ÁREA: Ensino de Química

TÍTULO: Uma análise das tendências de ensino que tem influenciado as práticas pedagógicas de professores de química do Ensino Médio

AUTORES: Freitas, L.P.S.R. (UFCG/CES) ; Pereira, F.K.D. (UFCG/CES) ; Silva, R.O. (UFCG/CES) ; Araújo, F.T.S. (UFCG/CES) ; Silva, J.F. (UFCG/CES) ; Costa, (UFCG/CES) ; Soares, A.S. (UFCG/CES) ; Lima, J.A.C. (UFCG/CES) ; Oliveira, R.T.S. (UFCG/CES) ; Santos, J.A.M. (UFCG/CES)

RESUMO: Este trabalho de pesquisa buscou analisar que tendências de ensino têm influenciado as práticas pedagógicas de professores de química da educação básica em cinco escolas públicas do estado da Paraíba. Os dados desta pesquisa foram obtidos com o auxílio de entrevista semiestruturada com cinco professores, observação de suas aulas e aplicação de um questionário para 140 alunos do ensino médio. Os resultados apontam para fortes traços da tendência do ensino tradicional, misturado com algumas características do construtivismo presente nos experimentos e na tentativa de contextualização dos conteúdos.

PALAVRAS CHAVES: Tendência de ensino; aprendizagem; ensino de química.

INTRODUÇÃO: Muitos trabalhos na área de educação, como os Cardoso e Colinvaux (2000), Lucas e Vasconcelos (2005), Mortimer (1996), Santos e Mortimer (2002), Schnetzler et al. (2007), Schnetzler (2004), Silva (2007) e Sousa et al. (2010), têm sido reportados na literatura com investigações sobre as novas tendências de ensino que tem se levantado em práticas docentes do ensino básico em busca de superar o tradicional ensino por transmissão. Várias tendências de ensino e de investigação têm surgido na área da Educação em Química, contribuindo para o seu desenvolvimento e para a melhoria da formação docente em química. No final da década de 70 deu-se início ao movimento das concepções alternativas, desse movimento teve origem a tendência de ensino por mudança conceitual, a qual, segundo Schnetzler (2002), no processo de ensino e aprendizagem, esse foi o termo empregado para designar a substituição de crenças ou ideias ingênuas (senso comum) de alunos sobre fenômenos sociais e naturais por outras ideias, mais sofisticadas e aceitas pela ciência. À luz dessas concepções teóricas e em concordância com Aragão (2002), quando observa que a prática pedagógica de cada professor manifesta suas concepções de ensino, esta pesquisa procurou analisar que tendências de ensino têm influenciado as práticas pedagógicas de professores de química da educação básica em cinco escolas públicas do estado da Paraíba.

MATERIAL E MÉTODOS: A pesquisa foi realizada com cinco professores da rede pública do estado da Paraíba, com área de atuação em química. O tempo de magistério desses professores variou entre 01 e 25 anos. Os dados desta pesquisa foram construídos a partir de entrevista semiestruturadas com os professores investigados, observação de suas aulas e aplicação de um questionário com dez perguntas abertas e fechadas para 140 alunos do ensino médio, oriundos das escolas constituintes da amostra. Os estudantes possuíam faixa etária que variava entre 14 e 35 anos. As entrevistas foram gravadas e posteriormente juntamente com os questionários, tiveram seus dados analisados, sistematizados e tabulados.

RESULTADOS E DISCUSSÃO: Uma análise geral das respostas dos alunos, tanto às perguntas relacionadas com a motivação dos mesmos em sala de aula (Gráficos 1 e 2), como as que se relacionam com a prática pedagógica dos professores, ressalta uma tendência de ensino construtivista, porém, ainda com fortes traços tradicionalista. Essas tendências foram sentidas principalmente no fato da maioria dos alunos considerar o estudo da química importante e de reconhecer que a química faz parte do seu cotidiano, o que nos reverte a acreditar que seus professores procuram contextualizar suas aulas, entretanto as respostas dos alunos as demais perguntas ressalta traços tradicionalista, uma vez que o livro didático é indicado pela maioria como único instrumento de ensino utilizado pelo professor e também a utilização de prova como único instrumento de avaliação por alguns docentes. Pela análise das respostas dos professores à entrevista e observação de suas aulas, suas práticas docentes no geral se caracterizam por aulas mais expositivas do que dialogadas, com pouca abertura para discussão com os alunos. Pela observação das aulas dos mesmos, a participação se restringe a realização de exercícios, a contextualização é superficial, com apresentação apenas de exemplos, sem que haja a problematização dos conteúdos. As aulas experimentais, quando acontecem, são mais de caráter ilustrativo. A maioria dos docentes investigados reconheceu seguirem uma tendência mais tradicionalista, apesar de admitirem se esforçarem para um ensino construtivista. Em suas respostas à entrevista, apontaram que o conteúdo programático e o excesso da carga horária são as principais barreiras enfrentadas por eles na implementação de novas estratégias de ensino.

Gráfico 1

Questões que norteiam a motivação do aluno quanto ao estudo da química.

Gráfico 2

Questões que norteiam a prática pedagógica do professor.

CONCLUSÕES: Tais características das práticas destes professores nos permite apontar a presença de uma leve tendência construtivista, uma vez que demostram explorarem pouco a construção do conhecimento nos alunos, porém, em contra partida observamos traços, ainda muito fortes, da tendência tradicionalista uma vez que a contextualização e a experimentação são tratadas de forma simplificada, com finalidades apenas ilustrativas.

AGRADECIMENTOS: Ao CES, UFCG, aos professores de química do estado da Paraíba, pesquisadores, e órgãos de fomentos.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: ARAGÃO, R.M.R. Uma interação fundamental de ensino e de aprendizagem: professor, aluno, conhecimento. In: SCHNETZLER, R. e ARAGÃO, R. M. R.(orgs). Ensino de ciências: fundamentos e abordagens. Campinas: R. Vieira Ltda., 2000. p. 82-98.

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LUCAS, S.; VASCONCELOS, C. Perspectivas de ensino no âmbito das práticas lectivas: Um estudo com professores do 7º ano de escolaridade. Revista Electrónica de Enseñanza de las Ciencias, v. 4, n. 3, p. 1-22, 2005.

MORTIMER, E. F. Construtivismo, mudança conceitual e ensino de ciências: para onde vamos. Investigações em Ensino de Ciências, v1, n. 1, p.20-39, 1996.

SANTOS, W. L. P. dos, MORTIMER, E. F. Uma análise de pressupostos teóricos da abordagem C-T-S (Ciência – Tecnologia –Sociedade) no contexto da educação brasileira. ENSAIO – Pesquisa em Educação em Ciências, v. 2, n. 2, Dezembro, 2002.

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SCHNETZLER, Roseli Pacheco. A pesquisa em ensino de química no Brasil: conquistas e perspectivas. Química Nova, v. 25, suplemento 1, p.14-24, 2002.

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SOUSA, M. H. et al. Experimentos demonstrativos na forma de show: formas alternativas relacionadas ao ensino de química. Revista Didática Sistêmica, v.11, p. 64-73, 2010.