estes ensaios e suas formas de execução são definidos pela ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas). As propriedades do concreto irão variar de acordo com as propriedades e quantidades dos materiais utilizados, a dosagem do concreto ou traço é o estabelecimento das proporções dos materiais para atender as características do concreto desejado. (ALVES, 2006). Os aditivos são produtos não indispensáveis à composição do concreto, que quando colocados em pequenas quantidades em argamassas e concretos conseguem modificar e ou melhorar algumas propriedades seja no estado fresco ou endurecido. (BAUER, 2010).

MATERIAL E MÉTODOS: Este trabalho foi desenvolvido nos laboratórios da UnUCET/UEG em Anápolis-GO. As aparas de blister foram doadas por uma indústria farmacêutica do Distrito Agro-Industrial de Anápolis. O material foi triturado em um moinho de facas Marconi e para a separação do PVC utilizou-se uma solução de NaOH da marca Vetec. O cimento utilizado foi o CP IV- 32 RS, caracterizado conforme o fornecedor. Para o agregado miúdo, (areia natural) foram determinadas: composição granulométrica (NBR 7217/87), massa unitária (NBR 7251/82), massa específica por meio do frasco de Chapman (NBR 9776) e determinação do inchamento (NBR 6467/87). Para o agregado graúdo, brita, foram determinadas: composição granulométrica (NBR 7217/87), massa unitária (NBR 7251/82), absorção e massa específica (NBR 9937/87). Para o PVC moído foram realizados estudos da composição granulométrica e suas massas especifica e unitária. O PVC moído foi utilizado após a obtenção do traço e adicionado durante a mistura do concreto na betoneira em: a) em substituição ao agregado miúdo, na proporção de 3%; b) Como aditivo ao concreto sobre a massa de areia a ser inserida na preparação do concreto nas proporções de 5%, 10% e 15%. Para a moldagem dos corpos de prova utilizou-se moldes cilíndricos de dimensões 10x20cm, concha e haste de socamento, todos de aço. O procedimento foi realizado conforme a NBR 5738. A resistência à compressão axial foi realizada em prensa EMIC atendendo as exigências da NBR 7215/96, para as idades de 7, 21 e 28 dias sendo rompidos dois corpos de prova para cada idade. O teste de compressão diametral foi realizado em uma máquina EMIC seguindo a NBR 7222/94; este ensaio foi realizado em corpos de prova com idade de 28 dias, sendo rompidos dois corpos de prova para cada traço.

RESULTADOS E DISCUSSÃO: O alumínio reagiu com o hidróxido de sódio, possibilitando a separação do PVC. Determinou-se que o concreto a ser produzido teria como macro-clima o urbano, sendo assim classificado como classe I. Como este tipo de concreto não precisa ter alta resistência, estipulou-se que a resistência de dosagem do concreto aos 28 dias, seria igual a 24,5 MPa. Após o estudo dos materiais e realização do Slump test e medida do teor de ar incorporado, o traço corrigido resultou na proporção 1: 2,04: 1,93: 0,6. O traço básico não atingiu a resistência esperada aos 28 dias chegando a apenas 19,68 MPa. Teixeira (2010) afirma que a adição de água para corrigir a fluidez do concreto reduz a resistência, a quantidade de areia presente no traço também deve ser levado em conta, Bauer (2010) afirma que o excesso de areia pode provocar uma diminuição do traço, outras explicações para o traço não ter atingido a resistência esperada são: o fator água/cimento, forma e granulometria dos agregados e condições de cura. O traço de PVC moído substituindo 3% do agregado miúdo atingiu uma resistência aos 28 dias maior do que o traço básico (aumento de 7,4%), enquanto que o traço com PVC de 2 cm atingiu uma resistência bem menor do que a do traço básico (redução de 12,91% aos 28 dias), como mostra a figura 1. O aumento da quantidade de PVC moído de 5%, 10% e 15% como aditivo no concreto diminui os resultados de resistência à compressão em 8,663%, 25,177% e 37,042% respectivamente, figura 2. Esse fato foi ocasionado pela homogeneização dos materiais envolvidos, ou seja, o cimento + agregados + resíduos não obtiveram as quantidades necessárias para que o compósito final apresentasse o menor número de vazios possível, deixando assim de proporcionar uma compactação ótima do concreto nos corpos de prova.

Resistencia axial do concreto com substituínte

Estudo comparativo entre a resistencia axial do traço básico e o concreto com 3% do PVC como substituinte do agregado miúdo em relção à idade.

Resistencia à compressão

Estudo comparativo entre a resistencia do traço básico e do concreto com 5, 10 e 15% de PVC como aditivo em relação à idade.

CONCLUSÕES: O PVC moído apresentou boas características granulométricas para a utilização como substituinte e aditivo no concreto. Os resultados obtidos nos ensaios de resistência para os blocos acrescidos de 5% de resíduos são aceitáveis, enquanto que os acrescidos de 10 e 15% sofreram grande variação não sendo porcentagens apropriadas. Porém os resultados para o PVC como substituinte do agregado miúdo se apresentaram muito satisfatórios, gerando melhora nas propriedades mecânicas. Portanto, o uso destes resíduos pode perfeitamente contribuir para que o PVC deixe de ser um problema ambiental.

AGRADECIMENTOS: Ao Prof. Júlio Praxedes Neto e ao técnico de laboratório Tiago Dutra pelos ensinamentos e colaboração na execução deste trabalho.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NOMAS TÉCNICAS. NBR 9937: Agregado graúdo - Determinação de massa específica, massa específica aparente e absorção de água. Rio de Janeiro, 1987.
_____. NBR7251: Agregado em estado solto- Determinação da massa unitária. Rio de Janeiro, 1982.
_____. NBR 7217: Agregados - Determinação da composição granulométrica. Rio de Janeiro, 1987.
_____. NBR 9976: Agregados - Determinação da massa específica de agregados miúdos por meio do frasco chapman. Rio de Janeiro, 1987.
_____. NBR 7222: Argamassa e concreto – Determinação da resistência à tração por compressão diametral de corpos-de-prova cilíndricos. Rio de Janeiro, 1994.
_____. NBR 6467: Agregados- Determinação do inchamento de agregado miúdo. Rio de Janeiro, 1987.
_____. NBR 7215: Cimento Portland - Determinação da resistência à compressão. Rio de Janeiro, 1996.

ALVES, José Dafico. Manual de tecnologia do concreto. 4. ed. Editora: UCG – Goiânia – GO, 2002. 219p.19,20,21,24,25,26,27.
BAUER, L. A. Falcão. Materiais de construção, 1. 5. ed. revisada – [Reimpr.]. Rio de Janeiro: LTC, 2011. 448p.58,59,64,66,79-80
CASTRO,A.T.P; Viabilização do reaproveitamento dos “Blister” de PVC/Al e estudos das propriedades do PVC após processamento por radiação ionizante; São Paulo:IPEN, 2008.
OLIVEIRA, Eduardo Andrade de: Recuperação de resíduos sólidos (sucata de blister) de uma indústria farmacêutica com obtenção de produtos com interesse comercial; Anápolis: Universidade Estadual de Goiás, 2011.
PETRUCCI, Eládio G; Concreto de cimento portland. 13º ed. São Paulo: Associação Brasileira de Cimento Portland, 1998.