ÁREA: Produtos Naturais

TÍTULO: Perfil fitoquímico das folhas de Phoradendron microphyllum (Pohl ex DC.)Trel. (Santalaceae)

AUTORES: Bastos, I.V.G.A. (UFPE) ; Silva, G.K.C. (UFPE) ; Melo, J.G.S. (UFPE) ; Rodrigues, G.C.R. (UFPE) ; Paiva, J.B. (UFPE) ; Xavier, H.S. (UFPE) ; Melo, S.J. (UFPE)

RESUMO: Phoradendrom microphyllum, é uma planta hemiparasita conhecida popularmente como erva-de-passarinho. O presente trabalho teve como objetivo realizar o “screening” fitoquímico das folhas de P. microphyllum. O material vegetal passou por exaustiva extração com solvente metanólico, para obtenção do extrato bruto (EMF). Alíquotas de 10µL foram submetidas à cromatografia em camada delgada (CCD), utilizando placas de Sílica Gel para analisar a presença dos principais metabólitos secundários. Foram observados no EMF à presença de alcalóides, flavonóides, leucoantocianidinas, açucares redutores, triterpenos e esteróides. Os resultados apresentados mostram-se relevantes, uma vez que os compostos caracterizados no EMF apresentam frequentemente atividades biológicas comprovadas.

PALAVRAS CHAVES: fitoquímica; cromatografia; Phoradendrom microphyllum

INTRODUÇÃO: Os produtos naturais são utilizados há muito tempo por todos os grupos humanos como fonte de medicamentos. Dados da literatura demonstram que algumas drogas, com estruturas definidas, são extraídas de plantas. Considerando a ocorrência de aproximadamente 250.000 espécies de plantas superiores, pode-se deduzir que muitas substâncias com atividade medicinal podem ser isoladas e caracterizadas estruturalmente desses organismos vegetais (MORAIS; BRAZ-FILHO, 2007). Existem vários relatos da utilização de espécies pertencentes ao gênero Phoradendron para fins medicinais, dentre as quais são encontradas: atividade inflamatória (GONZALES et al., 2000), citotóxica (RIOS et al., 2000), atividade hipoglicemiante (CALZADO-FLORES, 2002), atividade hipotensiva (VARELA et al., 2004) e atividade analgésica (CARTAXO et al., 2010). No entanto, Phoradendron microphyllum (Pohl ex DC.) Trel. está entre as espécies pouco estudadas em relação as suas propriedades medicinais e, de acordo com a literatura são desconhecidos estudos fitoquímicos relacionados ao vegetal. Desta forma, o presente trabalho teve como objetivo realizar um perfil fitoquímico das folhas de P. microphyllum com a finalidade de identificar os principais grupos de metabólitos secundários.

MATERIAL E MÉTODOS: O material botânico (folhas) foi coletado no município de São José de Espinharas – PB. Após a coleta, as folhas de P. microphyllum foram expostas à secagem em temperatura ambiente (25º ± 2ºC) durante uma semana, Em seguida, o material foi reduzido a pó. A extração dos componentes das folhas de P. microphyllum foram feitas por infusão metanólica com posterior maceração de 72h e agitação esporádica. Os extratos foram filtrados e os resíduos re-extraídos. As soluções obtidas neste processo foram destiladas à pressão reduzida em evaporador rotativo a 50 ± 5ºC, obtendo-se assim o extrato bruto (EBF). Para a prospecção fitoquímica, placas de Sílica Gel (ALUGRAM® SIL G/UV254, Ref. 818133), foram utilizadas. Alíquotas de 10 µL do EBF foram submetidas à cromatografia em camada delgada (CCD) para a análise da presença dos principais metabólitos secundários: Polifenóis (flavonóides, derivados cinâmicos, cumarinas, fenilpropanoglicosídeos, proantocianidinas condensadas, leucoantocianidinas, taninos gálicos), Terpenóides (Monoterpenos, Sesquiterpenos, Diterpenos e Triterpenos e Esteróides), Glicosídeos Cardíacos, Alcalóides e Açúcares Redutores, empregando diversas fases móveis e reveladores específicos (HARBONE, 1984; WAGNER & BLADT, 1996). Para a identificação de Saponosídeos foi empregado o teste de afrogenicidade que consisti no aquecimento de 12 mL do extrato metanólico para a eliminação do solvente. Os extratos secos foram diluídos em tubos de ensaio com água destilada, submetidos à agitação manual por trinta segundos, e posteriormente mantido em repouso por um período de duas horas. O critério usado para avaliar a presença de saponosídeos foi à formação de uma espuma abundante e persistente por mais de 2h (COSTA, 2001).

RESULTADOS E DISCUSSÃO: Foram observados no EMF de P. microplyllum, alcalóides, flavonóides, leucoantocianidinas, além de açucares redutores, triterpenos e esteróides. Os demais metabólitos, como saponina, polifenóis, monoterpenoóides, sesquiterpenóides e diterpenóides não foram detectados nos ensaios realizados. Algumas espécies do gênero Phoradendron têm sido estudadas quanto às diferentes classes de metabólitos secundários, corroborando com os resultados obtidos neste estudo. Cortez e colaboradores (1988) realizaram ensaios com P. latifolium (SW) Griseb e verificaram a presença de fenóis, taninos condensados, flavonóides, saponinas, triterpenos e esteróides. Um triterpeno foi identificado em toda planta da espécie P. juniperinum (KASHIWADA et al., 1998). Rios et al. (2001) isolaram um novo triterpeno das partes aéreas de P. reichenhachianum. Foram obtidos do extrato metanólico das folhas de P. piperoides frações contendo derivados terpênicos (CAVALCANTI, 2003). Estudos realizados com o extrato de P. liga (Gill. ex H. et A.) Eichl. constataram a presença de proantocianidinas e flavonóides no caule e folha. (VARELA et al., 2004). O flavonóide (Sakuranetina) foi isolado da especie P. robinsonii (RIVERO-CRUZ, 2005). Estudos de caracterização química da espécie P. linearipholium demonstraram a presença de saponinas, flavonóides, triterpenos e taninos hidrolisáveis nas partes aéreas da planta (TIBURSKI NETO, 2008).

