ÁREA: Produtos Naturais

TÍTULO: IDENTIFICAÇÃO E QUANTIFICAÇÃO DO ÓLEO ESSENCIAL DA INSULINA VEGETAL (Cissus sicyoides)

AUTORES: Beltrame, J. (UTFPR- CAMPUS TOLEDO) ; Dotto, F. (UTFPR- CAMPUS TOLEDO) ; Santos, A. (UTFPR- CAMPUS TOLEDO) ; Chiavelli, L.U.R. (UEM) ; Martendal, J.M.P. (UTFPR- CAMPUS TOLEDO) ; Simsen, V.L. (UTFPR- CAMPUS TOLEDO) ; Rosa, M.F. (UNIOESTE- CAMPUS TOLEDO) ; Lobo, V.S. (UTFPR- CAMPUS TOLEDO)

RESUMO: O objetivo do presente trabalho consistiu em extrair e caracterizar quimicamente o óleo essencial da espécie popularmente conhecida como “insulina vegetal” (Cissus sicyoides). A produção do óleo foi realizada por hidrodestilação através de um extrator tipo Clevenger, tendo sido observado um rendimento de 0,05%. O material apresentou massa específica de 0,83 g mL-1. A substância alfa-linalol (54,52%) foi identificada como componente majoritário, tendo sido observado ainda a presença de 2,4-di-terc-butil fenol (9,91%), alfa-ionona (7,02%), hexahidrofarnesil acetona (5,92%) e o 2,6,10-trimetiltetradecano (4,06%) como demais componentes relevantes no material.

PALAVRAS CHAVES: óleo essencial; Cissus sicyoides; composição química

INTRODUÇÃO: A denominação popular “insulina vegetal” é dada de forma genérica a algumas trepadeiras presentes na América Tropical, principalmente na Região Amazônica. Estas plantas possuem ramos e folhas um pouco carnosas, gavinhas opostas às folhas e raízes aéreas pêndulas com fruto do tipo drupa ovóide-globosa, de cor roxo-escura, com polpa carnosa, contendo uma única semente de cerca de 6 mm de comprimento. Multiplica-se tanto por sementes como pelo enraizamento dos ramos (BELTRAME, 2001). Estudos realizados com o extrato da espécie Cissus sicyoides têm revelado várias atividades farmacológicas, dentre as quais se destacam as atividades antioxidante e antimicrobiana (SANTOS et al., 2008). As folhas são empregadas externamente contra reumatismo e abscessos e a infusão de folhas e do caule é utilizada na inflamação muscular, na hipotensão e como ativadora da circulação sangüínea (BELTRAME, 2001). A planta em referência vem sendo muito empregada pela população para o tratamento do diabetes. Porém não há estudos que comprovam a afirmação popular que cita a planta como “insulina vegetal” (SANTOS et al., 2008). Com base em inúmeras pesquisas já realizados com produtos do metabolismo vegetal secundário, este trabalho tem como objetivo realizar o primeiro estudo químico do óleo essencial da espécie Cissus sicyoides.

MATERIAL E MÉTODOS: 1. Obtenção da amostra As amostras da planta de “insulina vegetal” (Cissus sicyoides) foram obtidas no município de Terra Roxa/PR. As coletas das amostras das plantas eram realizadas sempre no mesmo horário, 18h, sendo aplicado o mesmo procedimento a todas as amostras. O corte da planta era realizado na parte superior de sua base, e o material era acondicionado em uma caixa de papelão e enviado ao laboratório, submetendo-se a planta ao processo de secagem no dia seguinte. 2. Extração por arraste a vapor O material vegetal foi seco em estufa com circulação e renovação de ar por 48h, a uma temperatura de 50°C, determinando o teor de umidade por uma determinadora de umidade por infravermelho. Para o processo de extração do óleo essencial utilizou-se um destilador Clevenger SL 76, a 100°C durante um período de 90min após o início da ebulição, sendo usadas 25g de planta composta de caule e folhas. 3. Caracterização química A separação e identificação dos componentes químicos dos extratos de óleo essencial de insulina vegetal foram realizadas por CG/EM (Thermo-finnigan, Modelo Focus DSQ II), utilizando uma coluna capilar DB-5 (30m x 0,25mm x 0,25μm) com uma fase estacionária composta por 5% de fenil e 95% de dimetilpolisiloxano. O gás de arraste utilizado foi o He e vazão de 1 mL min-1; modo razão de Split 1:50, sendo 280ºC a temperatura da interface, com o gradiente de temperatura da coluna: T inicial de 50°C, elevou até 290ºC a 3ºC min-1, permanecendo nesta por 20 min, tendo a T da fonte de ionização e do injetor de 250°C. As amostras foram padronizadas a 0,001g L-1 utilizando o CH2Cl2 como solvente e injetado 1μL. Para identificação dos compostos detectados utilizou-se a comparação dos espectros de massas obtidos com a biblioteca do equipamento NIST MS Search versão 2.0.

