ÁREA: Produtos Naturais

TÍTULO: EXTRATO DA RAIZ DE MANACÁ (SPIRANTHERA ODORATISSIMA): ATIVIDADE ANTIOXIDANTE

AUTORES: Santos, J.P.V. (IFG) ; Goulart, A.C. (IFG) ; Santos, D.Q. (UFU) ; Goulart, S.M. (IFG) ; Silva, L.A. (IFG)

RESUMO: Neste presente trabalho foi quantificado o potencial antioxidante através da determinação de proantocianidinas e antioxidantes totais na raiz do manacá, o que poderá possibilitar sua indicação para substituir em partes e/ou na totalidade os antioxidantes sintéticos amplamente aplicados na conservação de alimentos. A determinação do teor de proantocianidina foi realizada pelo método da vanilina e expressa em equivalente em ácido tânico e a determinação de antioxidantes totais determinado em equivalente em ácido ascórbico. Os resultados para proantocianidinas mostram a presença desses compostos na concentração de 7,28 g L-1 de extrato, equivalente em ácido tânico e para antioxidantes totais apresentaram concentração de 0,46 g L-1 de extrato, equivalente em ácido ascórbico.

PALAVRAS CHAVES: Antioxidante; Spiranthera odoratissima; Manacá

INTRODUÇÃO: As células do nosso organismo têm a necessidade constante de receber oxigênio para converter nutrientes absorvidos dos alimentos em energia. Neste processo são liberadas moléculas altamente reativas que são os radicais livres. Os fatores exógenos são os principais contribuintes para a formação em excesso de radicais livres, como resultado provoca um desequilíbrio no organismo que é o estresse oxidativo (BIANCHI; ANTUNES, 1999). Nos últimos anos pesquisas mostram que cada vez mais a população vem produzindo em excesso radicais livres, a má alimentação, a poluição e consumo excessivo de álcool e cigarro são os fatores predominantes para o diagnostico deste quadro (SOUSA; SILVA, 2007). Na tentativa de encontrar fontes exógenas de antioxidantes, cientistas de varias partes do mundo voltaram os olhos para a pesquisa de antioxidantes em plantas e alimentos. Algumas destas pesquisas revelaram uma substância chamada proantocianidinas esta substância são bioflavonoides ativos (MONTEIRO, et al., 2005). A Spiranthera odoratissima é conhecida popularmente como manacá nos estados de Mato grosso e Goiás, é uma planta medicinal cujas raízes são freqüentemente comercializadas em feiras livres de todo o estado de Goiás para tratar principalmente o reumatismo. Outras atribuições etnofarmacológicas atribuídas a esta espécie é ação contra dores de estômago, dores de cabeça, dores musculares, disfunções hepáticas e para estimular o apetite (GALDINO, et al., 2007). Essa interceptação dos radicais livres é importante para os processos do metabolismo e torna interessante o estudo dos antioxidantes naturais, como os encontrados em plantas típicas da região do Cerrado brasileiro.

MATERIAL E MÉTODOS: 1- Coleta e preparo da planta A planta foi coletada no jardim botânico de Brasília-DF. O material foi seco e armazenado à temperatura ambiente. 2- Preparação do extrato em água Em um béquer foi colocado 10 g do material juntamente com 0,1 L de água aquecida a 363K, por três minutos. Após o aquecimento a solução foi filtrada e o extrato armazenado em um frasco âmbar sob refrigeração a 278K (MORAIS et al., 2009). 3- Determinação de proantocianidinas Para a determinação das proantocianidinas foi utilizado o método da vanilina. Em um balão volumétrico de 0,1 L foram adicionados 4,0×10-3 L do extrato e água destilada. Desta solução foi retirada uma alíquota de 1,0×10-3 L e transferida para um tubo de ensaio. Foi adicionado 2,0×10-3 L de solução de vanilina (Aldrich Co.) em ácido sulfúrico 70% m/m, na concentração de aproximadamente 10,0 g L-1. A mistura foi mantida em um banho a uma tempe¬ratura de 323K por 15 minutos. A amostra foi resfriada e a absorbância registrada a 500 nm. Foi feita uma curva de calibração com ácido tânico (MORAIS et al., 2009). 4- Determinação da atividade antioxidante total A atividade antioxidante total do extrato foi determinada de acordo com o método de Prieto (PRIETO; AGUILAR, 1999). Resumidamente, 3,0×10-3 L de solução do extrato (5 % v/v) foi misturado com 3,0×10-3 L de solução reagente (0,6 mol L-1 de ácido sulfúrico, 2,8×10-2 mol L-1 fosfato de sódio e 4,0 ×10-3 mol L-1 de molibdato de amônio). A mistura foi incubada a 368K por 90 minutos em banho-maria. Absorbância foi medida em 695 nm. A atividade antioxidante total foi expressa como o número de equivalência de ácido ascórbico. Uma curva de calibração do ácido ascórbico foi preparada para comparação.

