53º Congresso Brasileiro de Quimica
Realizado no Rio de Janeiro/RJ, de 14 a 18 de Outubro de 2013.
ISBN: 978-85-85905-06-4

ÁREA: Iniciação Científica

TÍTULO: Avaliação da Capacidade de Adsorção de íons Cobre (II) pela Vermiculita Expandida

AUTORES: Quartarone, P. (IFRJ) ; Fernandes e Silva Neves, M.A. (IFRJ) ; Silva Caldas, L.F. (IFRJ)

RESUMO: O presente trabalho contempla a utilização de um argilomineral (vermiculita expandida) como adsorvente de íons cobre (II) em solução aquosa. Para tal estudo uma solução padrão de cobre (II) a 200 mg L-1 foi preparada e colocada em contato com o argilomineral durante duas, quatro e seis horas sob agitação. Posteriormente, efetuou-se a filtração e quantificou-se o filtrado utilizando a metodologia espectrofotométrica sugerida por CALDAS et al. (2011). A fim de avaliar a exatidão da metodologia espectrofotométrica, o analito também foi quantificado pela técnica espectrométrica de absorção atômica com chama (F AAS). Foi verificado um percentual de retenção de íons cobre (II) de no mínimo 87,6 ± 2,4 e no máximo 92,7 ± 1,8 nos tempos de contato avaliados.

PALAVRAS CHAVES: Adsorção; Vermiculita; Íons cobre

INTRODUÇÃO: A água disponível, para qualquer utilização, vem se tornando cada vez mais escassa, tornando-se cada vez mais necessário a purificação e reutilização da mesma. O grande desenvolvimento industrial ocorrido nas últimas décadas tem sido um dos principais responsáveis pelo comprometimento da qualidade de nossas águas (MAGOSSI,2008). Entre os poluentes mais perigosos destacam-se os metais pesados, como o cobre, que possuem a capacidade de bioconcentrar na cadeia alimentar atingindo altas concentrações nos níveis tróficos mais superiores (TOMASSI,2008). O cobre apresenta uma importante função como nutriente tanto para plantas como para seres humanos. Porém, acima do limite aceitável torna-se prejudicial, sendo o limite máximo tolerável para seres humanos de até 35 mg/dia (VAITSMAN, 2005). De acordo com a Resolução CONAMA (Conselho Nacional do Meio Ambiente) n° 430 de 2011 – art. 16, o limite máximo que poderá ser lançado de cobre dissolvido diretamente no corpo receptor é de 1,0 mg L-1. Com isso, todo efluente contaminado com esse metal deverá ser tratado, a fim de satisfazer tal exigência. A literatura apresenta uma gama de métodos utilizados para remoção de metais em soluções aquosas, entretanto a grande maioria apresenta baixa eficiência, geração de grande volume de lodo e/ou custo elevado quando os metais estão em baixas concentrações (BARROS et al, 2009). Diante dessas limitações somadas às leis ambientais cada vez mais severas, tem-se incentivado o surgimento de métodos alternativos de tratamento, como a adsorção em materiais naturais. O presente trabalho aborda a utilização de um argilomineral (vermiculita expandida) como adsorvente de íons cobre (II) em solução aquosa.

MATERIAL E MÉTODOS: A vermiculita expandida utilizada neste estudo foi submetida a um processo de separação granulométrica onde se utilizou peneiras de malha de 10, 18 e 230 mesh (2,00 mm, 1,00 mm e 63 µm de diâmetro, respectivamente), sendo a faixa escolhida para trabalho entre 10 e 18 mesh. Para o estudo da adsorção uma massa equivalente a 2,0 g de vermiculita expandida foi posta em contato com 20,00 mL de solução de cobre (II) a 200 mg L-1 sob agitação constante em shaker a temperatura ambiente, variando o tempo de contato de 2, 4 e 6 horas. Em seguida foi realizada a filtração à vácuo e o filtrado foi armazenado em frascos plásticos para serem quantificados posteriormente. A quantificação do íon cobre (II) foi realizada por Espectrofotometria de UV- Visível baseada na metodologia de CALDAS et al. (2011), e sua exatidão foi avaliada através da quantificação do analito por uma metodologia de referência - Espectrometria de Absorção Atômica com Chama. Para tal, determinou-se as seguintes figuras de mérito de ambos os métodos: Linearidade da curva, Coeficiente de correlação linear (R2), Limite de detecção (LD), Limite de quantificação (LQ).

