53º Congresso Brasileiro de Quimica
Realizado no Rio de Janeiro/RJ, de 14 a 18 de Outubro de 2013.
ISBN: 978-85-85905-06-4

ÁREA: Química Orgânica

TÍTULO: Utilização de fibra de coco verde (Cocus nucifera) como biossecante alternativo no tratamento de óleo residual para produção de biodiesel

AUTORES: Rodrigues, H.S. (UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA) ; Pereira, N.R. (UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA) ; Ruggiero, R. (UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA) ; Buttura, R.V. (UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA) ; Batista, A.C.F. (UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA)

RESUMO: O presente trabalho descreve os resultados obtidos para a utilização de fibra de coco verde (desidratada e pulverizada) como um biossecante alternativo na remoção de teores de água de óleos residuais. Nos ensaios experimentais adicionou-se fibra de coco (tratada), em amostras de óleos residuais de origem doméstica, com o intuito de verificar a remoção dos teores de água, contidas nas amostras de óleo, em função da redução do consumo de solução-reagente de Karl Fischer (determinado por titulometria volumétrica das amostras). Conforme os resultados, dentro do intervalo de massas de fibra de coco (desidratada e pulverizada) utilizada, observou-se uma redução de até 50% no consumo do reagente. Concluiu-se que a fibra de coco verde (desidratada e pulverizada) pode estar sendo utilizado como biossecante alternativo no tratamento de óleos residuais.

PALAVRAS CHAVES: Óleo residual; fibra de coco verde; biossecante

INTRODUÇÃO: A casca de coco se constitui num rejeito abundante no Brasil (aproximadamente 800 milhões de cocos/ano). A maior quantidade de rejeito tem a sua origem no consumo da fruta in natura, sendo o descarte do resíduo um problema de difícil solução. As fibras do coco são constituídas de materiais lignocelulósicos, obtidos do mesocarpo do coco (Cocus nucifera). Possuem grande durabilidade, atribuída ao alto teor de lignina (41-45%), quando comparadas com outras fibras naturais. O mesocarpo do coco maduro e seco fornece fibra dura, enquanto o coco verde fornece melhor fibra celulósica. Como toda fibra natural tem grande capacidade de absorção de água, o que faz com que esta seja drenada para dentro das fibras, expandindo-se. É sabido que a presença de água em óleos e gorduras utilizados para produzir biodiesel traz prejuízos no rendimento reacional.(GOMES, 200; BARRO & LEMOS, 2007; RODRIGUES, 2007). O biodiesel pode ser definido como uma mistura de ésteres monoalquílicos de óleos vegetais ou gorduras animais. Os ésteres monoalquílicos podem ser obtidos por reações de transesterificação de óleos e/ou gorduras (triglicerídeos (lipídeos saponificáveis)). O óleo é submetido à reação com um álcool de cadeia curta (metanol ou etanol) ( DEMIRBAS, 2007; PEREIRA, 2010) na presença de um catalisador ácido ou básico (geralmente na forma de alcóxido) (PEREIRA, 2010; GERPEN, 2005). O presente trabalho apresenta os resultados obtidos na utilização de fibra de coco verde, como uma alternativa para biossecagem, no tratamento de óleos residuais destinados a produção de biodiesel.

MATERIAL E MÉTODOS: : Amostras de coco verde foram obtidas em locais de descarte de resíduos na cidade de Ituiutaba - MG. Ainda verdes, os cocos foram higienizados, suas fibras (do mesocarpo) recortadas, submetidas a secagem (120°C/3h em estufa) e posteriormente trituradas em moedor metálico. Em sete amostras (40g cada), de óleo residual filtrado, retiradas de um mesmo lote (com índice de água (Karl Fischer) já determinado) adicionou-se 0,50; 1,00; 2,00; 3,00; 5,00; 7,00 e 10,00 g de fibra de coco seca triturada. Após 24h em repouso (sistema fechado), os sistemas foram filtrados e as amostras de óleo obtidas foram submetidas a determinação da redução de água, medida em função do consumo de solução de Karl Fischer (titulometria volumétrica, método: NBR 11348). A Figura 1 apresenta o tratamento e utilização da fibra de coco verde (desidratada e pulverizada) em amostras de óleo residual.

