ÁREA: Produtos Naturais

TÍTULO: OBTENÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DA FRAÇÃO VOLÁTIL DE ÓLEO DE Copaifera multijuga HAYNE (Caesalpiniaceae)

AUTORES: Ferreira, M.R.A. (UFPE) ; Galvão, M.A.M. (UFPE) ; Leão, W.F. (UFPE) ; Randau, K.P. (UFPE) ; Góes, A.J.S. (UFPE) ; Soares, L.A.L. (UFPE)

RESUMO: O óleo de Copaifera multijuga Hayne (Caesalpiniaceae) é muito utilizado na medicina popular e um desafio no controle de qualidade é a complexidade de seus componentes, pois não existem metodologias específicas nos códigos oficiais. Portanto, o propósito do estudo foi desenvolver um procedimento para controle de qualidade do óleo de C. multijuga (copaíba). O óleo foi submetido à hidrodestilação e a fração volátil obtida foi analisada por CG. A hidrodestilação proporcionou rendimento de 24,81±0,32 (1,29%). A análise por CG gerou cromatogramas com resolução satisfatória (25 picos). Na quantificação, determinou-se um teor de 49% de trans-(-)-cariofileno, sendo o componente majoritário. Os métodos mostraram-se adequados e importantes para quantificação e padronização dos componentes.

PALAVRAS CHAVES: Copaíba; Fração Volátil; Cromatografia gasosa

INTRODUÇÃO: Copaifera multijuga Hayne (Caesalpiniaceae), conhecida popularmente como copaíba, nome derivado do tupi, que significa árvore de depósito devido ao alto teor de óleo-resina encontrado em seu tronco, é uma espécie vegetal encontrada na região Amazônica, sendo amplamente utilizada na medicina popular como anti- inflamatório e antisséptico em feridas, eczemas, psoríase e urticária. A ausência de estudos químicos e metodologias analíticas que assegurem a caracterização e manutenção da qualidade de matérias primas vegetais comprometem a autenticidade e a efetividade de produtos industrializados a partir destas. Com o rigor da legislação vigente para o controle de qualidade de fitoterápicos e a falta de metodologias específicas em compêndios oficiais, é necessário o desenvolvimento de métodos analíticos que atendam a especificidade e a individualidade de cada matéria prima para que possam fornecer segurança e assegurar a eficácia de produtos acabados a partir de matrizes vegetais. Estudos recentes a cerca da matéria prima C. multijuga tem mostrado que o método mais eficiente para seu controle de qualidade é a cromatografia gasosa. No presente estudo, a partir de frações voláteis do óleo de copaíba provenientes de hidrodestilação, foram obtidos perfis cromatográficos em cromatógrafo à gás acoplado a detector de ionização em chama (DIC) com a finalidade de caracterizar e padronizar parâmetros de qualidade para posterior validação de metodologia analítica para controle de qualidade do óleo de copaíba.

MATERIAL E MÉTODOS: O óleo bruto de copaíba oriundo de Manaus-AM foi fornecido pela empresa CONSULFAR (Recife-PE). Para preparação da amostra, cerca de 18 mL do óleo-resina extraído do caule de copaíba foram submetidos a hidrodestilação sob 90°C durante 1h30min. Após resfriamento, a fração volátil foi recolhida, dessecada com sulfato de sódio anidro e o volume determinado. O rendimento percentual do processo foi calculado pela média de três repetições Para desenvolvimento do método de análise quantitativo foi realizado por padronização externa com um padrão comercial de trans-(-)-cariofileno (Sigma, USA). Cerca de 0,5 uL da amostra da fração volátils foi injetado em cromatógrafo à gás modelo GC-17A (Shimadzu), equipado com detector de ionização de chama (DIC), e empregando coluna de sílica fundida com 30 m de comprimento, 25 mm de diâmetro interno e 25 µm de microfilme; e, adotando razão de split de 100. Hélio foi utilizado com gás de arraste em vazão de 2,0 mL.min-1. A programação de temperatura foi de isoterma inicial de 5 minutos a 120°C seguida por taxa de aumento de 2°C até 160°C, logo após taxa de aumento de 20°C até 240°C mantidos por 5 min. As temperaturas do injetor e do detector foram de 250°C e 260°C, respectivamente. O pico referente ao padrão foi identificado através da co-injeção do padrão e amostra; e, através de comparação dos tempos de retenção.

