ÁREA: Produtos Naturais

TÍTULO: ESTUDO FITOQUÍMICO DAS FOLHAS DE Deguelia utilis (A.C.Sm.) A.M.G. AZEVEDO

AUTORES: Gomes, D. (UFPA) ; Nascimento, M. (UFPA)

RESUMO: O Timbó é uma das plantas bastante estudadas na Amazônia Brasileira, dentre as suas variedades destaca-se a Deguelia utilis, conhecido como Timbó verdadeiro. Essa espécie foi coletada e obteve-se o extrato bruto das folhas. Esse extrato passou por um fracionamento em cromatografia clássica. Dentre as frações obtidas, a Fração 3 (fração 100% acetato de etila) foi utilizada para dar prosseguimento ao estudo. A SubFração 3, foi utilizada para o isolamento em HPLC. A substância isolada dessa Fração foi enviada para o laboratório de Ressonância Magnética Nuclear da UFPA, sendo identificada como uma Flavanona.

PALAVRAS CHAVES: Deguelia utilis; HPLC; Flavanona

INTRODUÇÃO: Os medicamentos alopáticos em sua maioria têm suas origens em substâncias químicas vegetais. Esses medicamentos foram produzidos mediante as observações através do conhecimento popular das plantas medicinais para tratamento e prevenção de doenças (DI STASI, 2007). A família Leguminosae é uma das mais importantes dentre as dicotiledônias. As leguminosas são ricas em flavonoides, sendo responsáveis por 28% de toda a produção de flavonoides conhecida no reino vegetal (HEGNAUER; GRAYER-BARKMEIJER, 1993). Os flavonoides possuem uma estrutura baseada em dois anéis fenólicos (A e B) e um anel C, que pode ser um pirano heterocíclico, como no caso dos flavonóis, flavonas, isoflavonas e flavanonas, que possuem um grupo carbonila na posição C- 4 do anel C. Os flavonoides são polifenóis que eram considerados anti-nutrientes por causa dos seus efeitos adversos no metabolismo humano. No entanto, estudos demonstram que os fenóis possuem propriedades antioxidantes estando relacionada aos possíveis efeitos benéficos a saúde (BRAVO, 1998).

MATERIAL E MÉTODOS: A Fração 3 (18,61 g), foi fracionada por cromatografia clássica (CCVU) em coluna de sílica-gel 70 – 230 Mesh. Sendo utilizados 600 mL de misturas de solvente. O hexano foi utilizado como eluente aumentando-se a polaridade por acréscimo gradativo de acetato de etila 5% até 100%. Dessa forma, foram coletadas 97 frações das quais foram analisadas por cromatografia em camada delgada comparativa (CCDC), sendo utilizado hexano como eluente e aumentando a polaridade gradativamente com acetato de etila 15% a 35% e selecionadas em grupos. A SubFração 3 foi escolhida para dar prosseguimento ao estudo baseado na análise por CCDC, utilizando hexano como eluente e acetato de etila 20%. Na CCDC as placas foram reveladas com sulfato cérico, seguida de aquecimento. Para o isolamento das substâncias, a SubFração 3 foi purificada, sendo submetida à pré- tratamento com SPE. Sendo utilizado 1 g da SubFração 3 para o preparo da amostra. Utilizou-se um cartucho C18 de 1g/mL condicionando com 6 mL de acetonitrila e posteriormente com 6 mL de água ultra pura. Preparou-se a amostra com 4,8 mL de ACN e levada para o ultra-som por um minuto. Depois foram adicionados 1,2 mL de água ultra pura e levou-se novamente ao ultra-som por mais um minuto. A solução foi introduzida no cartucho previamente condicionado. Com auxílio de uma seringa foram feitas 28 injeções manuais em HPLC da marca Varian com coluna Gemini C18 (250 mm x 10 mm, 5 µm). Com alça de amostragem 200 µL, fase móvel composta por H2O:ACN 30:70, vazão de 4,7 mL/min e comprimento de onda 282 nm.

RESULTADOS E DISCUSSÃO: conforme a comparação com a da literatura o espectro de RMN 1H (fig. 1) apresentou na região de hidrogênios alifáticos três duplos dupletos, integrando para um Hidrogênio cada, em 5,33 (J = 2,7 e 10,2 Hz), típico de hidrogênio H2 de Flavanonas com acoplamentos cis e trans e sinais em 2,81 (J = 3,3 e 1,1 Hz) típico de hidrogênio H3β com acoplamento germinal e cis e sinal em 3,05 (J = 17,1 e 12,9) típico de hidrogênio H3α com acoplamento germinal e trans. Observa-se na região dos hidrogênios aromáticos, um dupleto em 7,04 (J = 1,8 Hz) integrando para um hidrogênio meta acoplado; um duplo dupleto em 6,92 (J = 8,4 e 1,8 Hz) integrando para um hidrogênio orto-meta acoplado e um dupleto em 6,87 (J = 8,4 Hz) integrando para um hidrogênio orto acoplado. Desse modo, formando um sistema AMX relacionado ao anel B, sugere um anel aromático 1,3,4 – trisubstituído. Através desses sinais dos hidrogênios alifáticos e aromáticos pode-se concluir que a estrutura em questão possui a estrutura básica de uma flavanona. Ainda no espectro de RMN 1H, foram observadas um conjunto de sinais que caracteriza a presença de um grupo 2,2-dimetil pirano e de um grupo C-prenil, Outros sinais no espectro de RMN 1H foram observados: Um simpleto em 12,25 característico de grupo OH quelado a carbonila; um simpleto largo em 5,71 atribuído a um grupo OH fenólico e um simpleto em H 3,92 atribuído a um grupo OMe ligado a anel aromático. No espectro de RMN 13C foram atribuídos alguns sinais, sendo: um sinal em 196,4 atribuído a carbonila quelada (C4). Sete sinais atribuídos aos carbonos metínicos, sendo: 03 aromáticos em 112,5; 110,5; 117,8; 01 alifático em 78,5 e 03 olefínicos em 125,9; 115,6; 122,4. Dois sinais atribuídos aos dDois sinais atribuídos aos dois carbonos metilênico em 21,4 e 43,3.

dados da literatura

sinais de hidrogênio e carbono da literatura

CONCLUSÕES: Após a obtenção do extrato bruto etanólico extraído das folhas de Deguelia utilis proveniente da coleta feita na EMBRAPA, foi isolada uma substância e identificada, sendo que esta já é conhecida na literatura. O composto é denominado como utilina (flavanona).

AGRADECIMENTOS:

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: DI STASI, L. C. Plantas medicinais verdades e mentiras – O que os usuários e os profissionais de saúde precisam saber. São Paulo: UNESP; 2007.
HEGNAUER, R.; GRAYER-BARKMEIJER, R. J. Relevance of seed polysaccharides and flavonoids for the classification of the Leguminosae: a chemotaxonomic approach. Phytochemistry, 1993.
BRAVO, I. Polyphenols: chemistry, dietary source, metabolism, and nutritional significance. Nutritional Review, 1998.
ALMEIDA, C. M. C. Investigação fitoquímica e de atividade neuroprotetora do extrato etanólico das folhas de Deguelia utilis (A.C.Sm.) A.M.G. Azevedo. Tese de Mestrado. Pará: Belém, 2009.