ÁREA: Ensino de Química

TÍTULO: O ESTÁGIO CURRICULAR SUPERVISIONADO E A CARREIRA DOCENTE NA PERSPECTIVA DE ALUNOS INGRESSANTES E CONCLUINTES DE LICENCIATURA EM QUIMICA

AUTORES: Andrade, L.V. (IFG) ; Cruz, V.V. (IFG) ; Goulart, A.C. (IFG) ; Pacheco, E.P. (IFG)

RESUMO: Esta investigação apresentou como objetivo realizar um levantamento de informações sobre o interesse pela carreira docente e pelo estágio curricular supervisionado, no curso de licenciatura em química do Instituto Federal de Goiás. Após a realização de revisão bibliográfica sobre o tema, foram entrevistados 36 estudantes. Destes, a metade eram alunos ingressantes, estudando nos 4 primeiros períodos do curso, e a outra metade, alunos dos 4 últimos semestres. A partir da revisão bibliográfica, foram analisadas as informações coletadas nas entrevistas. Uma das considerações finais analisadas foi a diferença na concepção crítica quanto às atividades de estágio e a realidade educacional, entre alunos dos anos iniciais e dos anos finais do curso de licenciatura.

PALAVRAS CHAVES: estágio; licenciatura; docência

INTRODUÇÃO: Esta pesquisa investigou as perspectivas dos alunos ingressantes e as percepções dos alunos concluintes do curso de Licenciatura em Química do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Goiás, campus Itumbiara, quanto às disciplinas de Estágio Curricular Supervisionado - ECS. Considerou-se aluno ingressante aquele matriculado do primeiro ao quarto período, e aluno concluinte, aquele matriculado entre o quinto e o oitavo período. O objetivo geral foi verificar como a carreira docente se apresenta enquanto possibilidade de atuação profissional. A etapa de estágio em cursos de formação de professores tem de ser teórico-prática. Isto significa dizer que a teoria é indissociável da prática, e torna-se necessária a superação da dicotomia entre disciplinas teóricas e práticas, fragmentadas. Para esta superação, o conceito de práxis aponta para o desenvolvimento do estágio como uma atitude investigativa, que envolve a reflexão e a intervenção na vida da escola, dos professores, dos alunos e da sociedade (PIMENTA; LIMA, 2008). Especificamente na área da Química, a formação deste professor no Brasil, especialmente daquele voltado ao ensino público em nível médio, e a sua permanência em um mercado de trabalho de pouco atrativo salarial representam algumas preocupações da comunidade de pesquisadores (DAMASCENO et al., 2011). O principal propósito do ECS é permitir a problematização das práticas no contexto escolar, de forma que o estagiário ingresse na sua profissão já como pesquisador das questões relevantes ao ofício (ROSENBERG, 2008).As justificativas para a pesquisa compreendem aspectos científicos e sociais, já que agrega conhecimentos aos campos de estudos Educação e Ensino de Química e permite a organização de planos de ação para sanar dificuldades de alunos.

MATERIAL E MÉTODOS: Foram entrevistados 36 alunos regularmente matriculados no curso de Licenciatura em Química do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Goiás, campus Itumbiara. Destes, 18 estavam cursando os quatro períodos iniciais, portanto denominados alunos ingressantes. Tais alunos ainda não haviam iniciado a primeira etapa do ECS, já que somente tem início a partir do quinto período. Os questionários aplicados a este grupo investigavam: as expectativas de prática profissional após a conclusão do curso de graduação; as considerações dos alunos quanto à carreira docente; as expectativas para a disciplina de ECS. O segundo grupo de alunos compreendeu também 18 entrevistados, mas que já haviam iniciado a experiência nas disciplinas de ECS. Os questionários aplicados a estes alunos diferiam daquele do primeiro grupo, apenas na última questão, onde no lugar de expectativas quanto ao ECS, era perguntado sobre as percepções referentes à vivência nas disciplinas de estágio. Cabe ressaltar que o ECS nesta instituição ocorre em quatro períodos, totalizando dois anos de investigação na escola- campo. Na primeira etapa, os alunos realizam pesquisa documental e observacional sobre a escola, compreendendo seus aspectos políticos, pedagógicos e institucionais. Na segunda etapa, cada aluno deve desenvolver um projeto de intervenção na área de química, para ser apresentado em forma de seminário na escola-campo. Na terceira etapa, os estagiários organizam plantões de estudo junto aos alunos da escola-campo e ministram estas atividades no contra-turno. Finalmente, a quarta etapa promove a regência. Após a coleta de dados, por meio dos questionários aplicados, os dados foram registrados e analisados estatisticamente. Por questões éticas, não era preciso que o aluno se identificasse.

