ÁREA: Ensino de Química

TÍTULO: “CARA A CARA COM AS FUNÇÕES INORGÂNICAS”: UMA PROPOSTA LÚDICA PARA O ENSINO DE QUÍMICA

AUTORES: Oliveira, M.V.N.M. (IFRJ) ; Messeder, J.C. (IFRJ)

RESUMO: Ensinar Química tem se tornado uma tarefa extremamente complexa aos professores. Essa situação vivida, em sua grande maioria, pode ser motivada pelo ensino focado simplesmente na transmissão de conteúdos, ausência quase em sua totalidade de metodologias alternativas, tais como o uso de experimentação de caráter investigativo, uso de atividades lúdicas nas aulas e ausência de um ensino contextualizado. Com o objetivo de propor uma metodologia que auxilie os professores na abordagem do assunto Funções Inorgânicas e ao mesmo tempo auxilie a compreensão e fixação do assunto pelos alunos, este trabalho propôs a abordagem desse tema utilizando o jogo intitulado “Cara a Cara com as Funções Inorgânicas”, que foi aplicado a alunos do Ensino Médio como uma estratégia na aprendizagem desse conteúdo.

PALAVRAS CHAVES: jogos educativos; funções inorgânicas; atividades lúdicas

INTRODUÇÃO: Os relatos mostram que atualmente a situação de ensinar Química tem sido uma tarefa árdua e complexa para grande parte dos professores. Isso se verifica pelo fato desse ensino se basear em cálculos matemáticos, memorização de fórmulas e nomenclaturas, visando quase que exclusivamente, a preparação de alunos para enfrentarem provas de concursos. Esse método de ensino é criticado por Chassot (2003), que o considera um “ensino asséptico”, uma vez que mantém o aluno distante da sua realidade e da abordagem do conhecimento escolar. Uma conseqüência disso pode ser exemplificada quando se aborda Funções Inorgânicas. Tal assunto é mostrado, quase sempre, em aulas expositivas, cujo objetivo visa somente à memorização de nomenclaturas e classificações, fora de uma contextualização. O uso das atividades lúdicas, segundo Melo (2005), proporciona prazer e descoberta para o aluno, uma vez que contribui de maneira significativa para o processo de construção do conhecimento, mediando à aprendizagem. Segundo Messeder (2009) a tendência de aliar o lúdico ao ensino das ciências vem ganhando destaque nas salas de aula, podendo ser observados o uso de jogos, de estórias em quadrinhos, de charges, de peças teatrais, de desenhos, além de outras técnicas e métodos. Os jogos aplicados no estudo da Química ou de outras disciplinas devem ter regras, contribuindo para a autonomia do educando, de forma que incentivem os alunos a entenderem o que foi aplicado pelo professor (CAMPOS, 2002). A idéia da criação do jogo “Cara a Cara com as Funções Inorgânicas” se deu com o objetivo de fazer com que os alunos exercitassem os conhecimentos adquiridos acerca do tema funções inorgânicas e relacionassem algumas substâncias químicas citadas nos textos encontrados em livros didáticos com o seu dia-a-dia.

MATERIAL E MÉTODOS: O jogo tem a seguinte forma de se jogar: o professor deve dividir a turma em duas equipes, e escolher cinco integrantes de cada equipe para iniciar a partida; um dos integrantes deverá escolher um tabuleiro contendo 18 cartas e colocá-lo virado para a sua equipe (Figura 1); após a escolha do tabuleiro, os mesmos integrantes deverão sortear uma carta que conterá a substância inorgânica a ser descoberta pela equipe adversária e ter em mãos um roteiro de perguntas preconcebidas que serão feitas durante o jogo; cada equipe terá direito de escolher e fazer um total de cinco perguntas, contidas no roteiro; cada equipe poderá fazer uma pergunta por vez; na resposta, a equipe deverá ter cuidado para não responder errado, pois isso acarretará a perda da partida! Deve-se dizer: sim ou não; Por exemplo: “É um óxido?” Se a resposta for “não”, elimine todas as cartas que apresentem óxidos; se a resposta for “sim”, elimine todas as cartas, com exceção das que indicam óxidos; em seguida é a vez de seu adversário fazer outra pergunta, e assim por diante; a equipe que terminar de realizar as cinco perguntas deverá, obrigatoriamente, adivinhar qual é a substância da equipe adversária; se a equipe adivinhar corretamente a substância da equipe adversária, ganhará o jogo, caso contrário, perderá o jogo. A aplicação do jogo foi realizada com alunos da turma do 1° ano (30 alunos: turma A) e com alunos da turma do 3° ano (32 alunos: turma B) do Ensino Médio de um colégio particular, situado em Olaria (RJ) e essa aplicação foi dividida em quatro etapas: verificação “in loco” da avaliação do aprendizado dos alunos a respeito do tema “Funções Inorgânicas” (2 horas/aula); aplicação de um pré-teste aos alunos das turmas envolvidas na pesquisa; (2 horas/aula); aplicação do jogo (2 horas/aula).

