ÁREA: Ensino de Química

TÍTULO: EDUCAÇÃO QUÍMICA E AMBIENTAL NA SUBSTITUIÇÃO DO USO DE SACOLAS PLÁSTICAS POR SACOLAS RETORNÁVEIS

AUTORES: Mistura, C.M. (UNIVERSIDADE DE PASSO FUNDO)

RESUMO: O plástico é responsável por grandes volumes de resíduos. A reciclagem avança, mas tem custo elevado1. O presente trabalho buscou investigar o consumo mensal de sacolas plásticas, de uma escola da rede pública de Passo Fundo, no RS. Com estes dados, construiu-se coletivamente um programa de educação química para os 3os anos do Ensino Médio da escola, para assim, procurar reduzir a geração deste material pós-consumo, sugerindo a substituição do uso das sacolas plásticas por sacolas retornáveis. No processo discutiram-se conceitos de química, como composição, histórico, ciclo de vida dos grupos de materiais poliméricos, propriedades química e físicas e alternativas de uso. Avaliou-se a participação da comunidade escolar com um pré e pós-teste aplicado aos estudantes e suas famílias.

PALAVRAS CHAVES: reúso; polímeros; educação química

INTRODUÇÃO: Devido ao alto consumo de plásticos e a poluição gerada por esse tipo de material quando descartados indevidamente na natureza, além das dificuldades em torno da sua reciclagem, buscou-se contextualizar e complementar o ensino do conteúdo polímeros no terceiro ano do Ensino Médio, com as discussões sobre consumo consciente e produção de resíduos de sacolas plásticas.

MATERIAL E MÉTODOS: A pesquisa foi realizada com os estudantes do terceiros anos do Ensino Médio de uma escola pública na zona urbana de Passo Fundo, RS. Foram aplicados pré-testes para os estudantes e para seus familiares (64 estudantes e 138 familiares), baseando-se nos dados obtidos nos questionários, avaliaram-se o consumo de sacolas plásticas por componente da família durante 3 meses para obter-se uma média por componente. Assim pode-se avaliar o padrão aquisitivo das famílias. Na escola, as professoras de química desenvolveram o conteúdo de polímeros, composição, propriedades, reciclagem, etc. Após a aplicação de uma estratégia de sensibilização com a utilização de dados sobre os problemas do consumo de sacolas plásticas, incrementou-se a substituição das sacolas descartáveis por sacolas de camisetas velhas confeccionadas pelos próprios estudantes. Acompanhou-se o acúmulo das sacolas em cada residência.

RESULTADOS E DISCUSSÃO: Calculou-se o número de sacolas plásticas que as 65 famílias utilizavam, seu consumo per capita através de suas compras, em três meses. No quarto mês da pesquisa, os integrantes utilizaram o método da substituição, ou seja, foram desafiados a fazer suas compras com uma sacola retornável que foi confeccionada nas aulas de química utilizando-se de camisetas velhas, retornável de material de algodão ou fibra sintética, para a realização das compras domésticas das famílias, e assim, foram contabilizados, novamente, os números de sacolas plásticas que foram gastas nas residências no pós-teste. Observando os dados obtidos nos meses de consumo normal e os resultados atingidos nos meses com a utilização das sacolas retornáveis, obteve-se uma redução significativa no consumo de sacolas plásticas, conforme apresentado na Tabela 1 a seguir, utilizando um método de custo reduzido envolvendo a sensibilização dos sujeitos quanto a preocupação ambiental. Tabela 1. Sacolas plásticas descartáveis acumuladas nas residências dos estudantes pesquisados. Consumo mensal per capita (3 primeiros meses): 26 sacolas Consumo mensal per capita (3 meses após sacola retornável)8 sacolas Redução ~70% Fonte: Levantamento de dados questionário. As famílias pesquisadas apontaram como interessante a ideia e incentivados pelos estudantes, a maioria adotou o uso exclusivo destas para as compras. Apenas 2 famílias não adotaram o uso das sacolas, a informação foi de que a quantidade de compras das famílias necessitava de mais sacolas do que as disponibilizadas pela confecção das retornáveis. A maioria das famílias foram sensibilizadas pelos próprios estudantes que desenvolveram em casa uma atividade de educação ambiental conduzida pelo componente curricular da química.

CONCLUSÕES: A minimização dos problemas ambientais ligados aos plásticos será, provavelmente, o resultado de uma combinação de diversas soluções: reciclagem, biodegradabilidade, consumo consciente, restrições ao uso de certos plásticos e aditivos e sua substituição gradual por outros produtos mais degradáveis ou mais recicláveis2. Dentre a busca de solução está a participação de cada um na reutilização e reciclagem. Com os resultados obtidos conclui-se que é um forma viável de contextualização do conhecimento químico com a educação socioambiental.

AGRADECIMENTOS: Aos sujeitos da pesquisa, pelo envolvimento no trabalho. À Escola, pelo espaço cedido para a realização desta pesquisa e à Universidade de Passo Fundo, RS.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: 1 CASCINO, Fabio. Educação ambiental: princípios, história, formação de professores. 3ª ed. São Paulo: Senac São Paulo, 2003.
2 GRÜN, Mauro. Ética e educação ambiental: a conexão necessária. Campinas: Papirus, 1996.