53º Congresso Brasileiro de Quimica
Realizado no Rio de Janeiro/RJ, de 14 a 18 de Outubro de 2013.
ISBN: 978-85-85905-06-4

ÁREA: Química Analítica

TÍTULO: VALIDAÇÃO DE UM MÉTODO ANALÍTICO PARA AVALIAÇÃO DE ENDOSULFAN-ALFA EM MEL POR GC-ECD

AUTORES: Cardoso, K.M. (UESB) ; Luz, Y.A.M. (UESB) ; Oliveira, C.M.R.C.M. (UESB) ; Souza, M.M. (UESB) ; Barreto Junior, W.B. (UESB) ; Silva, A.P.S.S. (UESB) ; Santos, M.L.P. (UESB) ; Santos, J.S. (UESB)

RESUMO: O mel é um produto amplamente aceito, por conta disso é necessário assegurar as propriedades naturais, uma vez que as abelhas circundam uma vasta área, estando sujeitos a diversos poluentes. Assim, neste trabalho, foi desenvolvido e validado um método analítico para avaliação de Endosulfan-Alfa em mel por cromatografia gasosa com detector de captura de elétrons, com o objetivo da detecção e quantificação desse contaminante em amostras de méis. Para a validação do método garantiu figuras de mérito propostas pela legislação como: seletividade, linearidade da curva analítica, limite de detecção e limite de quantificação, precisão (repetibilidade e precisão intermediária) e exatidão. O método e os parâmetros utilizados no processo de validação mostraram-se eficiente.

PALAVRAS CHAVES: Mel; Cromotografia; Agrotóxico

INTRODUÇÃO: Por ser um produto amplamente aceito, é necessário assegurar as propriedades naturais do mel, uma vez que as abelhas, responsáveis pela produção, são insetos que circundam uma vasta área ao qual habitam, estando sujeitos a diversos poluentes, tal contato permite a contaminação da sua população e do produto que fabricam. Essas alterações em grande parte derivam do uso de agrotóxico em plantios próximos, que é um dos meios para garantir resultados viáveis, quanto à produtividade. Contudo, pelo uso intensivo e aplicação demasiada, foram criados pela legislação níveis aceitáveis de resíduos dos pesticidas em alimentos. Neste contexto, tornam-se necessários estudos de quantificação destes compostos em diferentes matrizes, com a fiscalização dos poluentes encontrados nos alimentos consumidos pela população. O analito em estudo foi escolhido tanto pela sua classe, clorociclodienoclorado, que permite a detecção pela cromatografia gasosa com detector de captura de elétrons, como pelo nível de extrema toxicidade. O Endosulfan abrange uma classe para controle de pestes, agindo como um inseticida, formicida e acaricida. Banido em alguns países pela sua toxicidade, o Endosulfan é um dos agrotóxicos revisados por órgão fiscalizadores que aconselham a proibição do uso. Principalmente utilizados em cultura de café, algodão e cana-de-açúcar, o pesticida já foi encontrado em diferentes culturas as quais o seu uso não era permitido. Assim, neste trabalho, foi desenvolvido e validado um método analítico para avaliação de Endosulfan-Alfa em mel por cromatografia gasosa com detector de captura de elétrons, com o objetivo da detecção e quantificação desse contaminante em amostras de méis.

