53º Congresso Brasileiro de Quimica
Realizado no Rio de Janeiro/RJ, de 14 a 18 de Outubro de 2013.
ISBN: 978-85-85905-06-4

ÁREA: Materiais

TÍTULO: Caraterização de Compósito PVDF/Sílica

AUTORES: Branquinho de Albuquerque, T. (UFGD) ; Ciola Amoresi, R.A. (UFGD) ; Falcão, E.A. (UFGD) ; Zanata, C.R.S. (UFGD) ; Alcalde, L.B. (UFGD) ; Weber Aguiar, L. (UFGD) ; Domingues, N.L.C. (UFGD) ; Rinaldi, A.W. (UEM)

RESUMO: Este trabalho aborda a modificação de fluoreto de polivinilideno (PVDF), um polímero de potencial destaque no desenvolvimento de novas tecnologias. A inserção de nanoparticulas de SiO2 associa potencialidades elétricas à resistência e biocompatibilidade do polímero. Os filmes foram sintetizados em diferentes concentrações de dopantes pelo método casting e a cerâmica obtida pelo método sol-gel. Caracterizações por UV-Vis corroboram a síntese de formação do compósito, e uma gaussiana da curva denota o possível local de interação. Os espectros de FT-IR juntamente com o tratamento dos picos relativos às fases cristalinas do polímero acusam uma maior proporção de fase beta ao material e o limite de dopagem. Resultando em um material com potenciais aplicabilidades como sensores e atuadores.

PALAVRAS CHAVES: Compósito; Nanopartícula; Piezoeletricidade

INTRODUÇÃO: A produção de melhores dispositivos elétricos vem se destacando nos últimos anos, as aplicações como atuadores e sensores são as principais vertentes de pesquisas devido à complexidade no desenvolvimento de tais materiais avançados. Estes materiais adentram em uma classe chamada “Materiais Inteligentes”, tal adjetivo designa o fato destes sistemas portarem a capacidade de sentirem uma resposta de mudança (sensor) em seu ambiente e então, executar uma função de resposta e adaptação (atuador) (CALLISTER JR, 2006). Os dispositivos responsáveis por tais efeitos são os atuadores e transdutores, os quais convertem energia elétrica em deformações mecânicas, ou vice-versa, respectivamente. Característica conhecida por piezoeletricidade, que literalmente é a eletricidade pela pressão, no qual a polarização é induzida e um campo elétrico é estabelecido através de uma amostra pela aplicação de forças externas. As aplicações percorrem os campos de equipamentos esportivos, na redução de vibração até a robótica e engenharia aeroespacial na promoção de estruturas de superfícies, sensores e chips eletrônicos (CALLISTER JR, 2006; IKEDA, 1990). Neste trabalho, o polímero fluoreto de polivinilideno (PVDF) foi estudado em conjugação com a cerâmica SiO2 nanoparticulada. O PVDF tem recebido importante atenção industrial devido suas excelentes propriedades elétricas, resistência química, durabilidade e biocompatibilidade (URBAN et.al. 1994; LAROCHE et. al. 1995; MARY, 1998). Bem como a cerâmica de SiO2, com boas propriedades ópticas, elétricas e de transparência intrínseco a este material nanoparticulado (RAHMAN et. al. 2012). Com o objetivo da conjugação e sinergia das propriedades do polímero e da cerâmica, no aumento de sua capacidade piezoeléctrica, este trabalho é desenvolvido.

MATERIAL E MÉTODOS: PVDF (Foraflon® F4000HD) obtido em forma de grãos e N,N-Dimetilformamida (DMF) PA ACS da Vetec®. Para obtenção da cerâmica, Tetraetil Ortosilicato (TEOS) 99% (Aldrich), álcool etílico 96% PA, Ácido Acético Glacial PA (Isofar®). Na calcinação da cerâmica utilizou-se um forno Mufla da Quimis®, e para evaporação do solvente no filme uma estufa Fanem da Orion®515. A cerâmica foi obtida pelo método Sol-Gel. Adicionado ácido acético glacial PA, em um béquer. Sob agitação, adiciona-se TEOS, na razão de 1:5. Após homogeneização da mistura, adiciona-se etanol, de modo a dobrar o volume da mistura em agitação. A solução foi deixada em agitação por 2 horas e posterior repouso em temperatura ambiente por 24 horas, onde foi obtido o gel. Após este tempo o gel formado foi levado a estufa a 100°C por 24 horas. Retirado da estufa, o gel seco foi triturado em almofariz e levado em forno mufla para calcinar, por 4 horas a 420°C. Os filmes de PVDF com diferentes concentrações de cerâmica foram preparados da seguinte maneira: PVDF foi dissolvido em N-N dimetilformamida (DMF) (reagente P.A. ACS da Vetec®) a temperatura ambiente por 1 hora. Previamente uma solução da cerâmica em DMF foi preparado. As soluções de cerâmica e polímero são misturadas e lançadas (casting) em placas de petri de 5 cm, e então são levados a estufa até a secagem do solvente a 60°C.. Os filmes de PVDF foram modificados nas porcentagens (relação m/m) de cerâmica em: 0,0; 0,4; 0,8; 1,0; 5,0; 7,5; 10,0 e 25,0%, recebendo a simbologia de PS (PVDF/SiO2). Espectros de Infravermelho foram obtidos através do espectrofotômetro FT-IR (Jasco, modelo 4100) com varreduras entre 4000-500 cm-1, em ATR. Os espectros de absorção foram realizados por um espectrofotômetro da marca Varian-Cary50.

