53º Congresso Brasileiro de Quimica
Realizado no Rio de Janeiro/RJ, de 14 a 18 de Outubro de 2013.
ISBN: 978-85-85905-06-4

ÁREA: Iniciação Científica

TÍTULO: Modelagem molecular de derivados bisquinolina com atividade antimalárica usando MEPs e orbitais de fronteiras

AUTORES: Rodrigues, E.C.R. (UNIFAP) ; Kawakami, M.Y.M. (UNIFAP) ; Cardoso, G.S.M. (UNIFAP) ; Lobato, C.C. (UNIFAP) ; Sousa, M.A.C. (IFAP) ; Hage Melim, L.I.S. (UNIFAP) ; Santos, C.B.R. (UNIFAP)

RESUMO: A malária é um problema de saúde pública que mais acometem seres humanos. A resistência do protozoário aos medicamentos antimaláricos se destaca. Novos antimaláricos e modificações de estruturas estão sendo propostos como forma de tentar evitar ou minimizar essa resistência. O objetivo deste trabalho é estudar a estabilidade química e a reatividade molecular dos derivados das quinolinas com atividade antimalárica utilizando métodos de química quântica no nível de teoria HF/3-21G*, HOMO, LUMO, GAP e MEP’s. O composto C4 apresentou um alto valor de gap=-0.37336eV, enquanto que o composto C12 apresentou um menor valor de gap=-0.38659eV, isso explica a razão desta molécula (C12) apresentar menor atividade biológica, pois apresenta alta reatividade e menor estabilidade molecular.

PALAVRAS CHAVES: bisquinolina; quinolina; antimaláricos

INTRODUÇÃO: A malária é um dos maiores problemas de saúde pública do mundo, já que é a principal causa de perda econômica e alta morbidade e representa uma das doenças infecciosas que mais acometem seres humanos. A quimioterapia da malária envolve o uso de vários grupos de fármacos que compreendem a cloroquina, amodiaquina, ferroquina, isoquina, pironaridina, naftoquina, aminoquinolizidina e bisquinolinas (junção de duas 4-aminoquinolinas) (SOUZA, 2011). Os vários esforços atuais têm se baseado na síntese de novas drogas e na modificação molecular dos antimaláricos existentes, o que dificulta o aparecimento de resistência, considerando que o processo de resistência a novos fármacos, além de fisiologicamente complexo para o parasito, não é um processo evolutivamente instantâneo. Por isso, em nenhuma outra área da química, o conhecimento completo da estrutura molecular é tão essencial como na Química Medicinal. Esta disciplina das Ciências Farmacêuticas estuda as origens moleculares da atividade biológica dos fármacos, determinando os parâmetros que relacionam estrutura e atividade e aplicando estes fundamentos no planejamento racional dos fármacos (BARREIRO et, al, 1997). Neste trabalho, foram utilizados métodos de química quântica no nível de teoria HF/3-21G* para os novos derivados da bisquinolina com atividade antimalárica em cepas D10 de plasmodium falciparum (HEERDEN et al, 2012), usando orbitais de fronteiras (HOMO e LUMO), GAP como indicativo de reatividade química e estabilidade molecular, e mapas de potencial eletrostático molecular (MEP's) que foram avaliados e usados para identificar características chaves responsáveis pela atividade destes novos derivados.

MATERIAL E MÉTODOS: O estudo de propriedades físico-químicas utilizando a química quântica é utilizado para prever o comportamento químico de moléculas e, consequentemente, a sua atividade biológica em diversas situações de estabilidade e reatividade química (SANT’ANNA, 2009). As estruturas dos compostos selecionados foram construídas com o programa Gauss View 1.0, de acordo com o seguinte procedimento: inicialmente a estrutura do composto 1 foi construída e otimizada com o método ab initio HF/3-21G*, e em seguida, os demais compostos foram construídos a partir da mesma, então, obteve-se as estruturas otimizadas com menor energia. A conformação mais estável de cada molécula estudada foi usada para realizar os cálculos dos orbitais de fronteira (HOMO e LUMO) e mapas de potencial eletrostático molecular (MEPs). As propriedades Químico-Quânticos foram calculados usando o programa Gaussian 98 e HyperChem 6.02, respectivamente. O potencial eletrostático foi obtido através de um conjunto de cargas pontuais que representa o potencial quântico molecular de pontos definidos em torno da molécula. Os mapas do potencial eletrostático molecular representam uma superfície de contorno, e estes foram computados pelas cargas de Millikan e pelas palavras chaves GFOLDPRINT POP=FULL. Os cálculos do orbital HOMO (orbital molecular de maior energia) e do orbital LUMO (orbital molecular de menor energia) assim como a visualização do Mapa de Potencial Eletrostático Molecular, foram feitos a partir do software Molekel 4.2.

