ÁREA: Produtos Naturais

TÍTULO: Avaliação quanto à atividade antibacteriana dos óleos voláteis e extratos das espécies de Alecrim da Comunidade de Três Lagoas – BA.

AUTORES: Santiago de Sena, S.A. (UFRB) ; Moreira de Oliveira, L. (UFRB) ; dos Santos Macedo Dantas, M.C. (UFRB) ; Souza de Jesus, K.N. (UFRB) ; Magalhães Araújo, F. (UFRB) ; Gomes Ferraz, C. (UFRB) ; Nascimento Watanabe, Y. (UFRB) ; Oliveira de Jesus, B. (UFRB) ; Cardoso de Souza Neta, L. (UNEB) ; Silva e Silva, L. (UFRB)

RESUMO: Na comunidade de Três Lagoas no Recôncavo Sul-BA foram coletadas três espécies de Alecrim utilizadas pela comunidade, mormente, para tratamentos de gripes, tosse e má digestão. Neste trabalho expomos a triagem da atividade antibacteriana dos óleos voláteis e extratos das espécies de Alecrim: Baccharis dracunculifolia (Alecrim de Campo), Rosmarinus officinalis (Alecrim do Caco) e Hyptis fruticosa Salzm (Alecrim de Vaqueiro), através da Técnica de Microdiluição em Caldo Nutriente, aplicando seis bactérias e utilizando ensaios de difusão a partir de orifício e concentração inibitória mínima (CIM). O óleo volátil de Alecrim de Vaqueiro apresentou atividade antibacteriana contra Bacillus Subtilis. Com o resultado faz-se necessário estudos da composição química do óleo de Hyptis fruticosa Salzm.

PALAVRAS CHAVES: Alecrim; óleos voláteis; extratos

INTRODUÇÃO: Com a demanda pela utilização de plantas medicinais na cura ou prevenção de doenças, o cultivo e/ou o extrativismo dessas plantas tem se tornado uma alternativa cada vez mais importante na agricultura nacional (CORRÊA, J. et al., 1994). Essa alternativa é utilizada tanto dentro de um contexto cultural, na medicina popular, quanto na forma de fitoterápicos. A pesquisa fitoquímica tem por objetivos conhecer os constituintes químicos de espécies vegetais ou avaliar a sua presença. Quando não se dispõe de estudos químicos sobre a espécie de interesse, a análise fitoquímica preliminar pode indicar os grupos de metabólitos secundários relevantes da mesma. Caso o interesse esteja restrito a uma classe especifica de constituintes ou às substâncias com uma atividade biológica específica, a investigação deverá ser direcionada para o isolamento e a elucidação estrutural da mesma (FALKENBERG, M. B. et al., 2001). Neste contexto, o estudo fitoquímico baseado em uma abordagem etnobobotânica constitui uma importante ferramenta no levantamento de espécies, potencialmente fornecedoras de substâncias vegetais quimicamente relevantes e com atividade biológica. Com base em discussões teóricas e informações da comunidade, foram selecionadas neste trabalho três espécies de Alecrim da região do Recôncavo Sul (Amargosa – BA): Baccharis dracunculifolia (Alecrim de Campo), Rosmarinus officinalis (Alecrim do Caco) e Hyptis fruticosa Salzm (Alecrim de Vaqueiro), com a finalidade de avaliar a atividade antimicrobiana dos óleos essenciais e dos extratos obtidos das partes aéreas. Tradicionalmente a infusão das folhas destas espécies é empregada no combate a diversas enfermidades como gripes, tosse, má digestão e dores abdominais.

