ÁREA: Produtos Naturais

TÍTULO: ATIVIDADE ANTIMICROBIANA DE FRUTOS-SEMENTE DE Ocimum gratissimum Lineu (LAMIACEAE)

AUTORES: Siqueira, S.L. (UFPE) ; Santos, S.M. (UFPE) ; Oliveira, R.A. (UFPE) ; Plastino, P.J. (UFPE) ; Sena, K.X.F.R. (UFPE) ; Albuquerque, J.F.C. (UFPE)

RESUMO: Ocimum gratissimum L. (LAMIACEAE) é uma planta de pequeno porte, que brota em todo o território brasileiro. No Brasil, esta espécie é amplamente conhecida por diversos nomes populares dependendo da região onde é cultivada. Alfavaca é o nome que sempre prevalece, porém, outras denominações como alfavacão, alfavaca-cravo, e manjericão-cheiroso são reconhecidas. As folhas são empregadas na medicina popular para diversos fins, entre estes, antidiarréica, antifúngico, antibacteriana, anti-inflamatória e também como hipoglicemiante. Neste trabalho foi avaliada a atividade antimicrobiana do extrato etanólico de frutos-semente de alfavaca frente a nove micro-organismos compreendidos como Gram-positivos, Gram-negativos, levedura e álcool-ácido resistente, apresentando bons resultados.

PALAVRAS CHAVES: Ocimum gratissimum; alfavaca; atividade antimicrobiana

INTRODUÇÃO: A espécie Ocimum gratissimum L. é uma planta conhecida como alfavaca- cravo, manjericão-cheiroso ou alfavacão, é originária da Ásia e África, sendo usada principalmente da Índia como condimento ou mesmo como remédio devido às suas propriedades medicinais. Esta planta é adaptada e utilizada em todo o território brasileiro (LORENZI & MATOS, 2002). Este gênero apresenta grande diversidade de espécies, sendo chamadas, popularmente, como alfavacas ou manjericões (BLANCK et al., 2004). É usada na medicina popular para curar diversos males entre estes infecções, tosses, inflamações, micoses e também para combater diabetes. Além dessas propriedades terapêuticas é usada ainda na culinária como temperos em diversos molhos (Corrêa, 1932; Onajobi, 1986). O óleo essencial é composto por eugenol e timol, além de outros. A fração contendo os óleos essenciais extraídos foi testada contra o parasito Haemonchus contortus encontrado em animais ruminantes de pequeno porte, o resultado dessa pesquisa foi considerado muito bom no controle desse parasito(Morais et al., 2002). Trata-se de uma planta herbácea, anual ou perene, com caule ramificado, que atinge aproximadamente 90 cm de altura. As folhas são opostas, ovais, pecioladas, de cor verde-clara. De acordo com Martins et al. (2009), as plantas da espécie O. gratissimum quando cultivadas ao sol apresentam maior densidade de tricomas glandulares acompanhada de maior espessura das folhas, o que proporciona maior teor de óleo essencial. As flores presentes nas extremidades das ramificações são brancas e pequenas. Os frutos-semente apresentam 4 aquênios. O teste antimicrobiano foi realizado a partir de extrato etanólico de frutos-semente.

MATERIAL E MÉTODOS: O material vegetal coletado foi conduzido ao laboratório de Produtos Naturais e Síntese de Fármacos. Para a preparação do extrato vegetal, os frutos-semente de Ocimum gratissimum L. foram embebidos com etanol e conduzidos ao agitador mecânico que garante eficiência e agilidade ao processo de extração. Desse modo, a amostra conduzida ao setor de Microbiologia do Departamento de Antibióticos da UFPE foi o resultado de três consecutivas extrações com o solvente etanol. Então, 50 miligramas de extrato isento de solvente, uma vez que requer evaporação do etanol para armazenar o produto da extração, foram usadas no teste. Foram empregadas quatro bactérias Gram-positivas (Staphylococcus aureus, Micrococcus luteus, Bacillus subtilis, Enterococcus faecalis), e três bactérias Gram-negativas (Escherichia coli, Serratia Marcescenses, Pseudomonas aeruginosa), e um microrganismo álcool-ácido resistente (Mycobacterium smegmatis), além de uma levedura(Candida albicans). A avaliação da atividade antimicrobiana foi feita pelo método de difusão em disco de papel (BAUER et AL., 1966). Discos de papel com diâmetros de 6 mm embebidos com 10 µL de soluções dos extratos com concentração de 2000 µg/disco foram colocados sobre a superfície do meio Müeller-Hinton e semeados com os micro-organismos-testes (turvação de 0,5 da escala McFarland). As drogas- padrão empregadas foram cetoconazol (300 µg) para a levedura e kanamicina (30 µg) para bactérias. As placas foram incubadas à temperatura de 37 °C por 24 horas, enquanto que a da levedura a 30 °C por um período de 24 a 48 horas. Depois da incubação, os halos de inibição produzidos ao redor dos discos foram medidos em milímetros e observados.

RESULTADOS E DISCUSSÃO: O extrato etanólico de frutos-semente de O. gratissimum apresentou atividade para quatro micro-organismos, três bactérias Gram-positivas e o micro- organismo álcool-ácido resistente. Para as bactérias Gram-positivas, os halos produzidos foram para: Staphylococcus aureus 15mm, Micrococcus luteus 11mm e Bacillus subtilis 8mm. O germe álcool-ácido resistente, Mycobacterium smegmatis apresentou halo de 11mm. Os demais micro-organismos empregados no teste não foram sensíveis ao extrato vegetal testado. A formação de halos e seus diâmetros representam o poder de inibição do extrato frente ao micro-organismo teste. Halos iguais ou superiores a 10mm de diâmetro são tidos como satisfatórios no processo de inibição de micro-organismos (AWADH ALI at al, 2001). Diante dos nove micro-organismos usados, o extrato foi eficiente na inibição de quatro deles da classe das bactérias Gram–positivas com formação de halos que variaram de 8 a 15mm de diâmetro.

CONCLUSÕES: O extrato dos frutos-semente de alfavaca inibiu quatro micro-organismos. O solvente polar, etanólico, possibilitou a extração de princípios ativos antimicrobianos que produziram halos consideráveis. Os halos produzidos são considerados satisfatórios, uma vez que, o menor halo foi de 8 mm e o maior, 15 mm. O micro-organismo mais sensível à presença do extrato vegetal foi a bactéria Gram-positiva S. aureus 15mm, seguidos de M. luteus 11mm , e B. subtilis 8mm. Além do germe álcool-ácido resistente, M. smegmatis 11mm.

AGRADECIMENTOS: Ao CNPq pelo financiamento do Projeto. Aos alunos do laboratório de Microbiologia a UFPE pela cooperação nos testes realizados.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: AWADH ALI, N. A. , JULICH, W.D., KUSNISCK, C., LINDEQUIST, U. 2001. Journal of ethnophamacology 74 -173.

BAUER, A. W., KIRBY, W. M. M., SHEVIS, J. C., & TRUCK, M. 1966. Antibiotic susceptibily testing by standardized single disc method. Amer. J. Clin. Pathol., 45, 493-496.

BLANK, A. F.; CARVALHO FILHO, J. L. S.; SANTOS NETO, A. L.; ALVES, P. B.; ARRIGONI-BLANK, M. F.; SILVA-MANN, R.; MENDONÇA, M. C. Caracterização
morfológica e agronômica de acessos de manjericão e alfavaca. Horticultura Brasileira,Brasília, v. 22, n. 1, p. 113-116, jan./mar. 2004.