RESULTADOS E DISCUSSÃO: O valor médio do rendimento em base seca obtidos na extração do óleo essencial de insulina vegetal foi de 0,05%, com densidade de 0,83 g.mL-1. A umidade relativa foi de 11%. Os componentes químicos identificados no óleo são apresentados na Tabela 1. Para cada substância encontrada é apresentado o tempo de retenção. Foram identificados 19 compostos. A Figura 1 apresenta o cromatograma obtido da amostra do óleo de insulina vegetal. Pode-se observar pelo cromatograma que o alfa-linalol (13,72 min) é o composto majoritário presente na amostra com concentração de 54,52 % na amostra total.Além do alfa-linalol pode-se considerar os compostos 2,4-di-terc- butil fenol, alfa-ionone, hexahidrofarnesil acetona e o 2, 6, 10- trimetiltetradecano como majoritários, pois foram encontrados concentrações acima de 4% na amostra total. A relação das áreas dos picos fornece a relação qualitativa do percentual de óleo que contém os determinados compostos nas amostras. Esta relação permite avaliar a percentagem relativa dos compostos do óleo de insulina vegetal, podem- se citar os compostos majoritários obtidos: alfa linalol 54,92%, 2,4-di-terc- butil fenol 9,91%, alfa-ionone 7,02%, hexahidrofarnesil acetona 5,92% e 2,6,10- trimetiltetradecano 4,06%.

Tabela 1

Compostos químicos identificados no óleo essencial de Insulina vegetal e seus respectivos tempo de retenção (Tr).

Figura 1

Cromatograma para o óleo essencial do o óleo essencial da Insulina vegetal.

CONCLUSÕES: O estudo reportou com sucesso a primeira caracterização química do óleo essencial de Cissus sicyoides, planta popularmente conhecida como “insulina vegetal” e à qual se atribuem diversas propriedades farmacológicas. A produção do óleo foi realizada por extrator tipo Clevenger, tendo sido observado um rendimento de 0,05%, e massa específica de 0,83 g mL-1. A substância alfa-linalol (54,52%) foi identificada como componente majoritário, tendo sido observado ainda a presença de 2,4-di-terc-butil fenol-9,91%, alfa-ionona-7,02%, hexahidrofarnesil acetona-5,92% e o 2,6,10-trimetiltetradecano-4,06%.

AGRADECIMENTOS: UTFPR Câmpus Toledo; UEM; Fundação Araucária.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: BRASIL. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Boas práticas agrícolas (BPA) de plantas medicinais, aromáticas e condimentares. Brasília: MAPA/SDC, 2006. 48 p. Disponível em: <http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/ cartilha_plantas_medicinais.pdf>. Acesso em: 26/05/2012.

BELTRAME, Flávio Luis. Estudo fitoquímico e avaliação do potencial antidiabético do cissus sicyoides L. Revista Química Nova, vol. 24, nº. 6, 2001.

SANTOS, H. B.; MODESTO, J.; DINIZ, M. F. F.; VASCONCELOS, T. H. C.; PEREIRA, F. S. B.; RAMALHO, J. A.; DANTAS, J. G.; SANTOS, E. B. Avaliação do efeito hipoglicemiante de Cissus sicyoides em estudos clínicos fase II. Revista Brasileira de Farmacognosia. Vol. 18 nº1. João Pessoa Jan/Mar. 2008.