ÁREA: Produtos Naturais

TÍTULO: Quantificação do teor de fenóis e flavonóides totais das sementes da Moringa oleifera Lam.

AUTORES: Oliveira Júnior, E.A. (UFPI) ; Silva, D.M.L.C. (IFPI) ; Macêdo, G.M.E. (IFPI) ; Pinheiro, E.E.A. (IFPI) ; Silva, R.A.C. (IFPI) ; Sousa, T.O. (IFSERTÃOPE) ; Monção, N.B.N. (UFPI)

RESUMO: A Moringa oleifera Lam., vem sendo utilizada como importante complemento alimentar e também na medicina popular. Além do que, estudos recentes mostraram a utilização das sementes da moringa no tratamento de água. Esse estudo prévio objetivou quantificar os teores de fenóis e flavonóides totais das sementes da M. oleifera, onde os valores de fenóis (mg de EAG/g MVS) para o extrato etanólico foi de 1,38 ± 0,12 e para a fração hexânica de 12,50 ± 0,88 enquanto que os teores de flavonoides(mg de Rut/g MVS)para o extrato etanólico foi de 5,10 ± 0,21 e para o extrato hexânico de 60,18 ± 1,95. Porém, observou-se que os de teores de flavonóides foram superiores aos de fenóis, o que se deve posssivelmente devido à presença de outros compostos.

PALAVRAS CHAVES: [i]Moringa oleifera[/i]; fenóis totais; flavonoides totais

INTRODUÇÃO: A Moringa oleifera Lam. é originária da Índia, mas está amplamente difundida em vários países (CÔRREA, 1984; DUKE, 1987). No Brasil, ocupa principalmente a região nordeste onde é utilizada na alimentação (folhas e frutos verdes) (GALLÃO et al., 2006). As sementes têm como principal componente a pterigospermina, composto dotado de atividade antimicrobiana (LORENZI E MATOS, 2002). Atualmente, estudos mostram o uso de sementes da moringa no tratamento de água (NISHI et al., 2011). Compostos fenólicos de plantas constituem um grupo heterogêneo de constituintes, dentre estes os flavonóides, destacando-se entre os antioxidantes naturais, por sua capacidade, sobretudo de inibição da peroxidação lipídica e lipooxigenase in vitro. A atividade antioxidante atribuída a compostos fenólicos atrela-se principalmente às suas propriedades redutoras e estrutura química (SOUSA, et al., 2007). Este estudo objetivou quantificar o teor de fenóis e flavonóides totais das sementes da M. oleifera Lam.

MATERIAL E MÉTODOS: As sementes da planta foram coletadas no Centro de Ciências Agrárias da Universidade Federal do Piauí. As sementes (240 g) foram separadas das cascas, moídas em um liquidificador industrial e extraídas em sistema tipo soxhlet com Hexano (Hex) e Etanol (EtOH), respectivamente, por 8 h cada solvente. O material obtido foi concentrado em evaporador rotatório, obtendo-se os extratos Hex (69,84 g) e EtOH (8,54 g). O teor de fenóis totais foi determinado pelo método de Folin-Ciocalteau com modificações tendo o ácido gálico como padrão e expressos como mg de equivalente de ácido gálico por grama de material vegetal seco (mg de EAG/g MVS). O teor de flavonóides totais foi determinado por espectrofotometria de absorção molecular utilizando solução metanólica de AlCl3 com modificações tendo rutina como padrão, os valores foram expressos em miligramas de equivalente de rutina por grama de equivalente de material vegetal seco (mg de ER/g MVS). As análises foram realizadas em triplicatas.

RESULTADOS E DISCUSSÃO: Os resultados da quantificação dos compostos fenólicos pelo método Folin-Ciocalteau e flavonóides totais pelo método do cloreto de alumínio estão descritos na Tabela 1. Segundo Rufino et al. (2010) o teor de polifenóis pode ser classificado em três categorias: baixo (< 10 mg EAG/g), médio (10 – 50 mg EAG/g) e alto (> 50 mg EAG/g) baseadas em material vegetal seco (MVS). Seguindo esta classificação dada em mg EAG/g de MVS, o extrato hexânico apresentou médio teor de polifenóis, o extrato etanólico apresentou baixo teor de fenólicos. Na quantificação dos flavonóides totais o extrato hexânico apresentou a maior quantidade de flavonoides (60,18 ± 1,95 mg de ER/g de MVS), seguido extrato etanólico (5,10 ± 0,21 mg de ER/g de MS). Os flavonoides são uma classe de compostos fenólicos, portanto o teor de fenóis deveria ser maior que o de flavonoides. Porém, o teor de flavonoides foi maior que o teor de fenóis para os dois extratos, podendo ser atribuído a outras substâncias presentes que absorvem no mesmo comprimento de onda (420 nm) usado na quantificação dos flavonoides, bem como os carotenoides. Então, o ideal seria "tirar" um espectro dos extratos antes de serem analisados e caso havendo sobreposição, realizar uma nova curva de calibração com outro padrão flavonoídico afim de evitar este tipo de interferência e melhorando a eficácia do método.

Tabela 1 – Teor de fenóis totais (FET) e flavonóides totais (FLT)

Teor de fenóis totais (FET) e flavonóides totais (FLT)

CONCLUSÕES: Os resultados mostraram que o extrato hexânico apresentou os maiores teores tanto de fenóis quanto para flavonoides totais comparado ao extrato etanólico e em ambos os teores de flavoinoides foram superiores aos de fenóis, mostrando que nem sempre o método pode ser satisfatório, havendo então a necessidade de testes preliminares afim de se evitar este tipo de inteferência.

AGRADECIMENTOS: os autores agradecem a UFPI

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: CORREA, P. M. 1984. Dicionário das plantas úteis do Brasil e das exóticas cultivadas.

DUKE, J. A. 1987. Moringaceae: horseradish-tree, drumstick-tree, sohnja, moringa, murunga-kai, mulungay. Science and Technology for Environment and Natural Resources, 19-28.

GALLÃO, A. I.; DAMASCENO, L. F.; BRITO, E. S. 2006. Avaliação química e estrutural da semente de moringa. Revista Ciência Agronômica, 37: 106-109.

LORENZI, H.; MATOS, F. J. A. 2002. Plantas medicinais no Brasil: nativas e exóticas. Instituto Plantarum, 346-347.

NISHI, L.; MADRONA, G. S.; VIEIRA, A. M. S.; BASSETTI, F. J.; SILVA, G. F.; BERGAMASCO, R. 2011. Coagulação/Floculação com sementes de Moringa oleifera Lam. para remoção de cistos de [i]Giardia[/i] spp. e cistos de [i]CryptosporidiumI[/i] spp. da água. Anais da 3rd International Workshop Advances in Cleaner Production, 1-9.

SOUSA, C. M. M.; SILVA, H. R.; VIEIRA-JR., G. M.; AYRES, M. C. C.; COSTA, C. L. S.; ARAÚJO, D. S.; CAVALCANTE, L. C. D.; BARROS, E. D. S.; ARAÚJO, P. B. M.; BRANDÃO, M. S.; CHAVES, M. H. 2007. Fenóis totais e atividade antioxidante de cinco plantas medicinais. Química Nova, 30: 351-355.

RUFINO, M. S. M.; ALVES, R. E.; BRITO, E. S.; PÉREZ-JIMÉNEZ, J.; SAURA-CALIXTO, F.; MANCINI-FILHO, J. 2010. Bioactive compounds and antioxidant capacities of 18 non-traditional tropical fruits from Brazil. Food Chemistry, 121: 996-1002.