ÁREA: Produtos Naturais

TÍTULO: ATIVIDADE ANTIOXIDANTE DA Vismia cayennensis (Jacq.) Pers. (Hypericaceae) PELA METODOLOGIA DO DPPH

AUTORES: Martão, V.M. (UNIVERSIDADE FEDERAL DE RONDÔNIA - UNIR) ; Azevedo, M.S. (UNIVERSIDADE FEDERAL DE RONDÔNIA - UNIR)

RESUMO: Vismia cayennensis (Jacq.) Pers. (Hypericaceae) é uma arvore de pequeno porte, de onde é extraido um latex utilizado como tintura e também no tratamento de doenças de pele na medicina popular. O presente trabalho procurou avaliar a atividade antioxidante do extrato etanólico e das frações obtidas, das folhas e dos galhos da V. cayennensis. O método utilizado para essa avaliação foi o de sequestro do radical livre DPPH (2,2-difenil-1-pricril-hidrazil). No presente trabalho foi analisadas amostra do extrato etanólico e das frações (CHCl3, EtOAc, Acetona e MeOH), as concentrações usadas para as análises foram de 200, 150, 100, 50, 25 e 10 µg mL-1. O extrato etanólico, as frações EtOAc e MeOH apresentaram uma significante atividade antioxidante comparados ao controle positivo Ginkgo biloba.

PALAVRAS CHAVES: Vismia cayennensis; Atividade Antioxidante; DPPH

INTRODUÇÃO: Estudos de atividade antioxidante tem sido de grande interesse para a comunidade científica, já que muitas foram as descobertas sobre os efeito dos radicais livres no organismo. A oxidação é parte fundamental da vida aeróbica e do nosso metabolismo e, assim, os radicais livres são produzidos naturalmente ou por alguma disfunção biológica (BARREIROS et al, 2006). A flora brasileira é muito rica em espécimes com propriedades terapêuticas e as plantas têm sido amplamente utilizadas na medicina popular, no entanto, muitas destas não foram estudadas, não havendo comprovação sobre sua eficiência. Aliar a atividade antioxidante à descoberta de novas drogas é de primordial importância, já que a flora brasileira nos permite voltar esforços para tal, a fim de descobrir princípios ativos que venham inibir a atuação dos radicais livres no organismo. Dentre as patologias causadas por radicais livres pode-se citar doenças que tem sido amplamente estudadas no intuito de descoberta da cura destas: doença de Parkinson; doença de Alzheimer; mutações; câncer; síndrome demencial; entre outras. Neste trabalho foi avaliada a atividade antioxidante, in vitro, a para tal foi utilizado o método do DPPH, que tem sido amplamente utilizado por sua simplicidade (MENSOR, 2001). O método está baseado na capacidade do DPPH em reagir com doadores de hidrogênio, que na presença de substâncias antioxidantes o mesmo recebe H+ sendo então reduzido. A grande vantagem desse método é poder ser facilmente detectado por espectroscopia devido a sua intensa absorção na região visível (TOMEI et al, 2007).

MATERIAL E MÉTODOS: Preparação das Amostras O material vegetal seco ficou em contato com o álcool etílico 95%, posteriormente, filtrado e evaporado, obtendo-se assim o extrato etanólico. A obtenção das frações foi através de uma coluna cromatográfica, onde foram utilizados os seguintes solventes, respectivamente: hexano, clorofórmio, acetato de etila, acetona e metanol, o material foi evaporado. Para a preparação da solução estoque do extrato etanólico e das frações, foi pesado 0,1 g do material e posteriormente diluídos com solvente metanol, obtendo-se assim uma solução estoque de 1000 µg mL-1. Foram preparadas diluições, nas concentrações de 200, 150, 100, 50, 25 e 10 µg mL-1, a partir das soluções estoque do extrato etanólico e das frações. O controle positivo Ginkgo biloba foi preparado utilizando o medicamento GinkoLab 80 mg (Multilab). A droga foi macerada e solubilizada em metanol, obtendo-se assim a solução estoque de concentração 800 µg mL-1. Esta solução estoque foi filtrada e a partir desta foram preparadas as soluções de mesmas concentrações que as amostras. Para a preparação da solução do radical DPPH (2,2-difenil-1-picril-hidrazil), foi feita uma solução, com metanol, de concentração 0,3 mM. Atividade Antioxidante Um mL da solução de DPPH (0,3 mM) foi adicionado a 2,5 mL das soluções finais, uma por vez, e também do controle positivo, nas diferentes concentrações, após o intervalo de 30 min, em temperatura ambiente, realizou-se a leitura da absorbância em 517 nm, convertendo para porcentagem da atividade antioxidante através da seguinte formula: AAO% = 100 – {[Absamostra –Absbranco]} x 100/Abscontrole A leitura de 2,5 mL das amostras com um mL de do solvente foi utilizada como branco. O controle negativo obteve-se da leitura de um mL da solução de DPPH com 2,5 mL do solvente.