RESULTADOS E DISCUSSÃO: A partir da hidrodestilação, foi obtida fração volátil do óleo de copaíba transparente e límpida, cuja densidade foi determinada e obteve-se como resultado 0,8569 ± 0,0024 (0,28) g/mL, expressos como média ± desvio padrão (coeficiente de variação). O rendimento médio obtido foi de 24,81% ± 0,32 (1,29), sugerindo que o procedimento além de simples, é de baixo custo para preparação de amostras, podendo ser adotado na rotina analítica com facilidade, reprodutibilidade e eficácia. Considerando a análise qualitativa da fração de volátil, pode-se constatar a presença de 25 picos no cromatograma, entre os quais se destacou o pico com tempo de retenção de 10,62 min. O pico referente ao marcador químico foi confirmado através da comparação do tempo de retenção do padrão (10,62 min) e comparado com os tempos de retenção dos picos no cromatograma da amostra. Os dados permitiram identificar na amostra o pico correspondente ao trans-(-)-cariofileno; e, adicionalmente, confirmaram que o padrão também é o componente majoritário da fração volátil do óleo de copaíba. A partir dos cálculos realizados com os resultados da padronização externa foi possível inferir que a concentração de trans-(-)-cariofileno na fração volátil do óleo de copaíba obtido através de hidrodestilação é igual a 49,05% ± 0,10 (0,21%).

CONCLUSÕES: No óleo de copaíba as substâncias de interesse estão na fração volátil e são representados majoritariamente pelo trans-(-)-cariofileno. A metodologia foi capaz de separar os picos cromatográficos, permitiu identificar o marcador e determinar o teor de trans-(-)-cariofileno na fração estudada. Com a posterior validação do método será possível estabelecer uma ferramenta para controle de qualidade de amostras de óleo de copaíba, possibilitando o estabelecimento de especificações que proporcionem maior controle para o emprego da matéria-prima no setor produtivo farmacêutico e cosmético.

AGRADECIMENTOS: Ao Laboratório de Síntese de substâncias de interesse terapeutico - LASSINT, do Departamento de Antibióticos (UFPE).

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: ANVISA. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Resolução RE 899, de 29 de maio de 2003. Guia para validação de métodos analíticos e bioanalíticos. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 02 de junho de 2003.
BIAVATTI, M.W., et. al. Análises de óleos-resina de copaíba: contribuição para o seu controle de qualidade. Ver. Bras. Farm.. 16(2): 203-235, 2006.
FARRANT, T. Practical statistcs for the analytical scientist. Cambridge: The Royal Society of Chemistry, 1997.
ICH – International Conference on Hatmonization. Validation of Analytical Procedures: Methodology. London, 1996. Capturado da Internet – www.eudra.org/emea.html.
KROMIDAS, S. Validierung in der Analytik. Wiley: VCH, 1999.
PEREIRA, F.J., et. al. Isolamento, Composição Química e Atividade Anti-inflamatória do Óleo Essencial de Pericarpo de Copaifera langsdorffii Desf. De acordo com Hidrodestilações Sucessivas. Lat. Am. J. Pharm. 27 (3): 369-74, 2008.
SOUSA, J.P.B., et. al. Validation of a gas chromatographic method to quantify sesquiterpenes in copaíba olis. J. Pharm. Biom. Anal. 54: 653-659, 2011.
TAPPIN, M.R.R., et. al. Análise química quantitative para a padronização do óleo de copaíba por cromatografia em fase gasosa de alta resolução. Quím. Nova. 27 (2): 236-240, 2004.