ÁREA: Ambiental

TÍTULO: ESTUDO DA POTENCIALIDADE DO REAGENTE FENTON NA REMOÇÃO DE COR DE RESÍDUOS AQUOSOS DE MBAS.

AUTORES: Ramos Junior, W. (IFRJ) ; Andrade Mello, L.E. (IFRJ) ; G. A. Pinto, K. (IFRJ)

RESUMO: Uma das características comuns de resíduos de laboratórios é possuir coloração intensa, que para serem descartados nos ralos (drenos) precisam estar em conformidade com a legislação vigente, no tangente ao parâmetro cor. Um exemplo de resíduo habitual em laboratórios de análises ambientais é o procedente do ensaio de MBAS (Methylene Blue Anionic Surfactant)[1], que possui o objetivo de quantificar surfactantes aniônicos. O resíduo gerado apresenta uma fase aquosa e uma fase clorofórmica, ambas contendo uma concentração relevante do corante azul de metileno. A recuperação da fase orgânica alcança 80-90%. Contudo a fase aquosa normalmente não tem uma destinação apropriada. Sendo o objetivo deste trabaho avaliar a potencialialidade do reagente de FENTON na remoção de cor de resí

PALAVRAS CHAVES: RESÍDUO MBAS; POA; FENTON

INTRODUÇÃO: A poluição hídrica causada por lançamento de efluentes industriais ou domésticos, sem tratamento adequado, tem sido uma das maiores dificuldades atuais no que tange a qualidade de nossos corpos hídricos receptores. Os efluentes oriundos de laboratórios de ensino e pesquisa também têm relevância, uma vez que podem ser oxidantes, corrosivos e tóxicos a todo ecossistema aquático. Outra característica muito comum é o resíduo de laboratório possuir coloração intensa, que para ser descartado nos ralos (drenos) precisam estar em conformidade com a legislação vigente[3], no tangente ao parâmetro cor. Um exemplo de resíduo habitual em laboratórios de análises ambientais é o procedente do ensaio de MBAS[1] (Methylene Blue Anionic Surfactant), que possui o objetivo de quantificar surfactantes aniônicos, ou seja, substâncias ativas ao azul de metileno. O resíduo gerado apresenta uma fase aquosa e uma fase clorofórmica, ambas contendo uma concentração relevante do corante azul de metileno (reativo). A recuperação da fase orgânica alcança 80-90%. Contudo a fase aquosa normalmente não tem uma destinação apropriada. Com vistas a dar um destino mais seguro a fase aquosa deste procedimento analítico, identificou-se nos processos oxidativos avançados (POAs) uma oportunidade de solução para esta demanda. Em especial a reação de Fenton é uma das opções, atualmente, promissoras de tratamento de efluentes, que é um tratamento com vasto campo de estudos devido seu elevado desempenho de oxidação. O processo resume-se no emprego de íons ferrosos na presença de peróxido de hidrogênio, originando radicais hidroxilas, com alto poder oxidativo. O trabalho tem objetivo de realizar o tratamento apropriado do resíduo aquoso de MBAS empregando o reagente de FENTON.

MATERIAL E MÉTODOS: Os ensaios que determinaram a remoção da cor foram realizados pelo método espectrofotométrico descrito na literatura APHA, 1998[1], antes e depois do processo Fenton. Para a realização destes, foi necessária a realização de uma varredura no espectrofotometro para verificação do melhor comprimento de onda para leitura da amostra. Foram utilizados trinta comprimentos de onda, estando estas comprendidas no intervalo de 414 à 646nm. As absorbâncias obtidas na varredura foram empregadas em fórmulas e gráficos também descritos no APHA 1998,obtendo-se ao final de todo o procedimento o comprimento de onda de maior absorbância a 480nm. Por evideciar dificuldades na remoção de cor[2] foi necessária a eliminação de interferentes identificados do decorrer do estudo. Para atendimento a esta demanda utilizou-se reações de precipitação química tradicionais para os íons cloreto e fosfato.

RESULTADOS E DISCUSSÃO: Utilizando o reagente de Fenton para o tratamento de resíduos de MBAS, o mesmo não se mostrou inicialmente eficiente. Na busca de respostas ao baixo desempenho do reagente de oxidação, verificou-se que íons negativos tais como cloretos, fosfatos são interferentes neste tipo de tratamento[2]. Dessa forma, passou-se a investigação do preparo da solução do corante azul de metileno usado no MBAS, e evidenciou-se que o corante usado para formar o reativo com os surfactantes presentes nas amostras possui íons fosfato. Estes íons mesmo em pequenas concentrações exercem alta interferência na reação de oxidação, o que impossibilitou a remoção de cor do efluente sob investigação. O procedimento proposto para a remoção dos interferentes supracitados foi a precipitação química com nitratos de bário e cálcio, que foram testados em diferentes concentrações, onde esses atuam precipitando os interferentes. Após a remoção do decantado do meio, a reação de Fenton ocorreu de forma satisfatória com evidenciado na tabela 1 e figura 1.

TABELA 1

Concentração Nitrato Ba/Ca e eficiência da reação de Fenton pós precipitação.

FIGURA 1

Resíduo aquoso pré e pós-tratamento.

CONCLUSÕES: Os resultados provaram a alta eficiência em escala laboratorial na remoção de cor do resíduo aquoso de MBAS pelo reagente de Fenton, somente após a remoção dos íons interferentes. Demonstrou-se que também é possível tratar resíduos químicos em escala laboratorial utilizando POA-Fenton, frequentemente utilizado em ensaios de tratabilidade de efluentes em escala industrial. Ademais, como proposta de continuidade deste trabalho, buscaremos evidenciar se a remoção de cor coloca o resíduo em condições de lançamento para os parâmetros surfactantes (subst. ativas ao azul de metileno- MBAS) e DQO.

AGRADECIMENTOS: Ao CNPq pela bolsa de Iniciação Científica e ao IFRJ - Campus Nilópolis pelo espaço utilizado.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: [1] APHA, AWW, WEF. Standard methods for the examination of water and wastewater. 20th Edition. Washingtion, 1998.
[2] MEDEIROS, Rayane. Avaliação do reagente Fenton na remoção de cor de resíduos aquosos de MBAS, CBSA, 2011.
[3] RESOLUÇÃO No 430, DE 13 DE MAIO DE 2011- Dispõe sobre as condições e padrões de lançamento de efluentes, complementa e altera a Resolução no 357, de 17 de março de 2005, do Conselho Nacional do Meio Ambiente-CONAMA.