ÁREA: Produtos Naturais

TÍTULO: ATIVIDADE DO EXTRATO ETANÓLICO DE Physalis angulata (CAMAPÚ) SOBRE CERCÁRIAS DE Schistosoma mansoni.

AUTORES: Santos, J.A.A. (INSTITUTO OSWALDO CRUZ/FIOCRUZ) ; Ribeiro, I.M. (FARMANGUINHOS/FIOCRUZ) ; Tomassini, T.C.B. (FARMANGUINHOS/FIOCRUZ)

RESUMO: O objetivo foi verificar a atividade do extrato etanólico, sobre cercárias de Schistosoma mansoni. As cercarias (n = 160) foram expostas por 4 horas nas doses com extrato que variaram de 10 mg/L a 100 mg/L, em dois controles negativo e um controle positivo. Para observar as mortes, usamos o corante Tripan blue. Nos grupos controles negativos, o percentual de mortes no final de 4 h foi de 1,25%. A dose com 10mg/L, apresentou um percentual de 5,81%; a dose de 25mg/L, apresentou percentual de 6,25%; na dose de 50mg/L um percentual de 39,37% e na dose de 100mg/L, apresentou 100% de mortes. Foram obtidos efeitos significativos, quando comparados ao controle, com p < 0,01 e DL50 = 55,77 mg/L. Estes resultados encorajam em continuar avaliando os efeitos biológicos de Physalis angulata.

PALAVRAS CHAVES: Atividade Biológica; Physalis angulata; Schistosoma mansoni

INTRODUÇÃO: O gênero Physalis, pertence à família Solanaceae, inclui cerca 120 espécies com características herbárias e hábitos perenes (Kissmann & Groth 1995). No Brasil, Physalis angulata L. cresce em abundância no Norte e Nordeste, onde é popularmente conhecida como Camapú, sendo utilizada na medicina popular (Branch & Silva 1983). A etnofarmacologia da planta indica para Physalis, o emprego das diferentes partes da planta, Raiz, caule, folha, fruto e cápsula do fruto. Estas formas do vegetal são aplicadas de modo empírico ou popular, nos tratamentos de distúrbios ou disfunções orgânicas do homem. Elas atingem um amplo espectro de atuação, abrangendo infecções respiratórias, digestivas, diabetes, hepatites, doenças do sistema imune, neoplasias e parasitoses. Os vários constituintes químicos de relevada importância encontrados neste gênero são as fisalinas, vitanolídeos e vitafisalinas. Em estudos prévios, verificamos sua atividade moluscicida contra Biomphalaria tenagophila (Santos et al. 2003). Nosso objetivo foi verificar a atividade do extrato etanólico da planta sobre cercárias de Schistosoma mansoni.

MATERIAL E MÉTODOS: O extrato e frações da planta foram fornecidos por Farmanguinhos. As cercárias de S. mansoni, cepa BH, foram cedidas pelo Laboratório de Referência em Malacologia do IOC, obtidas segundo a técnica usual de obtenção (Rey, 1991) e os estudos de atividade cercaricida realizados no laboratório. Inicialmente fizemos a contagem das cercarias para um volume de 1 mL usando lugol como corante e corrigimos a quantidade acrescentando diluente. As cercarias foram expostas por um período de 4 horas nas soluções com extrato foram de 160 cercárias por dose, no Laboratório de Avaliação e Promoção da Saúde Ambiental/LAPSA. Utilizamos soluções aquosas nas doses de 10 mg/kg, 25 mg/kg, 50 mg/kg e 100 mg/kg do extrato da planta, dissolvidas inicialmente em DMSO (dimetilsulfóxido) e no controle foi utilizada solução de DMSO em água mole sintética com pH 7,2 ( 20 mL da solução 1: sulfato de cálcio 1,5 mg/L e 10 mL da solução 2: cloreto e potássio 0,2g; bicarbonato de sódio 4,8g; sulfato de magnésio 6,1g dissolvidos em água destilada para 1 litro). Utilizamos um controle positivo de niclosamida (0,05 mg/L), empregado nas campanhas de controle dos moluscos transmissores da esquistossomose. Para observar a taxa de cercarias morta, usamos uma solução de 1% do corante vital Tripan blue.

RESULTADOS E DISCUSSÃO: A Tabela 1 mostra que no grupo controle com água mole sintética do extrato etanólico da planta, a média total de cercarias de S. mansoni mortas no final de 4 h de exposição foi de 2 cercárias mortas, com um percentual de 1,25% e no controle com 1% DMSO, também apresentou 2 cercárias mortas e percentual de 1,25%. A dose com 10mg/kg, apresentou média de 9,3 cercarias mortas e o percentual foi de 5,81%. Na dose de 25mg/kg, apresentou média de 10 cercárias mortas e percentual de 6,25%. Na dose de 50mg/kg, apresentou média de 63 cercárias mortas e percentual de 39,37%. Na dose de 100mg/kg, apresentou média de 160 cercárias mortas e percentual de 100%. O extrato etanólico da planta apresentou efeitos significativos na atividade cercaricida nas doses utilizadas, quando comparados ao controle, com p < 0,01 e DL50 = 55,77 mg/L.

Tabela 1

Mortalidade das cercárias de Schistosoma mansoni, submetidas a diferentes doses com extrato etanólico, da planta toda de Physalis angulata, n=160

CONCLUSÕES: Estes resultados encorajam a realização de mais estudos sobre o efeito nas formas larvares do S. mansoni, empregando outras formas de extração.

AGRADECIMENTOS: Os autores agradecem ao Instituto Oswaldo Cruz/FIOCRUZ e Farmanguinhos/FIOCRUZ pela infra-estrutura.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: Branch LC, Silva MFD 1983. Folk medicine of Alter Chão, Pará, Brasil. Acta Amazonica 13: 737
Kissmann KG, Groth D 1995. Plantas Infestantes e Nocivas, Tomo III, BASFSA, p. 485-487.
Santos JAA, Tomassini TCB, Xavier DCD, Ribeiro IM, Silva MTG, Filho ZBM 2003. Molluscicidal Activity of Physalis angulata L Extracts and Fractions on Biomphalaria tenagophila (d`Orgigny, 1835) under Laboratory Conditions. Mem Inst Oswaldo Cruz. 98(3): 425-428.
REY, L., 1991. Parasitologia 2a ed., 731 pp. Rio de Janeiro. Editora Guanabara Koogan.