53º Congresso Brasileiro de Quimica
Realizado no Rio de Janeiro/RJ, de 14 a 18 de Outubro de 2013.
ISBN: 978-85-85905-06-4

ÁREA: FEPROQUIM - Feira de Projetos de Química

TÍTULO: Síntese do Mefenamato de Ferro III e sua Estequiometria a partir de Análise Térmica

AUTORES: Cardoso, M.Y. (IFMT - JUÍNA) ; Peruzzo, S. (IFMT - JUÍNA) ; Campos, F.X. (IFMT - JUÍNA)

RESUMO: Foi sintetizado, no estado sólido, o composto FeL3, sendo que L representa o íon ânion mefenamato. O composto foi sintetizado por adição estequiométrica, sob agitação do ligante, em forma de mefenamato de sódio, na solução de sulfato de ferro III hexa-hidratado. A precipitação do composto ocorreu logo após a mistura da solução do ligante e do metal, no entanto, houve a necessidade de se manter sob refrigeração durante sete dias para o envelhecimento dos cristais. A caracterização do composto foi realizada utilizando-se a Termogravimetria- Calorimetria Exploratória Diferencial simultâneo (TG-DSC simultâneo). Através desta técnica foi possível obter as informações sobre a desidratação, comportamento térmico, estequiometria e a estrutura do composto sintetizado.

PALAVRAS CHAVES: estequiometria; mefenamato; comportamento térmico

INTRODUÇÃO: A análise térmica é uma técnica introduzida no Brasil na década de 60, na ocasião, foram publicadas uma série de artigos sobre a decomposição térmica de selenatos e selenitos de terras raras. A partir de 1974, com a introdução do estudo das técnicas termoanalíticas em curso de pós-graduação em São Paulo começou-se a difundir o estudo da Termogravimetria (TG), Análise Térmica Diferencial (DTA) e a Calorimetria Exploratória Diferencial (DSC), com estes estudos, focalizavam-se centralmente interpretações de dados termoanalíticos, o que consolidou a utilização da Análise Térmica no Brasil (IONASHIRO, 2004). Neste trabalho pretende-se sintetizar o composto de mefenamato de ferro III, a partir do precursor mefenamato de sódio, previamente preparado a partir do ácido mefenâmico. Descrever a utilização do cálculo estequiométrico como ferramenta para se determinar a composição exata de uma substância a partir de dados termoanalíticos. Espera-se determinar a partir da análise térmica TG-DSC (Termogravimetria acoplada a Calorimetria Exploratória Diferencial) o grau de hidratação e a decomposição térmica e a estequiometria da nova substância sintetizada. Não foi encontrado na literatura trabalhos sobre análise térmica de composto mefanamato de ferro III com ênfase no cálculo estequiométrico utilizado na definição de sua estrutura química. Neste trabalho pretende-se sintetizar o composto mefenamato de sódio, como precursor e o composto mefenamato de ferro III, além deste, pretende-se caracterizar o composto mefenamato de ferro III através da Técnica termoanalítica TG-DSC (termogravimetria – calorimetria exploratória diferencial).

MATERIAL E MÉTODOS: O ligante mefenamato de sódio será preparado fazendo-se reagir estequiometricamente o ácido mefenâmico, que possui o pKa igual a 4,2, (RASHEED et al., 2009) com solução de hidróxido de sódio supondo a formação de uma solução de mefenamato de sódio com concentração igual a 0,1 mol L-1, gerando uma solução com pH ajustado em torno de 9,6. A partir dessas informações, será determinada a quantidade a ser pesada de ácido mefenâmico, o qual será dissolvido ou suspenso em uma determinada quantidade de água, e então, será acrescentada lentamente uma solução contendo uma quantidade estequiométrica de hidróxido de sódio. Para essa descrição de preparação possível do mefenamato de sódio será testada a necessidade de aquecimento e agitação da mistura para aperfeiçoar o processo. Os mefenamato ferro III no estado sólido, será preparados pela adição estequiométrica, lenta e sob agitação da solução do ligante mefenamato de sódio na solução do respectivo cloreto ou sulfato de Ferro (III). Obtida a precipitação, o conteúdo sólido será filtrado e lavado com papel de filtro Whatman nº 42, lavado com água destilada até a eliminação total dos íons cloretos ou sulfatos e recolhido em frasco de plástico (Ependorf) e mantidos em dessecador. Termogravimetria - calorimetria exploratória diferencial simultâneo (TG-DSC simultâneo) será obtido no equipamento de análise térmica TG/DSC-1 da Mettler Toledo capaz de operar desde a temperatura ambiente até 1600ºC. Para obtenção das curvas, será utilizados cadinhos de α-Al2O3 (70μL), com massa de amostra em torno de 10 mg, com razão de aquecimento de 20ºC min-1, atmosfera de ar seco com vazão de 60 mL min-1 e intervalo de 30-1000ºC.

RESULTADOS E DISCUSSÃO: A preparação do ligante mefenamato de sódio rendeu uma solução com concentração de 0,09500 mol L-1. A preparação do mefenamato de ferro III, ocorreu da mistura do precursor com sulfato de ferro III hexa-hidratado, a mistura reagente permaneceu por sete dias sob refrigeração até envelhecimento dos cristais, após esse período o precipitado foi filtrado, lavado e seco resultando em um composto sólido de cor marrom clara.Observando os dados da TG-DSC simultâneo, ver Figura 1, foi possível verificar que não há perda de massa na região entre 0 a 200 ºC que seja significativa para determinar perda de água de hidratação ou água de constituição do composto. Foi possível constatar que houve perda de massa de 88,90 %, relativa a decomposição oxidativa do mefenamato de ferro III até formação de resíduo. Podemos observar, na Figura 1, que a decomposição térmica do composto anidro ocorre em 3 etapas consecutivas. Os picos endotérmicos em 238 ºC e 265 ºC estão relacionados com a decomposição térmica do composto anidro. A exoterma entre 350 ºC a 550 ºC com pico em 470 ºC é atribuída a decomposição oxidativa da ligante orgânico. A curva TG-DSC indica a formação de Fe2O3 (ΔmTG=88,90%) em 560 ºC como resíduo estável, confirmado por teste qualitativo realizado por observação da cor do resíduo que se apresentou avermelhado, característico do Óxido Férrico. Cálculo estequiométrico do mefenamato de ferro III, ver figura 2. A partir dela podemos definir que o composto é anidro e possui a fórmula estequiométrica FeL3. Teor do mefenamato de ferro está calculado conforme figura 3, no qual podemos afirmar que o composto foi sintetizado com sucesso, pois há diferença entre o teor teórico e experimental menor que 1%.

Curva TG-DSC do composto FeL3.

Análise térmica do mefenamato de ferro III através de TG-DSC simultaneo.

Calculo estequiométrico do mefenamato de ferro III

Descreve a análise dos dados da curva TG utilizando do cálculo estequiométrico para definir a composição do mefenamato de ferro III.

Cálculo do teor de mefenamato de ferro III

Descreve o cálculo utilizado para comparar o teor teórico e experimental de substância a partir da análise térmica.

CONCLUSÕES: A partir das curvas TG-DSC foi possível estudar o comportamento térmico do mefenamato de ferro III, determinar que o composto anidro e que sua fórmula geral é FeL3. Demonstrar a forma de analisar os dados da curva TG para determinar a estequiometria, fórmula e teor do composto sintetizado.

AGRADECIMENTOS: Ao professor Dr. Adriano Buzutti de Siqueira, pela análise térmica e contribuições.

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