ÁREA: Produtos Naturais

TÍTULO: ESTUDO DA FOTODEGRAÇÃO DO ÓLEO ESSENCIAL DE CEBOLINHA (Allium Fistulosum) EM SOLVENTES ORGÂNICOS ETANOL E HEXANO

AUTORES: Martendal, J. (UTFPR/TOLEDO) ; Santos, A. (UTFPR/TOLEDO) ; Lobo, V. (UTFPR/TOLEDO)

RESUMO: Este artigo avaliou a fotodegradação do óleo essencial das folhas desidratadas de cebolinha em dois solventes diferentes (Etanol e Hexano). Utilizou-se extrator Clevenger SL 76 1000 W para a extração do óleo essencial, fotoreator com lâmpada de mercúrio (250 W) para realizar a fotodegradação. Pode-se observar a variação de estabilidade do óleo essencial de cebolinha nos dois solventes utilizados na região do ultra-violeta, entre 200 e 240 nm, sendo a variação de acordo com a interação com solvente. Em etanol o óleo degradou no primeiro minuto de exposição, e em hexano a partir de 3 minutos.

PALAVRAS CHAVES: Cebolinha; Óleo essencial; Fotodegradação

INTRODUÇÃO: Os óleos essenciais são frações voláteis naturais, extraídas de plantas aromáticas que evaporam a temperatura ambiente (SANTOS et al., 2004). Diferenciam-se dos óleos fixos por apresentarem alta volatilidade, aroma agradável e intenso (SIMÕES; SPITZER, 2004). O uso destes óleos em fitoterapia está relacionado às atividades de metabólitos secundários, os quais possuem atividade antimicrobiana, espasmolítica, antiviral e anticarcinogênica, entre outros (BUSHBAUER, 1994). Muitos óleos essenciais são sensíveis à radiação ultravioleta, sendo necessário um cuidado no seu armazenamento, para que suas características não sejam alteradas. A cebolinha é uma planta condimentar semelhante à cebola, mas não desenvolve bulbo. Pertence à família Alliaceae (UFMS, 2003). É um estimulante do apetite, por conter ferro e vitaminas diversas, principalmente A e C, além de auxiliar a digestão. Ajuda no combate à gripe, e nas doenças das vias respiratórias. As partes usadas são as longas folhas em forma de tubos, utilizada normalmente fresca, pois seu aroma se perde no processo de secagem e fica bastante reduzido quando são liofilizadas (UFMS, 2003). A cebolinha é digestiva e diurética, auxiliando no tratamento da hipertensão (ROGER,1998). Não há referências a respeito do óleo essencial de cebolinha. Diante disso, o objetivo do trabalho foi extrair o óleo essencial de cebolinha e realizar a fotodegradação em reator de luz ultravioleta, utilizando dois solventes orgânicos.

MATERIAL E MÉTODOS: A extração do óleo essencial foi feita por hidrodestilação utilizando o equipamento Clevenger SL 76 1000 W por 1 hora consecutiva, utilizou-se 100 g de cebolinha desidratada e 700 mL de água. O óleo foi coletado, em seguida purificado com solvente diclorometano e sulfato de sódio anidro e finalmente armazenado em frasco âmbar a -3ºC. A fotodegradação do óleo essencial foi obtida através de um fotoreator, com lâmpada de mercúrio (250 W) e bulbo externo removido. O óleo essencial foi diluído em etanol e hexano. A cubeta com óleo e solvente foi exposta a luz ultravioleta a uma distância de 20 cm da lâmpada. Acompanhou-se a fotodegradação durante um período de 5 minutos em um equipamento espectrofotômetro de feixe simples, modelo GENESIS 10 UV varredura UV-Vis no comprimento de onda de 190 a 300 nm.

RESULTADOS E DISCUSSÃO: O óleo essencial da cebolinha desidratada foi obtido com aproximadamente 0,3% de rendimento de massa de planta. Após a obtenção do óleo, verificou-se sua estabilidade frente em solvente etanol (Figura 1) e hexano (Figura 2), fazendo- se leituras de 1 em 1 minuto durante 5 minutos. Os espectros obtidos encontram- se a seguir. Nota-se no espectro obtido em etanol a alteração nas bandas de absorção em 200 nm, indicando a alteração da composição química do óleo essencial de cebolinha já no primeiro minuto de exposição à radiação ultravioleta. Em solvente hexano, também ocorreu a alteração nas bandas de absorção, a partir de 3 minutos de exposição em 240 nm. A degradação mais lenta em solvente hexano pode ser explicada pela interação do óleo essencial com solventes menos polares. Visto que o óleo essencial é uma mistura de compostos com baixa polaridade.

Figura 1- Espectro da fotodegradação do óleo em etanol



Figura 2 - Espectro da fotodegradação do óleo em hexano



CONCLUSÕES: Observou-se a variação de estabilidade do óleo essencial nos dois solventes utilizados, devido à alteração das bandas de absorção na região do ultravioleta. Isto indica que se deve ter cuidado com o local onde o óleo será armazenado, não sendo recomendada a exposição à luz solar (radiação ultravioleta) e utilização de frascos âmbar, para que a composição química do óleo não seja alterada, influenciando em sua qualidade.

AGRADECIMENTOS: A UTFPR Campus Toledo e À Fundação Araucária.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: BUSHBAUER, G.; et al. Aromatherapy-Use of Fragrances and essential oils as medicaments. Flavour Fragrance Journal, v. 9, n. 5, p. 217-222, 1994.

ROGER, J. D. P. Plantas mágicas: enciclopédia de plantas medicinais. São Paulo: Planeta do Brasil, v. 2, 1998.
SANTOS, Alberdan S; ALVES, Sérgio M; FIGUEIRÊDO, Francisco J. C; NETO, Olinto G. R. Descrição de Sistema e de Métodos de Extração de Óleos Essenciais e Determinação de Umidade de Biomassa em Laboratório. Embrapa, 2004. Disponível em: <http://www.infoteca.cnptia.embrapa.br/bitstream/doc/402448/1/com.tec.99.pdf> Acesso em: 3 set 2011.

SIMÕES, Cláudia M. O; SPITZER, Volker. Farmacognosia da planta ao medicamento. Porto Alegre/ Florianópolis: Editora UFRGS, 5 Ed., p.468- 492. 2004.

UFMS – Universidade Federal do Mato Grosso do Sul. HORTA ORGÂNICA. 2003. Disponível em: <: http://www.ufms.br/horta/hortalicas.htm> Acesso em: 2 set 2011.