CONCLUSÕES: O extrato bruto das folhas de P. microphyllum apresentou resultados positivos para flavonóides, alcalóides, leucoantocianidinas, açucares redutores, triterpenos e esteróides. Esses metabólitos secundários apresentam diversas atividades farmacológicas comprovadas o que permite dar continuidade à pesquisa, utilizando protocolos experimentais com perspectivas de resultados sugestivos para atividades terapêuticas relevantes.

AGRADECIMENTOS: A CAPES e ao Laboratório de Síntese e Química de Produtos Naturais do Departamento de Antibióticos da Universidade Federal de Pernambuco.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: CALZADO-FLORES, C.; HURTADO-RAMÍREZ, M.B.; VILLANUEVA, Z.F.; VERDE-STAR, M.J.; SEGURA-LUNA, J.J.; LOZANOGARZA, G.; AGUILAR-CUESTAS, G. 2002. Preliminary Chronic Toxicological Study of Aqueous Extract of Phoradendron tomentosum. Proceedings of the Western. Pharmacology Society. Soc. 45: 162-163.

CARTAXO, S.L.; SOUZA, M.M.A.; ALBUQUERQUE, U. P. 2010. Medicinal plants with bioprospecting potential used in semi-arid northeastern Brazil. Journal of Ethnopharmacology 131: 326–342.

CAVALCANTI, S.C.H.; ANTONIOLLI, A.R.; MARÇAL, R.M.; NUNES, R.S.; TRINDADE, R.C.; ALVIANO, C. S.; ALVIANO, D.S. 2003. Isolamento, síntese e relação estrutura-atividade de compostos obtidos da Phoradendron piperoides. Seminário de Pesquisa FAP-SE.

CORTEZ, D.A.G.; NETO, A.Q.; HÜBNER, D.V.; MELITO, I. 1988. Contribuição ao estudo fitoquímico do Phoradendron latifolium (SW) Griseb. (erva-de-passarinho). Acta Amazônica, 18(1-2): 433-438.

COSTA, A.F. Farmacognosia. 3ª ed. v.3. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian. 2001. 1032 p.

GONZALES, E.; IGLESIAS, I.; CARRETERO, E.; VILLAR, A. 2000. Gastric cytoprotection of Bolivian medicinal plants. Journal of Ethnopharmacology 70: 329–333.

HARBONE, J.B. Phytochemical methods: a guide to modern techniques of plant analysis. London: Chapman & Hall. 1984. 216p.

KASHIWADA, Y.; WANG, H.K.; NAGAO, T.; KITANAKA, S.; YASUDA, I.; FUJIOKA, T.; YAMAGISHI, T.; COSENTINO, L.M.; KOZUKA, M.; OKABE, H.; IKESHIRO, Y.; HU, C.Q.; YEH, E.; LEE, K.H. 1998. Anti-AIDS agents. 30. Anti-HIV activity of oleanolic acid, pomolic acid, and structurally related triterpenoids. Journal of Natural protucts 61: 1090-1095.

MORAIS, S.M.; BRAZ-FILHO, R. Produtos Naturais: Estudos Químicos e Biológicos. Fortaleza: EdUECE. 2007. 347 p.

RIOS, M.Y.; SALINAS, D.; VILLARREAL, M.L. 2001.Cytotoxic Activity of Moronic Acid and Identification of the New Triterpene 3,4-seco-Olean-18-ene-3,28-dioic Acid from Phoradendron reichenbachianum. Planta Medica, 67: 443-446.

RIVERO-CRUZ, I.; ACEVEDO, L.; GUERRERO, J.A.; MARTINEZ, S.; BYE, R.; PEREDA-MIRANDA, R.; FRANZBLAU, S.; TIMMERMANN, B.N.; MATA, R. 2005. Antimycobacterial agents from selected Mexican medicinal plants. Journal of Pharmacy and Pharmacology, 57(9): 1117-1126.

TIBURSKI NETO, A.; ALBARELLO, K.; VITALI, M.; GIACOMELLI, S.R.; LINARES, C.E. B. Estudo químico e farmacológico de Phoradendron linearipholium (Spreng) Hicken. 2008. XVI Encontro de Química da Região Sul (16-SBQSul).

VARELA, B.G.; FERNÁNDEZ, T.; RICCO, R.A.; ZOLEZZI, P.C.; HAJOS, S.E.; GURNI, A.A.; ALVAREZ, E.; WAGNER, M.L. 2004. Phoradendron liga (Gill. ex H. et A.) Eichl. (Viscaceae) used in folk medicine: anatomical, phytochemical, and immunochemical studies. Journal of Ethnopharmacology, 94: 109–116.

WAGNER, H.; BLADT, S. Plant drug analysis: a thin layer chromatography atlas. 2nd.ed. Berlim: Springer Verlag. 1996. 384p.