RESULTADOS E DISCUSSÃO: O pré-teste aplicado tinha os objetivos: verificar os aspectos conceituais acerca da definição de óxidos e ácidos; verificar se os alunos são capazes de identificar ácidos, óxidos e sais a partir das fórmulas químicas; verificar se os alunos são capazes de relacionar alguns compostos inorgânicos com as suas respectivas aplicações. Verificaram-se 47,5 % de erros para a questão que exigia dos alunos os conceitos de ácidos e bases segundo a definição de Arrhenius. Os alunos deveriam completar corretamente a frase: “Pode-se definir ........ como substâncias que ao se dissolverem em água fornecem, respectivamente, cátions H+ e ânions OH-”. Tais resultados podem evidenciar a desvalorização de conceitos na química em troca da priorização daqueles que podem cair em exames ao qual o aluno pode ser submetido, onde em sua grande maioria, é enfatizada a memorização de fórmulas e nomenclaturas. Uma das questões exigia que os alunos identificassem correlações entre os compostos H2SO4, NaOCl, H2O2, Mg(OH)2 e NaCl e produtos usados no dia-a-dia. 84% dos alunos não conseguiram identificar as respectivas aplicações dessas substâncias no cotidiano. Durante a aplicação do jogo, foi observado que os alunos de ambas as turmas mostraram-se interessados e participativos, ficando surpresos ao ver as aplicações de algumas substâncias no seu cotidiano. Após o término do jogo, a professora e os alunos foram questionados sobre o que acharam da abordagem do tema Funções Inorgânicas. Ambos acharam válido esse tipo de recurso didático, uma vez que, segundo fala de um dos alunos: “...foge da aula tradicional...”. Tal discussão possibilitou futuras modificações no jogo para aplicações na prática curricular dos alunos da Licenciatura em Química do IFRJ, em suas atividades de pesquisas em sala de aula.

Tabuleiro do jogo.

O tabuleiro mostra as 18 substâncias a serem descobertas no jogo “Cara a Cara com as Funções Inorgânicas”.

CONCLUSÕES: Ao reconhecer a resistência e dificuldade de aprendizado por parte dos alunos em relação ao ensino de Química, este trabalho propôs um jogo didático dinâmico e interativo, tornando o aluno atuante na esfera do jogo levando-o à reflexão sobre o seu dia a dia. O “Cara a Cara com as Funções Inorgânicas”, criado e aplicado, contempla muitos recursos à disponibilidade do professor que aspirar uma aula mais atrativa para seus alunos, no processo de ensino e aprendizagem, podendo facilitar o fluxo de informações e a compreensão dos conteúdos sobre funções inorgânicas na disciplina de Química.

AGRADECIMENTOS:

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: CAMPOS, L. M. L.; Bortoloto, T. M.; Felício, A. K. C. A Produção de Jogos Didáticos Para o Ensino de Ciências: Uma Proposta Para Favorecer a Aprendizagem. Departamento de Educação – Instituto de Biociências da UNESP. São Paulo, p. 1-14. 2002.
CHASSOT, A. Alfabetização Científica: questões e desafios para a educação. 3ª. Edição. Ijuí, Rio Grande do Sul: Unijuí. 2003.
MELO, C.M.R. As atividades lúdicas são fundamentais para subsidiar ao processo de construção do conhecimento (continuação). Información Filosófica, v.2 nº 1, 2005. p.128- 137.
MESSEDER, J.C.; RÔÇAS, G. O O lúdico e o ensino de ciências: um relato de caso de uma licenciatura em química. Revista Ciências & Idéias, v.1, p.1. 2009.