MATERIAL E MÉTODOS: A instrumentação foi um cromatógrafo a gás, Perkin Elmer, Clarus 500, com detector de captura de elétrons e coluna capilar de cobre, com 30 metros de comprimento e 0,25 milímetros de diâmetro. Utilizou-se acetona grau HPLC e o padrão de Endosulfan-Alfa 99,6% (SIGMA-ALDRICH), preparou-se uma solução-estoque de 10 mg L-1 e a preparação de padrões para injeção no aparelho em concentrações de 0,01 a 0,2 mg L-1, sendo injetado no aparelho 1,5 μL. Condições operacionais: Nitrogênio como gás de arraste (fluxo 1,75 mL Min-1); Temp. do injetor: 250ºC; Temp. da coluna primeiramente com 100ºC, aumentando 25ºC por minuto até 280ºC, assim até o final da corrida; Temp. do detector: 300ºC; Vazão do gás make up: 28 mL. Para a validação assegurou-se figuras de mérito como: seletividade, linearidade da curva analítica, limite de detecção e limite de quantificação, precisão (repetibilidade e precisão intermediária) e exatidão. Para a exatidão do método realizaram-se ensaios de recuperação onde as amostras foram contaminadas em diferentes níveis de concentração e extraídas baseadas no método de extração líquido-líquido para organoclorados (MARCIEL, 2005) com modificações: Pesou-se 10g da amostra em erlermmeyer, adicionada de 50 mL de diclorometano grau HPLC e com o auxílio de um bastão de vidro, agitou-se manualmente por 2 minutos. A seguir, a mistura foi filtrada em um kitassato com auxílio de papel filtro nº 45. Em seguida, lavou-se o elermmeyer com 30 mL de diclorometano, filtrado e adicionado ao filtrado anterior. Levou-se ao evaporador rotativo à vácuo com temperatura de 40ºC. O resíduo foi recolhido com 10 mL de acetona grau HPLC, novamente filtrado com filtro de seringa (0,2 micrômetro de diâmetro de poro) e então analisadas por GC-ECD.

RESULTADOS E DISCUSSÃO: O tempo para a análise atingiu 9,45 minutos e o tempo de retenção do analito foi de 8,33 minutos. A seletividade foi alcançada ao garantir que o pico de resposta foi somente do analito, para isso realizou-se um ensaio do branco, o qual no tempo de retenção determinado, não foi detectado nenhum interferente. Para a linearidade, construiu-se uma curva de calibração da concentração do analito em função da área do pico de resposta: a faixa de linearidade compreendeu valores de concentrações de 0,01 a 0,2 mg L-1 e o coeficiente de correlação foi acima de 0,993, julgado como uma boa correlação segundo recomendações da ANVISA (RIBANI et al, 2004). Para os limites de detecção (LD) e quantificação (LQ) utilizou-se o método baseado em parâmetros da curva analítica; o LD definido como três vezes o desvio padrão do branco (n=10) dividido pela inclinação da curva analítica e o LQ correspondendo a dez vezes o desvio padrão do branco (n=10) dividido pela inclinação da curva, obtendo assim os valores de 0,003 mg L-1 para o LD e 0,009 mg L-1 para o LQ. A precisão foi avaliada pela estimativa do desvio padrão, utilizando um número de repetições igual a 5 para 3 níveis de concentrações (0,01; 0,1 e 0,2 mg L-1). Para a repetitividade, tomando a estimativa do desvio padrão relativo, as concentrações compreenderam valores de 16,31%, 11,61% e 7,42% respectivamente. Segundo (RIBANI et al, 2004), para análises traços são aceitos RSD até 20%. Para a precisão intermediária utilizou-se o mesmo procedimento, porém realizados em dias diferentes, obtendo estimativas do desvio padrão relativo iguais a 1,46%, 0,19% e 0,78%. A recuperação compreendeu valores entre 78,30 e 83,66%, aceitos para análises de pesticidas (BRITO et al, 2003).

Cromatograma

Cromatograma do padrão de Endosulfan-Alfa

CONCLUSÕES: O método utilizado para a avaliação do agrotóxico em estudo em amostras de méis e os parâmetros utilizados no processo de validação mostrou-se eficiente.

AGRADECIMENTOS: UESB e FAPESB

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: BRITO, N. M.; AMARANTE JUNIOR, O. P.; POLESE, L.; RIBEIRO, M. L. Validação de métodos analíticos: Estratégia e discussão. Pesticidas: R. Ecotoxicol e Meio Ambiente, Curitiba, v13, p 129-146, 2003.

MARCIEL, E., Desenvolvimento e Validação de Metodologia Analítica de Multiresíduos Para Quantificação de Resíduos de Pesticidas em Manga (Mangifera indica). Dissetação de Mestrado (2005) USP, Piracicaba-SP.

RIBANI, M.; BOTTOLI, C. B. G.; COLLINS, C. H.; JARDINS, I. C. S. F. Validação em métodos cromatográficos e eletroforéticos. Quim. Nova, v.27, 5, p 771-780, 2004.