ÁREA: Produtos Naturais

TÍTULO: Estudo da propriedade antioxidante do “Angico do Cerrado” (ANADENANTHERA FALCATA)

AUTORES: Santos, J.P.V. (IFG) ; Silva, L.A. (IFG) ; Santos, D.Q. (UFU) ; Goulart, S.M. (IFG) ; Goulart, A.C. (IFG)

RESUMO: A Anadenanthera falcata, conhecida como angico do cerrado, é utilizada como cicatrizante e antioxidante. Esse trabalho teve como objetivo quantificar o potencial antioxidante da casca da planta através da determinação do teor de proantocianidinas e antioxidantes totais. Os resultados para proantocianidinas mostram a presença desses compostos na concentração de 35,81 g L-1 de extrato, equivalente em ácido tânico. Os resultados para antioxidantes totais mostram a presença na concentração de 1,93 g L-1 de extrato, equivalente em ácido ascórbico. O trabalho realizado mostrou o potencial da planta Anadenanthera Falcata (angico do cerrado) como antioxidante. As espécies do Cerrado brasileiro são um amplo campo para a pesquisa dos produtos naturais e devem ser cada vez mais incentivadas.

PALAVRAS CHAVES: Angico do cerrado; Antioxidante; Anadenanthera falcata

INTRODUÇÃO: A espécie Anadenanthera falcata, conhecida como angico do cerrado, pertence é bastante utilizada na arborização de pastos, confecção de tacos, ripas, embalagens, lenha e carvão. Sua casca, rica em tanino, é empregada como cicatrizante e dela também se pode obter um chá, muito consumido popularmente, que possui atividades antioxidantes e anti-hemorrágicas (SOUSA; SILVA, 2007). Antioxidantes são substâncias que retardam ou previnem significativamente a oxidação de lipídios ou outras moléculas ao inibirem a iniciação ou a propagação da reação de oxidação em cadeia (AL-MAMARY et al., 2002). A oxidação é um processo metabólico que leva à produ¬ção de energia necessária para as atividades essenciais das células. Entretanto, o metabolismo do oxigênio nas células vivas também leva à produção de radicais livres, responsáveis pelos processos oxidativos prejudiciais ao organismo (ADEGOKE et al., 1998). Os antioxidantes são capazes de interceptar os radicais livres gerados pelo metabolismo celular ou por fontes exógenas, impedindo o ataque sobre os lipídeos, os aminoácidos das proteínas, a dupla ligação dos ácidos graxos poliinsaturados e as bases do DNA, evitando a formação de lesões e perda da integridade celular (BARNETT; KING, 1995). Essa interceptação dos radicais livres é importante para os processos do metabolismo e torna interessante o estudo dos antioxidantes naturais, como os encontrados em plantas típicas da região do Cerrado brasileiro, como a A. falcata. Esse trabalho teve como objetivo principal identificar e quantificar o potencial antioxidante da casca da planta A. falcata, possibilitando sua indicação para substituir em partes e/ou na totalidade os antioxidantes sintéticos amplamente aplicados na conservação de alimentos.

MATERIAL E MÉTODOS: 1- Coleta e preparo da planta A planta foi coletada no jardim botânico de Brasília-DF. O material foi seco e armazenado à temperatura ambiente. 2- Preparação do extrato em água Em um béquer foi colocado 10 g do material juntamente com 0,1 L de água aquecida 90 a °C, por três minutos. Após o aquecimento a solução foi filtrada e o extrato armazenado em um frasco âmbar sob refrigeração a 5 °C (MORAIS et al., 2009). 3- Determinação de proantocianidinas Para a determinação das proantocianidinas foi utilizado o método da vanilina. Em um balão volumétrico de 0,1 L foram adicionados 4,0×10-3 L do extrato e água destilada. Desta solução foi retirada uma alíquota de 1,0×10-3 L e transferida para um tubo de ensaio. Foi adicionado 2,0×10-3 L de solução de vanilina (Aldrich Co.) em ácido sulfúrico 70% m/m, na concentração de aproximadamente 10,0 g L-1. A mistura foi mantida em um banho a uma tempe¬ratura de 50 °C por 15 minutos. A amostra foi resfriada e a absorbância registrada a 500 nm. Foi feita uma curva de calibração com ácido tânico (MORAIS et al., 2009). As análises, da mesma planta, foram realizadas em triplicata. 4- Determinação da atividade antioxidante total A atividade antioxidante total do extrato foi determinada de acordo com o método de Prieto (PRIETO; AGUILAR, 1999). Resumidamente, 3,0×10-3 L de solução do extrato (4 % v/v) foi misturado com 3,0×10-3 L de solução reagente (0,6 mol L-1 de ácido sulfúrico, 2,8×10-2 mol L-1 fosfato de sódio e 4,0 ×10-3 mol L-1 de molibdato de amônio). A mistura foi incubada a 95 °C por 90 minutos em banho- maria. Absorbância foi medida em 695 nm. A atividade antioxidante total foi expressa como o número de equivalência de ácido ascórbico. Uma curva de calibração do ácido ascórbico foi preparada para comparação.

