ÁREA: Ensino de Química

TÍTULO: PERCEPÇÕES DE ALUNOS E PROFESSORES SOBRE PROPOSTA LÚDICA DE ENSINO: O BINGO DA TABELA PERIÓDICA

AUTORES: Andrade, L.V. (IFG) ; Bastos, R.B.M. (IFG) ; Dantas, J.M. (IFG) ; Faria, V.D. (IFG) ; Ferreira, K.D. (IFG) ; Rezende, G.A.A. (IFG)

RESUMO: A atuação do professor de química junto às séries do ensino médio está usualmente fundamentada na utilização de livros didáticos. Esta prática revela- se necessária, porém muitas vezes, deficitária no que diz respeito à motivação dos alunos, resultando em diminuição do interesse. A presente investigação apresentou como objetivo geral o desenvolvimento de uma alternativa metodológica lúdica e como objetivos específicos, avaliar a percepção deste jogo do ponto de vista de alunos e professores. O jogo foi aplicado em seis turmas de ensino médio. Alunos e professores foram entrevistados após a intervenção, e as respostas indicaram positiva visão sobre a atividade lúdica, o que levou à conclusão de que os jogos com objetivos de aprendizagem bem definidos são ferramenta de suporte à aprendizagem.

PALAVRAS CHAVES: JOGOS; ENSINO-APRENDIZAGEM; PERCEPÇÕES

INTRODUÇÃO: As atividades rotineiras do professor de química no ensino médio são fundamentadas, em sua maioria, no livro didático. A esse respeito, Delizoicov, Angotti e Pernambuco (2011) afirmam que, desde a década de 1970, são realizadas pesquisas sobre o livro didático, as quais sinalizam que existem deficiências e limitações, uma vez que tais livros nem sempre abrangem contextualização com o cotidiano do aluno. Devido à predominância da utilização do livro didático, o objetivo desta investigação foi apresentar uma alternativa lúdica que despertasse o interesse dos alunos pela disciplina de química e promovesse interação na relação com o professor. Além do desenvolvimento da aprendizagem, investigações sobre este tema se justificam, uma vez que os jogos são uma importante ferramenta pedagógica, particularmente no processo de memorização. Segundo Mariscal e Iglesias (2009), a memorização de nomes e símbolos dos elementos químicos, apesar de ser um método muito questionado, faz-se necessária em determinadas situações de aprendizagem como, por exemplo, no estudo de elementos da tabela periódica. Sabin (2004) apresenta três pilares para a utilização de jogos nas escolas: o primeiro está voltado para a capacitação dos educadores; o segundo refere-se à clareza da finalidade educativa da atividade lúdica; o terceiro pilar diz respeito à variedade dos jogos, pois quanto mais diversificados forem, maior a atenção e interesse por parte dos alunos. Quanto à percepção avaliada, foram realizadas entrevistas semi-estruturadas junto aos alunos, logo após o jogo, e com professores, 40 dias depois. A entrevista semi- estruturada favorece a explicação e a compreensão da totalidade dos fenômenos sociais, em maior profundidade do que em análises quantitativas (TRIVIÑOS, 1987).

MATERIAL E MÉTODOS: A etapa de observações das aulas de Química durou seis semanas. Verificou-se que existem poucas atividades lúdicas entre as propostas metodológicas utilizadas pelos professores. Após as observações, o jogo Bingo da Tabela Periódica foi desenvolvido, fundamentado em Santana (2006). Foram selecionados 60 elementos da tabela periódica para utilização no bingo, contendo cada cartela 30 elementos aleatórios. Para construção das cartelas, foram utilizados os seguintes materiais: cartolina colorida como base, papel cartão para impressão, papel contact para plastificar as cartelas, tesoura, computador e impressora. Foram confeccionadas, em emborrachado EVA na forma arredondada, 60 peças dos elementos químicos para o sorteio no jogo de bingo. Nestas peças, encontravam-se os nomes e símbolos dos elementos, colados com fita dupla face, após a impressão em papel cartão. Em uma caixa, ficavam guardados os emborrachados, para o sorteio. As regras do jogo eram explicadas aos alunos: o jogo era realizado em duplas, e uma cartela era distribuída a cada dupla, além de grãos de feijão para marcar os elementos. Os elementos eram sorteados, um a um retirados da caixa e os alunos iam marcando nas suas cartelas. Quando o aluno completasse toda a cartela, receberia um prêmio, previamente estabelecido: um material escolar. Tal atividade lúdica, para a presente investigação, foi aplicada em seis salas de aula, todas de alunos do primeiro ano do ensino médio, em duas escolas públicas diferentes. Após o jogo, os alunos foram entrevistados para expor suas percepções. As entrevistas semi-estruturadas com professores ocorreram após 40 dias, com o intuito de checar se o interesse e o desempenho nas aulas de química haviam melhorado.

