ÁREA: Produtos Naturais

TÍTULO: Análise físico-química do mel de Itarema

AUTORES: Tavares Cavalcanti Liberato, M.C. (UECE) ; Andrade, S.R. (UECE) ; Castro, C.G. (UECE) ; Noronha, F.R. (UECE) ; Almeida Correia, S.M. (UECE)

RESUMO: O mel é um produto líquido ou semi-líquido produzido por abelhas melíferas a partir do néctar das flores. Ele apresenta cerca de 200 substâncias e é parte importante da medicina tradicional. O objetivo desse trabalho foi analisar o mel de Apis mellifera L. produzido na cidade de Itarema. Para as caracterizações físico-químicas do méis foram utilizados as seguintes metodologias: Reação de Fiehe, uma reação qualitativa que se baseia numa reação colorimétrica para detecção da presença de Hidroximetilfurfural (HMF) no mel, conforme indicado pela legislação brasileira de mel puro; Reação de Lugol, uma reação colorimétrica qualitativa para detecção de fraude em mel por adição de glicose comercial; Reação de Lund, uma reação baseada na precipitação dos albuminóides do mel pelo ácido tânico.

PALAVRAS CHAVES: mel; lugol; lund

INTRODUÇÃO: O mel é uma substância produzida pelas abelhas e outros insetos sociais a partir do néctar das flores ou de outras secreções de plantas que elas coletam e transforma através da evaporação da água e da adição de enzimas. As abelhas são insetos que pertencem á ordem Himenóptera, tendo surgido na face da terra há mais de cinqüenta milhões de anos e sempre presente em civilizações antigas como dos gregos e egípcios. Existem abelhas solitárias, semi-sociais e sociais, sendo a comunicação o principal fator que as distingue quanto a sua sociabilidade (IOIRISH,1981). É considerado um dos alimentos mais puros da natureza e apresenta riqueza de elementos em sua composição. Bastante água, glicose, frutose, sacarose e maltose, sais minerais, vitaminas, enzimas, hormônios, proteínas, ácidos, aminoácidos e fermento. (BATISTA, 2004). A criação racional de abelhas constitui uma atividade em que se consegue obter bons resultados econômicos, ecológicos e sociais. Essa atividade, desenvolvida ao longo do tempo por pequenos, médios e grandes produtores, vem despertando o interesse de muitos criadores e instituições do Brasil. (RODRIGUES, 2004). Sistematicamente, apicultores e consumidores, de todo País, têm demonstrado grande preocupação com a qualidade dos méis. Visando obter informações sobre o mel comercializado e consumido pela população da cidade de Itarema no Ceará, foi desenvolvido esse trabalho.

MATERIAL E MÉTODOS: Reação de Lugol. Esta reação colorimétrica é qualitativa e foi realizada conforme metodologia indicada pelo Instituto Adolfo Lutz. Considera-se positiva quando a coloração final for violeta ou azul. (CANO, et al, 2005). Na presença de glicose comercial ou xaropes de açúcar, a solução ficaria colorida de marrom-avermelhada a azul. A intensidade da cor depende da qualidade e da quantidade Reação de Lund Esta reação, baseada na precipitação dos albuminóides do mel pelo ácido tânico, é considerada positiva quando o precipitado variar de 0,6 a 3,0 ml no fundo da proveta e foi realizada conforme metodologia preconizada pelo Instituto Adolfo Lutz. O princípio deste teste de qualidade está na precipitação ácida dos albuminóides. Na presença de mel puro, formar-se-á um depósito de 0,6 a 3,0 ml no fundo da proveta. Em mel artificial ou diluído, não se produz precipitado ou aparecem apenas vestígios. Reação de Fiehe A leitura desta prova qualitativa é diretamente ligada à cor vermelha presente na reação do HMF com a resorcina, na presença de glicose comercial ou de mel superaquecido, aparecerá uma coloração vermelha intensa após 5 a 10 minutos, indicando a fraude, foi realizada conforme metodologia preconizada pelo Instituto Adolfo Lutz.

RESULTADOS E DISCUSSÃO: Os resultados obtidos são apresentados na tabela 1.Algumas adulterações no mel são feitas com o emprego de xarope do milho, de beterraba e xarope invertido. O xarope invertido é obtido por hidrólise ácida do xarope do milho e contém teores altos de hidroximetilfurfural (HMF). O mel da abelha contém pequena quantidade de HMF, mas com o armazenamento prolongado em temperatura ambiente alta e /ou superaquecimento este teor se eleva. Caso isso ocorra, o mel terá seu valor nutricional alterado. O HMF servirá como um indicador da qualidade do mel, pois quando este é formado, provavelmente, já poderá ter ocorrido perda de algumas enzimas,como por exemplo: glicose oxidase. Pelos valores obtidos no experimento, para presença de HMF, verifica-se que pela Legislação Vigente para o mel de Apis mellifera oriundo de Itarema, enquadra-se nos padrões de qualidade exigidos pelo mercado consumidor.

tabela 1

Tabela com resultados das análises.

CONCLUSÕES: CONCLUSÃOPelos resultados obtidos, pode-se concluir que as características do mel variam de acordo com sua origem, devido ao tipo de solo e vegetação visitada pela abelha produtora; no entanto o mel produzido em Itarema esta qualificado para ser comercializado, de acordo com a Legislação Vigente.

AGRADECIMENTOS:

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: BATISTA, Cristiane. A Natureza é o meio.Almanaque Rural Apicultuta nº 01. São Paulo:Escala, 2004. p 64, 65
BRAND-WILLIAMS, W., CUVELIER, M. E. e BERST, C. 1995. Use of a free radical method to evaluate antioxidant activity. Lebensmittel Wissenschaft Und Technologie, 28: 25-30.
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MEDA, A., LAMIEN, C. E., ROMITO, M., MILLOGO, J., NACOULMA, O. G. 2005. Determination of the Total Phenolic, Flavonoid and Proline Contents in Burkina Fasan Honey, as well as their Radical Scavenging activity. Food Chemistry, 91: 571-577.
RHEE, I. K., MEENT, M., INGKANINAN, K., VERPOORTE, R. 2001. Screening for acetylcholinesterase inhibitors from Amaryllidaceae using silica gel thin-layer chromatography in combination with bioactivity staining. Journal of Chromatography A, 915: 217-223.
RODRIGUES, A.E.; da SILVA, E.M.S; BESERRA, E.M.F.; RODRIGUES, M.L. Análise físico-química de méis das abelhas Apis Mellifera e Melipona Scutellaris. Agronline.com.br Disponível em:<http://www.agronline.com.br/agrociencia/artigo/
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SINGLETON, V. L., ORTHOFER, R., LAMUELA-RAVENTOS, R. M. 2002. Analysis of total phenols and other oxidation substrates and antioxidants by means of Folin-Ciocalteu reagent. Methods in Enzymology, 299: 152-178.

CANO, C. B.; NAGATO, L. A. F.; DURAN, M. C. colab. Açúcares e produtos correlatos. In: INSTITUTO ADOLFO LUTZ. Métodos físico-químicos para análise de alimentos. 4º ed. Brasília: ANVISA, 2005. cap. 7, p. 321- 343