RESULTADOS E DISCUSSÃO: 1) Teor de proantocianidinas Pelas análises realizadas obtemos resultados que indicam à presença de proantocianidina no extrato. Esses resultados podem ser observados na tabela 1. Largamente encontrados no reino vegetal, os taninos condensados ou proantocianidinas são polímeros de flavan-3-ol e/ou flavan- 3,4-diol, produtos do metabolismo do fenilpropanol. As proantocianidinas, assim denominadas provavelmente pelo fato de apresentarem pigmentos avermelhados da classe das antocianidinas, apresentam uma rica diversidade estrutural. Apesar de várias pesquisas realizadas sob diferentes abordagens com teores de taninos, a associação dessas informações com o aproveitamento de plantas medicinais é escassa. Os resultados mostram a presença desses compostos, de acordo com a metodologia utilizada e indica a importância de pesquisas nesta área em relação à planta. 2) Atividade Antioxidante Total Com as análises realizadas para determinar a capacidade antioxidante total da planta pôde-se comprovar a presença desses antioxidantes (Tabela 2). Os antioxidantes são muito importantes para o organismo, e as pesquisas tem buscado fontes naturais dessas substâncias que possam substituir os produtos sintéticos, largamente usados pelas indústrias. Os resultados mostram a presença de antioxidante total, equivalente em ácido ascórbico, indicando que a espécie estudada possui esta propriedade e deve ser melhor analisada em futuros projetos de pesquisa.

Tabela 1

teor de proantocianidinas no extrato de manacá

Tabela 2

teor de antioxidantes totais no extrato de manacá

CONCLUSÕES: O trabalho realizado mostrou o potencial da planta Spiranthera odoratissima (manacá) como antioxidante devido à comprovação da presença de substâncias equivalentes em ácido tânico e ácido ascórbico. As espécies do Cerrado brasileiro são um amplo campo para a pesquisa dos produtos naturais e devem ser cada vez mais incentivadas. Para uma caracterização mais completa da planta é necessária à utilização de metodologias variadas, permitindo uma maior comparação e também a pesquisa com outras partes (caule, folhas e frutos), avaliando o seu completo potencial.

AGRADECIMENTOS: Ao CNPq, ao Instituto Federal de Goiás e ao Jardim Botânico de Brasília.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: BIANCHI, M. D. L. P.; ANTUNES, L. N. M. G. 1999. Radicais livres e os principais antioxidantes da dieta. Revista de Nutrição: 12: 123-130.

GALDINO, P. M; HONÓRIO, T. C. D.; PAULA, M. A.; MATOS, L. G.; PAULA, J. R.; COSTA, E. A. 2007. Espécies vegetais do cerrado avaliadas no laboratório de farmacologia de produtos naturais-ICB-UFG, quanto ao potencial neurofarmacológico de seus extratos. Revista eletrônica de farmácia. 4: 99-102.

MORAIS, S. A. L.; AQUINO, F. J. T.; NASCIMENTO, P. M. N.; NASCIMENTO, E. A N.; CHANG, R. 2009. Compostos bioativos e atividade antioxidante do café conilon submetido a diferentes graus de torra. Quimica Nova, 32: 327-331.

MONTEIRO, J. M.; ALBUQUERQUE, U. P.; ARAÚJO, E. L. 2009. Taninos: Uma Abordagem Da Química à Ecologia. Quimica Nova, 28: 892-896.

PRIETO, P. P. M.; AGUILAR, M. 1999. Spectrophometric quantification of antioxidant capacity through the formation of phosphomolybdenum complex: specific application to the determination of vitamin E. Analytical Biochemistry, 269: 337-341.

SOUSA, C. M. D. M.; SILVA, H. R. E. 2007. Fenóis totais e atividade antioxidante de cinco plantas medicinais. Quimica Nova, 30: 351-355.