ÁREA: Ensino de Química

TÍTULO: Estudo do perfil dos ingressantes nos cursos de Química na UFRN

AUTORES: Malcher, G.T. (UFRN) ; Paiva, A.S. (UFRN) ; Monteiro, A.F.F. (UFRN) ; Kramer, C.A.C. (UFRN) ; Lima Filho, E.O. (UFRN) ; Araújo, E.H.A. (UFRN) ; Lima, G. (UFRN) ; Costa, L.A.M. (UFRN) ; Batista, L.M.B. (UFRN) ; Confessor, M.R. (UFRN)

RESUMO: Devido ao baixo nível de muitos alunos ingressantes nos cursos de Química da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, o programa de educação tutorial do curso (PET-Química) promoveu um curso de nivelamento na primeira semana do período letivo de 2012. O objetivo deste trabalho é traçar um perfil dos alunos participantes do referido curso e confrontar com o rendimento dos mesmos na avaliação realizada antes das aulas expositivas. Os resultados mais expressivos foram que os piores resultados da avaliação foram observados para os alunos do curso de Química Licenciatura e que a maioria dos alunos que escolheram o curso como sua 2ª opção também pertence ao referido curso.

PALAVRAS CHAVES: Química; Ingressantes; Perfil

INTRODUÇÃO: Em geral, os alunos que ingressam nos cursos de Química nas IES do Brasil possuem um déficit de conhecimentos em Química (VIANA, et al., 1996; BRAGA et al., 1997), o que pode ser atribuído ao fato da grande maioria ser oriunda de escolas públicas, aliado ao fato de os mesmos poderem entrar com argumento de inclusão (SANTOS E QUEIROZ, 2007; LESME, 2012) e da baixa concorrência nos vestibulares. Na tentativa de diminuir essa carência, o Grupo de Educação Tutorial de Química (PET-Química) da UFRN, realiza todos os anos, desde 2005, um minicurso intitulado “curso de nivelamento”. O objetivo do mesmo é repassar os conteúdos de Química Básica aos alunos antes de os mesmos começarem de fato as disciplinas de Química, na tentativa de melhorar o índice de alunos nivelados nos referidos cursos. Além da avaliação que é feita todos os anos, antes das aulas expositivas, para analisar o aproveitamento do minicurso pelos alunos, este ano foi feita uma ficha para o preenchimento de dados, no sentido de traçar um perfil dos alunos participantes e confrontar com o rendimento dos mesmos na avaliação supracitada.

MATERIAL E MÉTODOS: O curso de nivelamento foi realizado na primeira semana de aula com os alunos ingressantes nos cursos de Química (Bacharelado e Licenciatura) e Química do Petróleo no ano de 2012. Para mensurar o nível de conhecimento em Química dos participantes, foi realizada uma avaliação antes da exposição dos conteúdos, e, para traçar o perfil dos mesmos foi anexado à prova uma ficha para o preenchimento de alguns dados, tais como o curso que se matriculou, se o escolheu como 1ª ou 2ª opção, e, a escola em que terminou o ensino médio. A avaliação foi elaborada pelos próprios petianos, sob a orientação da tutora Grazielle Malcher e o seu conteúdo foi pensado no sentido de abordar os principais conceitos químicos em nível de ensino médio, os quais os alunos deveriam ter aprendido antes de entrar em um curso de nível superior (BRITO et al., 2008). Sabendo da baixa concorrência no vestibular para os cursos de Química, os dados analisados para o presente estudo foram: o desempenho dos alunos na avaliação (nota na prova) relacionando à escolha do curso de graduação; se o escolheu como 1ª ou 2ª opção e se essa escolha interfere no rendimento; e, qual o curso que mais contempla alunos que o escolheram como 1ª opção. As notas atribuídas foram classificadas em termos de rendimentos, as quais entre 0,0 – 4,9 caracteriza insuficiente; 5,0 – 6,9, regular e, 7,0 – 10,0, satisfatório, respectivamente. Essa classificação de notas foi baseada na média mínima para aprovação nas IES no Brasil. De posse dos dados foram construídos dois gráficos, o primeiro (Gráfico 1) relacionado ao desempenho do aluno na avaliação versus o curso em que se matriculou, e outro (Gráfico 2) relacionado ao desempenho do aluno na avaliação versus escolha do curso ser de 1ª ou 2ª opção.