RESULTADOS E DISCUSSÃO: O DPPH é um radical livre estável que na presença de um antioxidante sofre redução. O EC50 (concentração necessária para inibir 50% da concentração inicial de DPPH) das amostras foi calculado através de regressão linear e são apresentados na tabela 1 com seus respectivos desvio padrão. Utilizou-se um medicamente para a obtenção da solução estoque de Ginkgo biloba (GinkoLab 80 mg), apesar de não ser possível a utilização do extrato padronizado, o medicamento demostrou um resultado (EC50 39,57 ± 0,67) próximo ao apresentado em alguns trabalhos feito com a mesma metodologia do DPPH. Mensor et al (2001), encontrou um EC50 de 40,72 ± 0,19 para o extrato padronizado de Ginkgo biloba (EGb 761). Os resultados mais expressivos foram apresentados pelo extrato etanólico (EC50 20,40 ± 0,57) e pelas frações Acetato de Etila (EC50 17,20 ± 0,39) e Metanol (EC50 25,72 ± 0,12), essas amostras mostraram um potencial antioxidante maior que o apresentado pelo padrão Ginkgo biloba. A fração Acetona também demostrou um bom potencial antioxidante com um EC50 51,45 ±1,69. A fração Clorofórmio obteve um alto EC50 demostrando baixa eficiência antioxidante em relação às demais frações. Há relatos que diversas plantas pertencentes a essa família são utilizadas na medicina popular e são uma boa fonte de metabólitos secundários (JIMÉNEZ, 2009). O potencial antioxidante demonstrado pelas frações pode ser devido aos metabólitos secundários, presente em espécimes da família, sendo esses uma boa fonte antioxidante. A Vismia cayennensis é bastante utlizada pela medicina popular, principalmente indigina, para o tratamento de doenças de pele, entre outras doenças, o que mostra seu potencial como medicamento, já que os radicais livres estão relacionados a diversas doenças.

Tabela 1. Valores de EC50 para cada tipo de solvente.

Valores de EC50 para cada tipo de solvente através de calculo de regressão linear, os valores são dados com seus respectivos desvio padrão.

CONCLUSÕES: O método do DPPH para a verificação de atividade antioxidante demonstrou-se eficiente como análise in vitro, mostrando que a Vismia cayennensis tem um grande potencial antioxidante, o que é esperado para plantas da sua família, já que muitas são usadas na medicina popular para doenças que são relacionadas aos radicais livres. As frações que demonstraram um maior potencial antioxidante foram Acetato de Etila e Metanol, juntamente com o extrato etanólico. Essas frações possuem um nível de eficiencia melhor que a do controle positivo Ginkgo biloba.

AGRADECIMENTOS: Ao CNPQ pelo apoio financeiro. Ao pessoal do LABFITO/UNIR pelo apoio estrutural e intelectual. A todos que apoiaram a realização do trabalho.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: BARREIROS, A.L.B.S.; DAVID, J.M.; DAVID, J.P.; Estresse Oxidativo: relação entre geração de espécies reativas e defesa do organismo. Química Nova, v. 29, n. 1, p. 113-123, 2006.

JIMÉNEZ, K.C.M.; Estudo fitoquímico de Vismia cayennensis y su posible actividad biológica. Cumaná/Buenos Aires: UDO, 2009. Monografia de Final de Curso, Universidade de Oriente, 2009.

MENSOR, L.L.; MENEZES, F.S.; LEITÃO, G.G.; REIS, A.S.; SANTOS, T.C.; COUBE, C.S.; LEITÃO, S.G. Screening of Brazilian Plant Extracts for Antioxidant Activity by the Use of DPPH Free Radical Method. Phytotherapy Research, v. 15, p. 127-130, 2001.

TOMEI, R.R.; SALVADOR, M.J.; Metodologias Analíticas Atuais Para Avaliação da Atividade Antioxidante de Produtos Naturais, XI Encontro Latino Americano de Iniciação Científica e VII Encontro Latino Americano de Pós-Graduação – Universidade do Vale do Paraíba, 2007.