RESULTADOS E DISCUSSÃO: Os descritores químico-quânticos utilizados em estudos da relação estrutura atividade relacionam-se à energia dos orbitais HOMO e LUMO. O orbital HOMO mede o caráter elétron-doador de um composto, e o orbital LUMO mede o caráter elétron-aceitador. Destas definições, observa-se que quanto maior a energia do HOMO, maior a capacidade elétron-doadora, e quanto menor a energia do LUMO menor será a resistência para aceitar elétrons. As energias do HOMO e do LUMO são usadas como índices de reatividade química e são comumente correlacionadas com outros índices, tais como afinidade eletrônica e potencial de ionização (CARVALHO, 2003). Na Figura 1 são mostrados os HOMO dos compostos estudados e podemos notar que nesta região está ligada ao potencial de ionização do composto e caracteriza a capacidade da molécula em realizar ataques nucleofílicos. A diferença entre as energias dos orbitais HOMO-LUMO (gap) é um importante indicador de estabilidade molecular. Moléculas com baixo valor de gap são geralmente reativas, enquanto moléculas com alto valor de gap indicam alta estabilidade da molécula, no sentido de baixa reatividade nas reações químicas (SANTOS et al, 2013). gap = EHOMO – ELUMO De acordo com a Tabela 1, o composto com maior atividade biológica é o C4, e o de menor atividade é o C12. Essa diferença na atividade biológica deve-se ao fato do composto C4 apresentar um alto valor de gap=-0, 37336. O composto C12 apresentou menor valor de gap=-0, 38659 ao comparar com as demais moléculas. Isso explica a razão desta molécula apresentar menor atividade biológica, pois apresenta alta reatividade e menor estabilidade molecular. Além disso, observou- se menor valor de LUMO (0,07689eV) no composto C4 dentre as moléculas estudadas.

Figura 1

Orbital molecular ocupado de maior energia (HOMO) dos compostos estudados com atividade antimalárica usando o programa Molekel 4.2

Tabela 1

Descritores químico - quânticos utilizados para os compostos estudados derivados de bisquinolina e valores de IC50 experimental

CONCLUSÕES: De acordo com os dados obtidos, observou-se que os parâmetros analisados (HOMO, LUMO, GAP e Mep’s) estão de acordo com os índices de atividade biológica (IC50) da literatura, onde os compostos que tiveram um alto valor de GAP apresentaram atividade antimalarica maiores dentre os compostos derivados da bisquinolina estudados, o que foi mostrado pelo composto C4, que demonstrou ser o mais ativo e o C12 que apresentou menor valor de GAP, sendo o menos ativo, ao comparar com os demais valores de GAP das moléculas estudadas da série.

AGRADECIMENTOS: A Universidade Federal do Amapá (UNIFAP) Ao LMQC(Laboratório de Modelagem Química Computacional)

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: BARREIRO, E. J., RODRIGUES, C. R. Modelagem molecular: uma ferramenta para o planejamento racional de fármacos em química medicinal. Rev. Química Nova. Rio de Janeiro - RJ, 1997.
CARVALHO, I. Introdução à modelagem molecular de fármacos no curso experimental de química farmacêutica. Quim. Nova, 2003
HEERDEN, L.V., CLOETE, T. T., BREYTENBACH, J. W., KOCK, C., SMITH, P. J., BREYTENBACH, J. C., N’DA, D. D. Synthesis and in vitro antimalarial activity of a series of bisquinoline and bispyrrolo[1,2a]quinoxaline compounds. European Journal of Medicinal Chemistry 55 (2012) 335-345.
SANT’ANNA, C. M. R. Métodos de modelagem molecular para estudo e planejamento de compostos bioativos: Uma introdução. Rev. Virtual Quim., 2009.
SANTOS, C. B. R., LOBATO, C. C., SOUSA, M. A. C., MACÊDO, W. J. C., CARVALHO, J. C. T. Reviews in Theoretical Science. No Prelo (2013)
SOUZA, N. B. Avaliação da atividade antiplasmodial de análogos da cloroquina. Juiz de Fora - MG, 2011.