ÁREA: Ensino de Química

TÍTULO: O LIVRO DIDÁTICO DE QUÍMICA NO ENISNO MÉDIO: UM OLHAR SOBRE AS ATIVIDADES EXPERIMENTAIS EM FÍSICO-QUÍMICA

AUTORES: Andrade, R.S. (IFPE CAMPUS VITÓRIA) ; Perdigão, C.H.A. (IFPE CAMPUS VITÓRIA) ; Lima, K.S. (IFPE CAMPUS VITÓRIA)

RESUMO: Esta pesquisa apresenta resultados de uma investigação que teve como objetivo analisar e discutir os livros didáticos recomendados pelo PNLD/2012, no que diz respeito ao grau de participação do aluno nas atividades experimentais. Analisou- se e categorizou-se as cinco obras utilizando um modelo proposto por Morir. A partir das analises pôde-se perceber quais as incoerências e méritos de cada obra analisada, suas especificidades e preocupação com o uso da atividade experimental que auxiliam o processo educativo. A abordagem dessa temática é de grande importância, pois a busca pela excelência na coexistência da teoria e prática se faz necessária ao auxilio e consolidação da transformação do aluno em um ser social.

PALAVRAS CHAVES: Livro didático; Atividade experimental; PNLD/2012

INTRODUÇÃO: O livro didático é um elemento de grande influência no processo da educação formal. E que ao longo dos tempos tem sido objeto de vigilância, censura e análise. Recentemente, a sua escolha tem preocupado tantos os órgãos públicos responsáveis pelo setor educacional, como os professores das diversas áreas, por ser um instrumento significativo aos quais muitos alunos e professores têm acesso. No ensino de Química, especificamente no estudo da físico-química, os alunos sentem grande dificuldade na compreensão dos conteúdos abordados devido à restrição de aulas teóricas em que é visto unicamente a resolução de formulas, leis matemáticas e físicas aplicadas a Química. Abandonando, dessa forma, a essência experimental da Química que nesse momento seria fundamental na consolidação da aprendizagem em que os alunos compreenderiam tanto as propriedades Química, quanto as características dos fenômenos Químicos. Nesse contexto, Andrade et.Al (2012) em trabalhos recentes afirma que a experimentação no ensino de Química, “desperta curiosidade e interesse nos alunos, sendo um recurso capaz de assegurar uma transmissão eficaz dos conhecimentos científicos e que muitas vezes não estão presentes de forma relevante nos livros didático”. Portanto o livro didático de Química deve na sua essência, proporcionar uma qualidade maior na aprendizagem dos educandos, visto que é embasada nele, as aulas oferecidas diariamente. Nessas perspectivas, a pesquisa visa investigar o grau de participação do aluno nas atividades experimentais ofertadas nos livros didáticos de Química propostos pelo guia PNLD de 2012 para que possamos compreender como está sendo desenvolvida a prática experimental no ensino da Química, particularmente, da Físico-Química.

MATERIAL E MÉTODOS: Realizou-se uma pesquisa de abordagem qualitativa. Cujo objeto de pesquisa foi o livro didático, os quais correspondiam a cinco obras que foram previamente avaliadas e validadas pelo PNLD/2012, são eles: Química na abordagem do cotidiano (25073COL21), Química – meio ambiente – cidadania – tecnologia (25159COL21), Química (25163COL21), Química para a nova geração – química cidadã (25164COL21) Ser protagonista química (25174COL21). Porém, o presente estudo analisou em particular as atividades experimentais no segundo volume de cada coleção para se ter uma resposta mais precisa sobre o estudo em questão. O instrumento de classificação dos experimentos segue o modelo de Morir (2009), o qual sugere seis categorias de atividade experimental em decorrência ao grau de participação do aluno. Que pode ser descrita como: Categoria I: são as demonstrações simples, com o direcionamento do livro didático quanto à elaboração do problema, a formulação de hipóteses e a suposição de um plano de trabalho; Categoria II: cabe aos alunos somente montar os instrumentos e observar/coletar dados. As conclusões já estão estabelecidas a priori pelo livro didático, ou são fornecidas imediatamente pelo professor. Categoria III: os alunos não apenas montam os instrumentos e observam/coletam dados, mas também são solicitados a tirarem conclusões. Categoria IV: Cabe ao livro didático estabelecer um problema e propor hipóteses, estando os demais passos sob responsabilidade dos alunos. Categoria V: está categoria inclui as demais categorias, na qual é formulado um problema geral de uma forma aberta a investigação pelos alunos. Categoria VI: da elaboração dos problemas às conclusões, todas as etapas envolvem a participação dos alunos.