RESULTADOS E DISCUSSÃO: A interação da cerâmica ao PVDF [(CH2CF2)n] representado através do espectro de absorção eletrônica (Figura 1), no qual é averiguado a interação de 10% de SiO2 à matriz polimérica. Em aproximadamente 303 nm há uma supressão da banda de absorção em relação a matriz não dopada. Através da deconvolução da curva (Figura 1.b) do PVDF, é averiguado um pico de absorção em 293 nm. Transições nσ* das ligações C-F presente na matriz polimérica são observadas nesta região, sendo assim a fortes indícios que o material cerâmico se interage a matriz polimérica por meio dos elétrons não ligantes do oxigênio presente na cerâmica em substituição ao flúor da matriz polimérica. O SiO2 nanoparticulado ao ser adicionado a matriz polimérica nas diferentes concentrações (Figura 2a), promove alterações significativas nas fases cristalinas do material (Figura 2b), à saber, alfa (α) e beta (β) como as mais comuns. A porcentagem de fase beta é calculada através dos picos de absorção correspondentes a 840 cm-1 e 763 cm-1 ao que se refere as fases beta e alfa, respectivamente. Os quais correlacionam as densidades de cristalinidade com as concentrações do polímero (GREGORIO e CESTARI, 1994), através da equação: F(b)=Ab/(1,26*Aa+Ab). O modificador ao ser adicionado em baixas concentrações de até 0,8% aumenta significativamente a porcentagem de fase β (Figura 2b) de 74% a 84%, além de proporcionar maior homogeneidade. Estes fatores devem-se à nanopartícula e a estrutura, em baixas concentrações acredita-se que apenas o SiO2 já aumentam as características polares e fase beta. Enquanto que em concentrações maiores que 1,0% há uma forte interação da cerâmica ao polímero levando-o a uma conformação apolar (MOHAMMADI et. al., 2007) e diminuindo sua porcentagem de fase β (Figura 2c).

Figura 1.

a) Absorção das soluções de PVDF e PVDF dopado com 10% de SiO2. b) Deconvolução da curva de absorção da solução PVDF.

Figura 2.

Espectro de absorção de FT-IR de polímero modificado com SiO2 a) e porcentagens de fase beta nos filmes em baixa b) e em altas concentrações c).

CONCLUSÕES: O método casting se mostra de fácil manipulação na fabricação de compósitos cerâmico polímero. A cerâmica se interage a matriz polimérica, conferindo-lhe alterações significativas a seu polimorfismo. Sendo que a baixas concentrações acarreta no favorecimento da fase beta ao polímero e em concentrações maiores ocorre uma supressão devido a possível formação da fase alfa. Desta forma um material de baixo custo com potencialidades piezoeletricas é denotado.

AGRADECIMENTOS: Os autores agradecem a UFGD.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: CALLISTER JR. W. D. Fundamentals of Materials Science and Engineering: An integrated approach. 2ed. 702p. Rio de Janeiro: LTC, 2006.

GREGORIO JR. R.; CESTARI, M. 1994. Effect of crystallization on the crystalline phase content and morphology of poly(vinylidene fluoride). Polymer Science.: Part B: Polymer Physical, v.32, p.859-870.

IKEDA, T.; Fundamental of Piezoelectricity, Oxford University Press, 1990.

LAROCHE, G.; MAROIS, Y.; GUIDOIN, R.; KING, M.W.; MARTIN, L.; HOW, T.; DOUVILLE, Y. 1995. Polyvinylidene fluoride (PVDF) as a biomaterial: from polymeric raw material to monofilament vascular suture. J Biomed Mater Res, v.29, p.1525-1536.

MARY, C.; MAROIS. Y.; KING, M.W; LAROCHE, G.; DOUVILLE, Y.; MARTIN, L.; GUIDOIN, R. 1998. Comparison of the in vivo behavior of polyvinylidene fluoride and polypropylene sutures used in vascular surgery. Asaio J., v.44, p.199-206.

MOHAMMADI, B.; YOUSEFI, A. A.; BELLAH, S. M. 2007. Effect of Tensile Strain Rate and Elongation on Crystalline Structure and Piezoelectric Properties of PVDF Thin Films. Polymer Testing, v.26, n.1, p.42-50.

RAHMAN, I. A.; PADAVETTAN, V. 2012. Synthesis of Silica Nanoparticles by Sol-Gel: Size-Dependent Properties, SurfaceModification, and Applications in Silica-Polymer Nanocomposites—A Review, Journal of Nanomaterials, p.15.

URBAN, E.; KING, M.W.; GUIDON. R.; LAROCHE, G.; MAROIS, Y.; MARTIN, L.; CARDOU, A.; DOUVILLE, Y. 1994. Way Make Monofilament Sutures Out of Polyvinylidene Fluoride? Asaio J, v.2, n.40, p.145-156.