ÁREA: Ensino de Química

TÍTULO: ABORDAGEM INVESTIGATIVA DO EXPERIMENTO DE DETERMINAÇÃO DO TEOR DE ÁLCOOL NA GASOLINA: UM PERFIL DA APRENDIZAGEM ADQUIRIDA PELOS ALUNOS DO ENSINO MÉDIO

AUTORES: Furtado, N.J.S. (INSTITUTO FEDERAL DO PIAUÍ-(IFPI)) ; Seixas, B.S. (INSTITUTO FEDERAL DO PIAUÍ-(IFPI)) ; Brito, M.V. (INSTITUTO FEDERAL DO PIAUÍ-(IFPI)) ; Miranda, C.B. (COLÉGIO SENADOR CHAGAS RODRIGUES-(CSCR)) ; Santos, E.C. (INSTITUTO FEDERAL DO PIAUÍ-(IFPI))

RESUMO: O objetivo desse estudo foi conhecer o perfil da aprendizagem adquirida pelos alunos do Ensino Médio com uma abordagem investigativa do experimento de determinação do teor de álcool em amostras de gasolina. Os sujeitos foram 58 alunos de 02 turmas da 3ª série A e B, os dados sobre aprendizagem adquirida foram coletados com aplicação de um questionário contendo 05 questões. Os discentes da turma A mostraram predomínio de uma aprendizagem mais positiva nas questões 01 (60,7%), 02 (89,3%) e 03 (71,4%), já na turma B houve o predomínio da aprendizagem não adquirida em todas as questões do questionário: 01(16,7%),02(20%),03(26,7%),04(23,3%) e 05(40 %). Portanto, muitos alunos não possuem capacidades para adquirir os conhecimentos científicos envolvidos em uma investigação experimental.

PALAVRAS CHAVES: Etanol em Gasolina; Investigação Experimental; Avaliação da Aprendizagem

INTRODUÇÃO: O petróleo foi uma fonte de energia essencial para o desenvolvimento industrial verificado durante o século XX. Entre as diversas frações do petróleo a gasolina se destaca como sendo a que possui maior valor comercial. A gasolina é uma mistura de hidrocarbonetos saturados que contém de 5 a 8 átomos de carbono por molécula (MORRISON & BOYD, 1996). Para fornecer uma gasolina de boa qualidade aos consumidores brasileiros realizam-se testes de determinação de sua composição visando encontrar algumas formas de adulteração com solventes orgânicos que prejudicam os motores dos automóveis. Um componente exclusivo da gasolina brasileira é o etanol. Ele atua como antidetonante (FELTRE, 2000), substituindo o chumbo tetraetila que foi banido devido a sua elevada toxicidade. A Agência Nacional do Petróleo (ANP) exige que o teor de etanol presente na gasolina deve respeitar os limites de 22 % a 26 % em volume. A falta ou excesso de etanol em relação aos limites estabelecidos pela ANP compromete a qualidade da gasolina que chega aos consumidores brasileiros. O uso de experimentos no ensino de Química conduzidos numa concepção empirista- indutivista, isto é, ênfase no produto do conhecimento científico (LÔBO & MORADILLO, 2003), leva a uma fragmentação dos conhecimentos abordados. Nesse contexto é importante verificar se a abordagem do experimento de determinação do teor de etanol na gasolina, com ênfase na investigação das diversas etapas do experimento conduz à construção de um conhecimento químico significativo. O objetivo desse trabalho foi conhecer o perfil da aprendizagem adquirida pelos alunos do Ensino Médio com uma abordagem investigativa do experimento de determinação do teor de álcool em amostras de gasolina.