RESULTADOS E DISCUSSÃO: 1) Teor de proantocianidinas Pelas análises realizadas obtemos resultados que indicam à presença de proantocianidina no extrato. Esses resultados podem ser observados na tabela 1. Largamente encontrados no reino vegetal, os taninos condensados ou proantocianidinas são polímeros de flavan-3-ol e/ou flavan- 3,4-diol, produtos do metabolismo do fenilpropanol. As proantocianidinas, assim denominadas provavelmente pelo fato de apresentarem pigmentos avermelhados da classe das antocianidinas, apresentam uma rica diversidade estrutural. Apesar de várias pesquisas realizadas sob diferentes abordagens com teores de taninos, a associação dessas informações com o aproveitamento de plantas medicinais é escassa. Os resultados mostram a presença desses compostos, de acordo com a metodologia utilizada e indica a importância de pesquisas nesta área em relação à planta. 2) Atividade Antioxidante Total Com as análises realizadas para determinar a capacidade antioxidante total da planta pôde-se comprovar a presença desses antioxidantes (Tabela 2). Os antioxidantes são muito importantes para o organismo, e as pesquisas tem buscado fontes naturais dessas substâncias que possam substituir os produtos sintéticos, largamente usados pelas indústrias. Os resultados mostram a presença de antioxidante total, equivalente em ácido ascórbico, indicando que a espécie estudada possui esta propriedade e deve ser melhor analisada em futuros projetos de pesquisa.

Tabela 1

Teor de proantocianidina no extrato do angico do cerrado, equivalente em ácido tânico

Tabela 2

Teor de antioxidantes totais no extrato de angico do cerrado, equivalente em ácido ascórbico

CONCLUSÕES: O trabalho realizado mostrou o potencial da planta Anadenanthera Falcata (angico do cerrado) como antioxidante devido à comprovação da presença de substâncias equivalentes em ácido tânico e ácido ascórbico. As espécies do Cerrado brasileiro são um amplo campo para a pesquisa dos produtos naturais e devem ser, cada vez mais, incentivadas. Para uma caracterização mais completa da planta é necessária à utilização de metodologias variadas, permitindo uma maior comparação e também a pesquisa com outras partes (raiz, folhas), avaliando o seu completo potencial.

AGRADECIMENTOS: Ao CNPq, ao Instituto Federal de Goiás e ao Jardim Botânico de Brasília.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: ADEGOKE, G.O.; KUMAR, M. N.; GOPALAKRISHNA, A. G.; VARGARA, J, M. C.; SAMBAIAH, K.; LOKESH, B. R. 1998. Antioxdidants and lipid ocidation in food – a critical appraisal. Journal Food Science Technology, 35: 283-298.

AL-MAMARY, M.; AL-MEERI A.; AL-HABORI, M. 2002. Antioxidant activities and total phenolics of different types of Honey. Nutrition Research, 22:1041-1047.

BARNETT, Y. A.; KING, C. M. 1995. An investigations of antioxidant status, DNA repair capacity and mutation as a function of age in humans. Mutation Research, 338: 311-320.

MORAIS, S. A. L.; AQUINO, F. J. T.; NASCIMENTO, P. M. N.; NASCIMENTO, E. A N.; CHANG, R. 2009. Compostos bioativos e atividade antioxidante do café conilon submetido a diferentes graus de torra. Quimica Nova, 32: 327-331.

PRIETO, P. P. M.; AGUILAR, M. 1999. Spectrophometric quantification of antioxidant capacity through the formation of phosphomolybdenum complex: specific application to the determination of vitamin E. Analytical Biochemistry, 269: 337-341.

SOUSA, C. M. D. M.; SILVA, H. R. E. 2007. Fenóis totais e atividade antioxidante de cinco plantas medicinais. Quimica Nova, 30: 351-355.