RESULTADOS E DISCUSSÃO: Os experimentos presentes no livro, Química na abordagem do cotidiano estão em sua maioria enquadrados na categoria I visto que todas as etapas são desenvolvidas pelo livro didático e professor. O qual não há participação do aluno nem tal pouco a elaboração de conclusões e discussões, já que a atividade se propõe apenas a reforçar o conteúdo abordado de forma ilustrativa. A obra Química – meio ambiente – cidadania – tecnologia restringiu seus experimentos à categoria III, no qual os autores guiam os alunos à observação de alguns fenômenos ocorridos no experimento, mas antecipa as conclusões, ou seja, eles abrem espaço para que os alunos a partir de suas percepções possam elaborar suas conclusões. O professor nesse processo só ira participar como um mediador entre as concepções dos alunos e conhecimento cientifico. A maioria das atividades presentes na obra Química se adéqua a categoria IV, visto que a obra se restringe a um levantamento do conhecimento cientifico antes de propor a atividade prática, o qual apresenta hipóteses a ser investigada através da experimentação. Sugere, então que os alunos planejem e executem a prática a partir de uma lista de materiais previamente sugerida pela obra. As obras Química para a nova geração – química cidadã e ser protagonista química, se enquadraram na categoria II, no qual a atividade é toda planejada pelo livro, se restringindo aos alunos a penas a execução do experimento e a coleta de dados, assemelhando-se a práticas realizadas em laboratórios tradicionais. As categorias V e IV não foram detectadas nas obras analisadas. Pois exigem um grau elevado de autonomia dos alunos, no qual eles deveriam desenvolver desde o plano de trabalho as conclusões.

CONCLUSÕES: Em concordância com Hilário Fracalanza (2006), “embora muitos e diversificados sejam os estudos sobre o livro didático de Ciências no Brasil, poucas são as sugestões feitas pelos trabalhos”. Nessa perspectiva o trabalho trás como resposta a pesquisa realizada, que os livros didáticos de química devem ser repensados e que suas seleções sejam mais criteriosas, para possibilitar atividades experimentais que condizem com uma aprendizagem significativa no qual possibilita os alunos a pensar/analisar/repensar seus conceitos, tornando-se indivíduos críticos e autônomos.

AGRADECIMENTOS: Ao CNPQ e IFPE campus Vitória.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: ANDRADE, Rosivânia da Silvaet al.; Uma investigação sobre as atividades experimentais presentes nos livros didáticos de físico-química do ensino médio. In: CONGRESSO QUÍMICO DO BRASIL, 2. Natal/RN, 2012.
FRACALANZA, H. Livro didático de Ciências: novas ou velhas perspectivas. In: FRACALANZA, H.; MEGID NETO, J. (Orgs.). O livro didático de ciências no Brasil. Campinas: Komedi, 2006.
MORI, Rafael Cava. Análise de experimentos que envolvem química presentes nos livros didáticos de ciências de 1ª a 4ª séries do ensino fundamental avaliados no PNLD/2007. 2009. 203 f. Dissertação (Mestrado) - Instituto de Química de São Carlos, Universidade de São Paulo, São Carlos, 2009.