ÁREA: Produtos Naturais

TÍTULO: AVALIAÇÃO QUALITATIVA DE DIVERSAS FONTES DE INDICADORES NATURAIS DE pH

AUTORES: Maria Aparecida dos Santos, J. (IFMT CAMPUS CONFRESA) ; Santos Silva, A. (IFMT CAMPUS CONFRESA) ; da Silva Lopes, R. (IFMT CAMPUS CONFRESA) ; Alves da Silva, R. (IFMT CAMPUS CONFRESA)

RESUMO: Objetivou-se com o presente trabalho avaliar extratos de Brassica oleracea L. var. capitata (repolho roxo), Allium cepa L. (cebola roxa), Beta vulgares L. (beterraba) e Daucus carota L. (cenoura) como indicadores naturais de pH, utilizando diferentes meios de extração das substâncias indicadoras. As avaliações foram realizadas mediante as características visuais da coloração de cada extrato em soluções com diferentes valores de pH. Concluiu-se que o extrato de repolho roxo consistiu no melhor indicador natural de pH e que a extração com água destilada por 5 minutos em microondas consistiu no melhor meio de extração para o repolho roxo, cebola roxa e beterraba e para a cenoura o melhor método de extração consistiu na infusão.

PALAVRAS CHAVES: Indicadores naturais; Potencial hidrogeniônico; Técnica alternativa

INTRODUÇÃO: Indicadores de potencial hidrogeniônico (pH) ou indicadores de ácido-base são substâncias capazes de mudar de cor em função da variação do pH da solução ou do meio em que estão inseridas. Segundo Terci & Rossi (2002), os indicadores naturais de pH são conhecidos há muito tempo e foi descoberto por Robert Boyle ainda no século XVII quando preparava um licor de violeta. Ele observou que o licor ficava vermelho em solução ácida e verde em solução alcalina. O estudo de pigmentos naturais vem sendo cada vez mais explorados por alguns autores, no sentido de utilizar esse recurso para diversos fins como, por exemplo, aula prática no ensino de Química para alunos de ensino médio e graduação; atividades de educação ambiental para detectar poluentes em rios ou reservatórios de água; aferição de acidez em algumas atividades agropecuárias como, por exemplo, piscicultura e resfriadores de leite, dentre outros (JUNIOR & BISPO, 2010; DIAS et al., 2003). De acordo com Lima et al., (2009) diversos materiais alternativos já foram relatados como indicadores naturais de pH, bem como diversos meios de extração das substâncias indicadoras. No entanto, percebe-se a necessidade de informações que ditam quais espécies e quais métodos de extração das substâncias indicadoras apresentam maior potencial ou eficácia para a indicação de pH. Diante disso, desenvolveu-se o presente trabalho com o objetivo de avaliar a eficiência qualitativa de diversas fontes de indicadores naturais de pH, bem como os principais métodos de extração dessas substâncias.

MATERIAL E MÉTODOS: O trabalho foi desenvolvido no laboratório de Química do Instituto Federal do Mato Grosso Campus Confresa. Como fonte de substâncias indicadoras de pH foi utilizado extratos de Brassica oleracea L. var. capitata (repolho roxo), Allium cepa L. (cebola roxa), Beta vulgares L. (beterraba) e Daucus carota L. (cenoura). Os métodos de extração das substâncias indicadoras consistiram em água destilada 1:1 m/v por 5 minutos em microondas, água destilada a temperatura ambiente 1:1 m/v por 30 minutos em repouso, álcool 92,8% 1:1 m/v por 30 minutos em repouso e por fim através do processo de infusão, onde a água destilada foi aquecida aos 100°C e adicionada ao material na proporção de 1:1 m/v, onde foi abafado até o seu total resfriamento. Para a extração das substâncias indicadoras foi utilizado 100 g do material fresco e ralado, no intuito de permitir a máxima extração das substâncias indicadoras de pH de cada espécie estudada. A avaliação das substâncias foi realizada em tubos de ensaio, onde foi adicionado 1 ml da substância indicadora e dois ml das soluções com três valores distintos de pH. As soluções utilizadas para avaliação dos indicadores naturais de pH consistiram em ácido acético (vinagre)pH = 2,8, bicarbonato de sódio dissolvido em água destilada 1:25 m/v pH = 8,0 e hidróxido de sódio PA dissolvido em água destilada 1:25 m/v pH = 12,5. As avaliações consistiram na observação das características visuais, considerando como os melhores indicadores, aqueles que apresentaram cores consistentes e com elevada diferença de tonalidade em meio às soluções com diferentes valores de pH.