RESULTADOS E DISCUSSÃO: Os resultados obtidos, a partir dos questionários, foram organizados em gráficos para comparar as respostas de ingressantes e concluintes. Na questão “Qual a sua expectativa de prática profissional após a conclusão deste curso de graduação?”, 50% dos alunos ingressantes responderam que pretendem atuar na carreira docente, em oposição a 39% que não pretendem esta carreira, e os demais 11% não especificaram a área. Para esta mesma questão, os alunos concluintes responderam que pretendem exercer carreira docente (38%), esperam mudanças na educação para atuarem como docentes (17%), atuar na educação ou indústria (17%), não pretendem atuar como professores (17%) e 11% pretendem ingressar em outro curso e/ou especialização. Em outra questão, “Hoje, você considera a carreira de professor uma de suas preferências profissionais?”, os ingressantes responderam 50% sim e 50%, não. Já entre os alunos concluintes, 72% responderam sim e 28%, não. Para a questão “Qual sua expectativa para a disciplina de ECS?”, os ingressantes em sua maioria (73%) responderam que pretendem conhecer a realidade escolar, 17% disseram ter boas expectativas, 5% disseram não ter expectativas e outros 5% afirmaram que o estágio os ajudaria a ter certeza da profissão. Os alunos concluintes, na questão “Quais as suas percepções referentes à sua vivência nas disciplinas de ECS?”, responderam: aproximação do graduando com a realidade escolar (46%); descreveram a educação oferecida nas escolas-campo como precária (38%); é necessário repensar o estágio, diminuindo carga horária (11%); não acredita que o Estágio prepara os alunos para as salas de aula (5%). Os resultados, analisados estatisticamente, revelaram questões pertinentes para discussão.

CONCLUSÕES: As expectativas de atuação profissional na docência variou entre alunos ingressantes e concluintes. Dentre os ingressantes, a metade considera esta uma carreira de interesse. Já entre concluintes, participantes das etapas de estágio, mais de 70% consideram a docência sua preferência para atuação. Dentre os concluintes, quase 40% afirmaram perceber a educação como fraca e precária, entre as escolas pesquisadas. Estes resultados provocam discussões coerentes com Damasceno et al.(2011),quanto à motivação e permanência do professor de química em um mercado pouco promissor em termos salariais.

AGRADECIMENTOS:

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: DAMASCENO, D.; GODINHO, M.S.; SOARES, M. H. F. B.; OLIVEIRA, A.E. 2011. A formação dos docentes de química: uma perspectiva multivariada aplicada à rede pública de ensino médio de Goiás. Quim. Nova, Vol. 34, No. 9, 1666-1671. PIMENTA, S. G.; LIMA, M. S. L. 2008. Estágio e docência. 3ª Ed. São Paulo: Cortez. ROSENBERG, A. J. 2008. O estágio burocrático e a formação do professor: paisagens de ação e paisagens de consciência na licenciatura em língua inglesa - um estudo de caso. São Paulo: USP. Dissertação de mestrado. Disponível na biblioteca virtual da USP: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8147/tde-12022009-151444/