RESULTADOS E DISCUSSÃO: O tratamento realizada com as fibras de coco, na sequência descrita na metodologia, foram consideradas promissoras uma vez que, a fibra não apresentou formação de degradações ou escurecimento por ação de microorganismos, em períodos de estocagem (observada em 7 dias), fato atribuído à eficiencia da desidratação (secagem em estufa) . Conforme os resultados, amostras de 40 ml de óleo residual contendo 0,50; 1,00; 2,00; 3,00; 5,00; 7,00; 10,00 g de massa de fibra de coco verde tratada (desidratada e pulverizada) e amostra controle, consumiram respectivamente 0,40; 0,40; 0,35; 0,35; 0,30; 0,25; 0,20 e 0,40 ml de solução de reagente de Karl Fischer (por titulometria volumétrica). De acordo com os dados obtidos, a correlação (valor médio) de redução de consumo de solução reagente de Karl Fischer para as amostras foi de 0,48 ml de solução de Karl Fischer/ g de massa de fibra de coco utilizada. Com relação ao consumo (0,40 ml de solução reagente de Karl Fischer) para a amostra controle, pode-se concluir que a utilização de fibra de coco (desidratada e pulverizada) promove uma redução (dentro do intervalo de massa de fibra de coco utilizada) de até 50% da humidade contida no óleo. Portanto, a fibra de coco (desidratada e pulverizada) pode ser considerada uma opção (alternativa) para o tratamento de óleos, atuando como biossecante, de óleos residuais que se destinem a processos de produção de biodiesel. A Figura 2 descreve os resultados obtidos para correlação dos valores de massas de fibra de coco, adicionadas nas amostras de óleos residuais, em função do consumo de volume de solução-reagente de Karl Fischer no procedimento de titulometria volumétrica.

Figura 1. Tratamento e utlilização da fibra de coco



Figura 2: Correlação dos valores de massas de fibra de coco adicionada



CONCLUSÕES: Conforme os resultados obtidos, a fibra de coco verde (desidratada e pulverizada) possui um comportamento biossecante considerado significativo, dentro dos limites experimentais descritos, para remover teores de água contidos em óleos residuais. Conclui-se, portanto, que a fibra de coco verde (desidratada e pulverizada) pode ser considerada uma opção (alternativa) para processos de tratamento de óleos, atuando como biossecante, para óleos residuais que se destinem a processos de produção de biodiesel.

AGRADECIMENTOS: PROPP-UFU, CNPq e FAPEMIG

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: BARROS, C.A.; LEMOS J. L. S. Estudo da degradação de petróleo em solo areno-argiloso com bioaumento fúngico utilizando casca de coco como material estruturante. 2007

DEMIRBAS, A. Importance of biodiesel as transportation fuel. Energy Policy, v. 35, n. 9, p. 4661-4670, 2007. ISSN 0301-4215.
GERPEN, J. V. Biodiesel processing and production. Fuel Processing Technology, v. 86, n. 10, p. 1097-1107, 2005. ISSN 0378-3820.
GOMES, L.M.B.; Remoção de cádmio de soluções aquosas utilizando fibra de coco-da-baía visando o tratamento de efluentes. Tese de doutorado, 2000, Coppe-UFRJ.

RODRIGUES, H. S. Obtenção de ésteres etílicos e metílicos, por reações de transesterificação, a partir do óleo da palmeira Latino Americana Macaúba. Tese de Doutoramento, USP, Ribeirão Preto-SP, 2007.

PEREIRA, N. R. obtenção de ésteres metílicos e etílicos a partir do óleo extraído dos frutos do Dipteryx alta vog (baru). Dissertação de Mestrado, IQ-UFU 2010.