MATERIAL E MÉTODOS: O presente trabalho foi fruto de uma atividade de abordagem experimental (determinação do teor de álcool na gasolina) desenvolvida pelos bolsistas do PIBID em Química do IFPI-Parnaíba. O campo da pesquisa foi o Colégio Senador Chagas Rodrigues, escola Pública da rede Estadual do Piauí, e os sujeitos foram 58 alunos pertencentes ás turmas da 3ª série A (28 alunos) e 3ª série B (30 alunos) do Ensino Médio, turno manhã da referida escola. Essa atividade durou 02 aulas em cada turma (04 horas no total), sendo executada nos dias 14 e 15 de Junho de 2012. A metodologia foi dividida em duas partes para cada turma: A primeira foi à observação do experimento onde analisou-se 02 amostras de gasolina, em cada análise adicionou-se 50 mL da amostra e 50 mL de uma solução de Cloreto de Sódio (10% m/m) em uma proveta de 100 mL, logo após deixou-se os alunos diante da investigação sobre a variação de volume na fase de gasolina e sobre a determinação do teor de etanol. Esse procedimento experimental foi semelhante, em algumas partes, ao de Dazzani et al., (2003). Já a segunda parte buscou um diagnóstico da aprendizagem adquirida pelos alunos na observação do experimento, para isso foi aplicado um questionário que continha 05 questões objetivas todas referentes ao experimento. Os acertos foram considerados como aprendizagem adquirida e os erros como aprendizagem não- adquirida. O tempo disponível para resolução do questionário foi de 15 minutos e para garantir a veracidade dos dados não foi permitido nenhuma forma de consulta a livros, ou a outros meios de informação. Os resultados coletados para cada questão foram expressos percentualmente tomando como referência uma amostra de 28 (100%) alunos para a 3ª série A e 30 (100%) alunos para 3ª série B.

RESULTADOS E DISCUSSÃO: Os resultados revelaram que a abordagem de experimentos com ênfase na investigação e na proposição de hipótese conduziu a uma aprendizagem química significativa para poucos alunos. Os alunos da 3ª série A mostraram um resultado positivo na análise da aprendizagem adquirida (isso se comparado com a turma B), pois as 05 questões do questionário revelaram os seguintes índices de aprendizagens: 01(60,7%),02(89,3%),03(71,4%), 04(46,4%)e 05(39,3 %). Nessa turma foi observado que 05 alunos resolveram corretamente todas as questões, isso se reflete como aquisição de 100 % dos conhecimentos químicos científicos presentes numa investigação experimental. No que tange a 3ª série B os resultados foram insatisfatório com predomínio da aprendizagem não adquirida em todas as questões exploradas no questionário: 01 (16,7%), 02 (20%), 03 (26,7%), 04 (23,3%) e 05 (40%). Isso prova que abordagem do experimento com uma proposição investigativa não foi eficiente para a consolidação de um conhecimento químico significativo, devido à diversa heterogeneidade cognitiva e ao predomínio das dificuldades de aprendizagens existentes na maioria dos discentes dessa turma, pois 08 dos 30 alunos não conseguiram adquirir conhecimento suficiente para resolver nenhuma das questões do questionário. Os perfis negativos observado nas duas turmas estão relacionados a muitas dificuldades de aprendizagens oriundas de uma Educação fragmentada adquirida nos anos anteriores. Por essa motivo os dados obtidos nesse estudo diferem do trabalho de Ferreira et al., (2010) no qual revelaram que abordagem de um experimento com caráter investigativo é eficiente para a consolidação de um conhecimento químico significativo.

CONCLUSÕES: O experimento de determinação do teor de álcool com uma abordagem investigativa conduziu a resultados positivos para poucos alunos da 3ª série A. As dificuldades de aprendizagens encontradas com os alunos da 3ª série B estão relacionadas a inexistências de conhecimentos prévios essenciais para compreensão e assimilação dos conhecimentos científicos oriundos de uma investigação experimental. É necessário investir em projetos que proporcione uma evolução na aprendizagem dos alunos que apresentaram dificuldades na investigação desse experimento.

AGRADECIMENTOS: A Capes em nome do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação á Docência (PIBID) em Química do IFPI-parnaíba.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: DAZZANI, M.; CORREIA, P. R. M.; OLIVEIRA, P. V.; MARCONDES, M. E. R. Explorando a Química na Determinação do Teor de Álcool na Gasolina. Química Nova na Escola, n° 17, p. 42-45, 2003.

FELTRE, R. Química. 5ª Ed. São Paulo: Moderna, 2000. v. 3, p. 109-124.

FERREIRA, L. H.; HARTWIG, D. R.; OLIVEIRA, R. C. Ensino Experimental de Química: Uma Abordagem Investigativa Contextualizada. Química Nova na Escola, Vol. 32, n° 2, p. 101-106, 2010.

LÔBO, S. F.; MORADILLO, E. F. Epistemologia e a Formação Docente em Química. Química Nova na Escola, n° 17, p. 39-41, 2003.

MORRISON, R.; BOYD, R. Química Orgânica. 13ª ed. Trad. M. A. da Silva. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 1996, p. 110-115 e 294-304.