MATERIAL E MÉTODOS: Material vegetal: Todas as espécies de Alecrim foram coletadas em dezembro de 2011 na comunidade de Três Lagoas. Obtenção dos óleos: As partes aéreas das espécies de Alecrim: H. fruticosa Salzm (137g), Baccharis dracunculifolia (209g) e Rosmarinus officinalis (397g) foram trituradas e submetidas a hidrodestilação por 3h, utilizado aparelhagem de Clevenger modificada, obtendo-se 1,2627g, 0,4221g e 1,0408g do óleo volátil respectivamente. Preparação dos extratos: As partes áreas do material vegetal das espécies foram secas à temperatura ambiente, moídas e submetidas a sucessivas extrações à temperatura ambiente com hexano e depois metanol, como solventes. Bioensaio: Os testes de atividade antibacteriana foram realizados com as seguintes cepas microbianas - padrão: Bacillus subtilis (ATCC 6633), Staphylococcus aureus (ATCC 6638), Micrococcus luteus (ATCC 10240), Salmonella choleraesuis (ATCC 14028), Escherichia coli (ATCC 94863) e Pseudomonas aeruginosa. O ensaio biológico foi conduzido conforme as normas técnicas estabelecidas pelo CLSI. Para os controles positivos foram empregados Cloranfenicol (2000 μg mL-1) e Gentamicina (2000 μg mL-1) para bactérias Gram- positiva e Gram-negativa, respectivamente. A Concentração Inibitória Mínima foi determinada visualmente pela ausência de crescimento microbiano nos poços inoculados. Todas as amostras foram testadas em triplicata.

RESULTADOS E DISCUSSÃO: Para realização da atividade antibacteriana, as amostras de extratos e óleos essenciais obtidos de plantas da comunidade de Três Lagoas, foram testadas nas concentrações finais de 500; 250; 125; 62,5; 31,3; 15,6; 7,8 e 3,9 μg.mL-1, contra as seis bactérias. Dentre as amostras testadas observou-se ausência de atividade antimicrobiana para os extratos, contudo o óleo essencial das espécies H. fruticosa Salzm., apresentou atividade antimicrobiana. O óleo essencial de H. fruticosa foi seletivo para a bactéria B. subtilis , com valor de CIM de 125 μg mL-1 . Dados recentes revelam que B. subtilis é capaz de produzir substâncias voláteis com atividade antifúngica. No entanto, muitas dessas substâncias voláteis produzidas por este microrganismo são ainda desconhecidas (KAI et al.2007). Na medicina alternativa, através de relatos da literatura etnofarmacológica esta planta é utilizada na forma de infusão, servindo como medicação para os casos de dores (LORENZI, 2010), devido a sua composição e sua atividade analgésica sugerida pelo uso popular no tratamento para dores abdominais (Tabela 1). No estado de Sergipe, esta planta é popularmente conhecida por “Alecrim de Tabuleiro” sendo a infusão de suas folhas popularmente utilizada no combate à dor e na desinfecção de pisos (PIRES, C.G.; CEOLIN, T., 2011). Contudo, apesar do uso popular da Hyptis fruticosa no combate à dor, não foram encontrados na literatura estudos que investigassem a eficácia analgésica desta planta.

Tabela 1.

Amostras de extratos e óleos essenciais submetidos a bioensaios e a indicação terapêutica na comunidade de Três Lagoas.

CONCLUSÕES: Diante da atividade antibacteriana observada para o óleo essencial da espécie de H. fruticosa Salzm contra Bacillus Subtilis faz-se necessário estudos posteriores, pois tal bactéria não é considerada um patógeno humano sendo muito utilizada na agricultura e na horticultura. Indicado na literatura a eficácia do óleo essencial para dores abdominais sugere que o mesmo seja eficiente no combate a este tipo de dor. Porém a ausência de eficácia do óleo essencial de H. fruticosa no teste da placa quente é indicativa que o mesmo não atue como analgésico central (FILHO, R.L. et. al., 2010).

AGRADECIMENTOS: A comunidade de Três Lagoas; à FAPESB e PROEXT pelo auxilio financeiro e bolsas concedidas; à EBDA e ao Laboratório de Bioensaios do GESNAT (UFBA).

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: CORRÊA JÚNIOR, C.; MING, L.C.; SCHEFFER, M.C. Cultivo de plantas medicinais, condimentares e aromáticas. 2 ed., Jaboticabal: FUNEP, 1994.

LORENZI, H. Plantas medicinais no Brasil: nativas exóticas. 2ª ed. São Paulo:
Instituto Plantarum, 2008.

FALKENBERG, M. B.; SANTOS, R.I.; SIMÕES, C.M.O. Farmacognosia: da planta ao medicamento; Introdução à análise fitoquímica. 3ª ed. Rev., Floriánopolis: UFSC, 2001.

PIRES, C.G.; CEOLIN, T. Buscando o conhecimento sobre o Alecrim, 2011.

FILHO, R.L.; FERRO, H.M. et.al. Controle biológico mediado por Bacillus subtilis; Revista Trópica – Ciências Agrárias e Biológicas, 2010.