RESULTADOS E DISCUSSÃO: Após a análise das fichas anexadas à avaliação foi constatado que, dos 88 alunos ingressantes nos cursos de Química da UFRN em 2012 que participaram do curso de nivelamento, 30 são de Licenciatura, 18 do Bacharelado e 40 de Química do Petróleo. Vale salientar que o número de alunos matriculados todos os anos nesses cursos são 100, 45 e 50, respectivamente. Outro dado importante é que, dos 22 alunos participantes que optaram pelo curso como sua 2ª opção, 17 são do curso de Química Licenciatura e 5 de Bacharelado. Na análise dos rendimentos dos alunos participantes do curso de nivelamento versus curso de graduação (Gráfico 1), foi observado que os alunos do curso de Química do Petróleo obtiveram os melhores resultados, sendo que 17,5 % conseguiram obter um rendimento satisfatório, 30% obtiveram rendimento regular, e 52,5%, rendimento insuficiente. Em contraste, os alunos do curso de Licenciatura obtiveram os piores resultados, sendo que quase todos os participantes (93,33%) obtiveram rendimento insuficiente. Um resultado intermediário foi observado para o curso de Química Bacharelado. Outro ponto identificado foi que todos os alunos que optaram pelo curso como sua 2ª opção, obtiveram rendimento insatisfatório (Gráfico 2), e que a maioria desses alunos pertence ao curso de Química Licenciatura. Esses resultados comprovaram o baixo nível dos alunos que ingressam nos cursos de Química em relação aos conteúdos básicos.

Gráfico 1

Notas da Avaliação dos Alunos por Curso de Graduação

Gráfico 2

Notas da Avaliação dos Alunos e Escolha do Curso de Graduação como 1° ou 2° Opção

CONCLUSÕES: Os resultados obtidos nessa pesquisa contribuem para a estatística que indica que a maioria dos alunos que ingressam nos cursos de Química possui um déficit de conhecimentos nessa área, e que os que ingressam em Química do Petróleo conseguem se sobressair dos demais, mesmo com resultados não tão satisfatórios. Além disso, os alunos que escolheram o curso como 2ª opção obtiveram os piores resultados na avaliação, sendo 100% insatisfatório. Quase todos os alunos que optaram o curso como 2ª opção é de Química Licenciatura, o que justifica o baixo desempenho dos alunos matriculados no mesmo.

AGRADECIMENTOS: Agradecemos à coordenação de Química e diretoria do IQ da UFRN pelas informações e apoio ao PET e à CAPES e MEC/SESu pelo apoio e bolsas concedidas.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: BRAGA, M.M.; MIRANDA-PINTO, C.O.B.; CARDEAL, Z.L. 1997. Perfil sócio-econômico dos alunos, repetência e evasão no curso de química da UFMG. Química Nova, 438-445.
BRITO, M.S.; DAMASCENO, H.C.; WARTHA, E.J. 2008. Conteúdos e programas de química no Ensino Médio: O que realmente se ensina nas escolas. XIV Encontro Nacional de Ensino de Química (XIV ENEQ), Curitiba, Brasil.
LESME, A. 2012. acesso: http://vestibular.brasilescola.com/cotas/ufrn.htm, UFRN.
SANTOS, J.T.; QUEIROZ, D.M. 2007. Sistema de cotas: um multiculturalismo brasileiro? Ciência e Cultura. 59(2):41-45.
VIANA, J.F.; AYDOS, M.C.R.; SIQUEIRA, O.S. 1996. Curso Noturno de Licenciatura em Química – Uma Década de Experiência na UFMS. Química Nova, 20(2): 213-218.