RESULTADOS E DISCUSSÃO: Em diferentes pHs os extratos apresentam diferentes colorações que podem facilmente ser identificados por avaliações visuais, permitindo a definição de uma escala de cores em função do pH. Dentre as espécies avaliadas o repolho roxo foi o que apresentou maior destaque, sendo considerado como o melhor indicador natural de pH dentre as espécies avaliadas, apresentando ótimos resultados com todos os meios de extração que foram testados. A cebola roxa também se mostrou como uma boa indicadora de pH, ficando atrás somente do repolho roxo, no entanto, a extração das suas substâncias em água destilada por 30 minutos não demonstrou muita eficiência. A beterraba também apresentou bons resultados com todos os métodos de extração, porém o repolho roxo e a cebola roxa demonstraram maior potencial. A cenoura demonstrou pouca eficiência como indicadora de pH, devido à tonalidade das suas cores em soluções com diferentes valores de pH ser muito semelhantes, isso dificulta a interpretação dos resultados. Observou-se que cada espécie apresenta suas cores características e que elas mudam de tonalidade de acordo com o método de extração. Terci & Rossi (2002) em seu trabalho avaliando a viabilidade do uso de alguns extratos de frutos comuns do Brasil, identificou que a ligeira diferença de cores entre os extratos das diferentes espécies, para um mesmo valor de pH, pode ser atribuída ao fenômeno de associação entre os corantes, que é influenciada pela quantidade e pelos tipos de antocianinas presentes em cada extrato. Isso pode explicar as diferenças visuais, observadas no extrato de cada espécie estudada para o mesmo valor de pH.

Figura 1

Características visuais dos extratos de repolho roxo, cebola roxa, beterraba e cenoura sobre os diferentes métodos de extração.

CONCLUSÕES: Concluiu-se que a extração em água destilada por 5 minutos em microondas consistiu no melhor método para a extração das substâncias de repolho roxo, cebola roxa e beterraba e para a cenoura o melhor método de extração foi à infusão. O repolho roxo demonstrou-se como o melhor indicador natural de pH, sendo necessário o desenvolvimento de outros estudos que possam viabilizar a utilização desse indicador nas atividades rotineiras da agropecuária.

AGRADECIMENTOS:

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: TERCI, D. B. L.; ROSSI, A. V. Indicadores naturais de pH: usar papel ou solução? Ver. Química nova, v. 25, nº 4, 2002.
JUNIOR, G. W.; BISPO, L. M. Corantes naturais extraídos de plantas para utilização como indicadores de pH, 2010. Acesso em: 23 de junho de 2012. Disponível em: http://www.ra-bugio.org.br/manutencao/uploaded/projetos/Artigo-Corantes_Naturais.pdf.
DIAS, M. V.; GUIMARÃES, P. I. C.; MERÇON, F. Corantes naturais: extração e emprego como indicadores naturais de pH. Ver. Química nova na escola, nº 17, maio de 2003.
LIMA, M. A. A.; VERAS, G. L. N.; SANTIAGO, G. M. P. LIMA, J. Q. Obtenção e aplicação de indicadores naturais de pH. Anais... Sociedade Brasileira de Química, 2009.