RESULTADOS E DISCUSSÃO: Para o método de Espectrofotometria de UV-Visível obteve-se a equação da curva de calibração igual a Abs = 1,460 [Cu(II)] – 0,001 e R2 igual a 0,9898, na faixa linear de 20 a 320 µg L-1 o LD do método aferido foi de 2,9 µg L-1 e o LQ foi de 9,7 µg L-1. Para o método de Espectrometria de Absorção Atômica com Chama obteve-se a equação da curva de calibração igual a Abs = 0,254 [Cu(II)] + 0,001 e R2 igual a 0,9999, na faixa linear de 0,1 mg L-1 a 1,0 mg L-1 o LD do método foi de 12,3 µg L-1 e o LQ foi de 41,1 µg L-1. A Tabela 1 apresenta os resultados obtidos utilizando a metodologia de CALDAS et al. (2011) na quantificação de íons cobre (II) presente no filtrado e a porcentagem adsorvida pelo argilomineral. Já a Tabela 2 traz um comparativo entre os resultados obtidos pela metodologia avaliada e o método referência Espectrometria de Absorção Atômica com Chama. Observou-se através dos valores obtidos que a vermiculita expandida teve um percentual de retenção de íons cobre (II) de no mínimo 87,6 ± 2,4 e no máximo 92,7 ± 1,8 nos tempos de contato avaliados. E que o aumento de tempo de contato de 2 horas para 4 horas, e de 4 horas para 6 horas pouco influenciou na retenção do metal pelo argilomineral. Todavia, faz-se necessário um estudo de tempos de retenção maiores a fim de se verificar em quanto tempo a vermiculita expandida atinge a sua capacidade máxima de adsorção, demonstrando assim que todos os seus sítios ativos estariam preenchidos. Após a aplicação das duas metodologias utilizadas na quantificação dos íons cobre (II) os resultados foram avaliados estatisticamente (t de student). O t calculado (-1,76) foi menor do que o t tabelado (2,57), indicando que não houve diferença estatística entre os valores encontrados pelas duas metodologias a 95% de confiança.



Tabela 1 - Concentração de íons cobre (II) no filtrado e as respectivas porcentagens adsorvidas pelo argilomineral obtidas pela metodologia espectrofotométrica de CALDAS et al. (2011)



Tabela 2 - Porcentagens adsorvidas pelo argilomineral obtidas pela metodologia espectrofotométrica de CALDAS et al. (2011) e por F AAS

CONCLUSÕES: A utilização da vermiculita expandida como adsorvente mostrou-se viável, pois além de ser um adsorvente de baixo custo e ser encontrado abundantemente no Brasil, a mesma reteve um percentual de 92,7 ± 1,8 de íons Cu (II) presente na solução aquosa após 6 horas de contato. Sendo assim, sua utilização é uma boa alternativa na minimização de impactos ambientais causados pela presença do metal cobre. Aplicando os testes estatísticos, foi possível verificar com 95% de confiança, a viabilidade do método espectrofotométrico de CALDAS et al. (2011) empregado na quantificação de íons cobre (II) no filtrado, já que não houve diferença significativa entre os métodos estudados.

AGRADECIMENTOS: Ao IFRJ.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: BARROS, A.M.; MUNHOZ, L.F.; ALMEIDA NETO, A.F. et al. Remoção de cobre de soluções sintéticas pela mistura de argilas. VIII Congresso Brasileiro de Engenharia Química em Iniciação Científica, Minas Gerais, 2009.
CALDAS, L. F. S.; FRANCISCO, B. B. A.; NETTO, A. D. P. et al. Multivariate optimization of a spectrophotometric method for copper determination in Brazilian sugar-cane spirits using the Doehlert design. Microchemical Journal, v. 99, p. 118-124, 2011.
MAGOSSI, L.R. e BONACELLA, P.H. Poluição das águas. São Paulo: Editora Moderna, 2ed., São Paulo, 2008.
TOMASSI, L.R. Meio Ambiente & Oceanos. 1.ed. São Paulo: Editora Senac, 2008 (Série Meio Ambiene; 9), p.198-202.
VAITSMAN, D.S. e VAITSMAN, M.S. Água Mineral. Rio de Janeiro: Editora Interciência LTDA, 2005. 219p (Interdisciplinar; 3).