RESULTADOS E DISCUSSÃO: Para analisar a percepção dos alunos, foi aplicado um questionário após os jogos, com as perguntas: 1-Você gostaria que seu professor desenvolvesse mais atividades lúdicas?; 2-Você acha que aprender os conteúdos por meio de jogos é mais fácil?; 3-A tabela periódica é importante na química, pois está presente em todos os conceitos. Você gostou da maneira que ela foi abordada?; 4-Você conheceu e memorizou melhor elementos químicos que não conhecia?; 5- Você gostou do jogo? Por quê? Dentre os 62 alunos que responderam ao questionário, 59 responderam que sim, na primeira questão, que gostariam que seu professor desenvolvesse mais atividades lúdicas. Para a segunda pergunta, 60 alunos responderam que é mais fácil aprender os conteúdos por meio de jogos, e 58 alunos gostaram da maneira como a Tabela Periódica foi abordada, respondendo à pergunta três. Na quarta pergunta, 61 alunos responderam que aprenderam novos elementos químicos através do jogo, o que vem a ser o objetivo primeiro do jogo, familiarizar os alunos com os elementos químicos. Para a última questão, 59 alunos disseram ter aprendido novos elementos, além de distrair-se da rotina da sala de aula. A entrevista com professores ocorreu após 40 dias. Os eixos que nortearam a etapa foram: 1-interesse dos alunos; 2-desempenho na disciplina; 3- interesse dos professores pela aplicação de atividades lúdicas. Foram entrevistados quatro professores, todos graduados em Química. Suas análises indicaram que houve aumento do interesse dos alunos pela Química, porém a melhoria no desempenho durante as aulas não foi notável. Quanto à aplicação de jogos, os professores argumentaram que existe cobrança da direção e do Estado pela conclusão do conteúdo proposto, o que limita a possibilidade de organização de aulas diferenciadas.

CONCLUSÕES: O objetivo geral da pesquisa, apresentar uma alternativa lúdica para o ensino de química que despertasse o interesse dos alunos, foi alcançado. O jogo promoveu o interesse, motivando os estudantes. Enfatiza-se ainda o aspecto da socialização entre os colegas, e entre alunos e professores. As respostas dos estudantes ao questionário revelaram grande aceitação pela atividade, inclusive em aspectos de conhecimento e memorização dos elementos da tabela periódica. Já a análise dos professores revelou que a burocratização a que estão submetidos muitas vezes os impede de diversificar suas aulas.

AGRADECIMENTOS:

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: DELIZOICOV, D.; ANGOTTI, J. A.; PERNAMBUCO, M. M. 2011. Ensino de Ciências: fundamentos e métodos. 4ª Ed. São Paulo: Cortez.
MARISCAL, A. J. F.; IGLESIAS, M. J. 2009. Soletrando o Brasil com símbolos químicos. Química nova na escola, 31/1: 31 - 33.
SABIN, M. A. C. 2004. Jogos e brincadeiras na educação infantil. Campinas, São Paulo: Papirus.
SANTANA, E.M. 2006. O Ensino de Química através de Jogos e atividades lúdicas baseados na teoria motivacional de Maslow. Monografia de Conclusão de Curso - Área de concentração: Ensino de Química. Universidade Estadual de Santa Cruz, Ilhéus Bahia.
TRIVIÑOS, A. N. S. 1987. Introdução à pesquisa em ciências sociais: a pesquisa qualitativa em educação. São Paulo: Atlas.