53º Congresso Brasileiro de Quimica
Realizado no Rio de Janeiro/RJ, de 14 a 18 de Outubro de 2013.
ISBN: 978-85-85905-06-4

ÁREA: Química Analítica

TÍTULO: Estudo do processo oxidativo do óleo comercial de neem da espécie Azadirachta indica por espectroscopia no infravermelho e análise térmica (TG/DTG).

AUTORES: Santos, G. (UFMS) ; Liu, H. (UFMS) ; Oliveira, L. (UFMS)

RESUMO: O óleo de neem, extraído da árvore de neem é um óleo com grande exploração agropecuária, medicinal e industrial. A importância de um estudo para verificar a qualidade desse óleo nos comércios se torna cada vez mais essencial. A qualidade desse óleo é afetada por processos de oxidação que o mesmo tende a sofrer. Estudos feitos por análise termogravimétrica revela que esse óleo sofre degradação ao longo período de estocagem por apresentar menor estabilidade térmica.Na análise do infravermelho observamos bandas características de oxidação (OH de ácidos livres)confirmando assim a oxidação do óleo analisado. Com essas informações se torna necessário ações para retarde ou ate mesmo evite a degradação do óleo de neem.

PALAVRAS CHAVES: Óleo; Neem; Oxidação

INTRODUÇÃO: O neem é uma árvore milenar, nativa da Índia, que vem sendo utilizada há séculos para os mais variados fins. As aplicações potenciais são direcionadas para usos farmacêuticos, veterinários, agropecuários, meio ambiente, entre outros (MOSSINI et al.,2005). O óleo de neem possui mais de 150 princípios ativos, e 25 desses princípios possuem comprovada atividade biológica. No período de estocagem de óleos, é encontrado um dos maiores problemas relacionados à manutenção de sua qualidade, isso, devido ao fato que justamente nessa etapa o mesmo tende a sofrer mudanças nas suas propriedades, ao longo do tempo, devido a reações oxidativas com o meio ambiente. Isso, devido a processos de degradação que podem ser acelerados pela exposição ao ar, umidade, metais, luz, calor, entre outros (DE ARAUJO et al., 2010). O grande potencial para exploração agropecuária, medicinal e industrial das substâncias justifica um controle na qualidade desses óleos. As informações científicas, sobre o processo oxidativo do óleo comercial do Neem são quase inexistentes no Brasil. Desta forma, objetivou-se realizar o estudo para obter essa e outras informações de interesse.

MATERIAL E MÉTODOS: O óleo de neem analisado, foi adquirido no comércio de Campo Grande (MS)da espécie Azadirachta indica.O espectro de absorção na região do infravermelho foi obtido por um espectrofotômetro BOMEM, modelo Michelson com resolução de 4cm-1, na região compreendida entre 4000-500 cm-1. As análises termogravimétricas foram feitas por um equipamento TGA-Q50 da TA Instruments, com razão de aquecimento de 10ºC mim-1, utilizando ar sintético com fluxo de 60 ml mim-1 na amostra, a massa da amostra foi de aproximadamente 7 mg e o aquecimento foi da temperatura ambiente até 600ºC.

RESULTADOS E DISCUSSÃO: A Figura 7 mostra o espectro de absorção no infravermelho do óleo comercial de neem. De acordo com o observado por (FONSECA et al., 2009) a banda larga em torno de 3600-3200 cm-1 está associada a hidroxilas presentes nas carbonilas dos ácidos graxos livres, esse resultado confirma o auto valor encontrado no índice de acidez do óleo, o que confirmar que o óleo estudado está passando por processos oxidativos. Os picos observados nas regiões de 2924, 2855 e 1458 cm-1 são atribuídos às ligações C-H do esqueleto hidrocarbônico. Podemos observar também a presença de picos nas regiões de 3009, 1600, 800-900 cm-1 relacionados às ligações H-C das ligações duplas presentes nos ácidos graxos insaturados. Absorções em torno de 1746 cm-1 são atribuídas à carboxila (C=O) de ésteres, o que pode ser confirmado também por absorções na região compreendida entre 1263-1099 atribuída a ligações C-O de ésteres. Na curva TG/DTG apresentada na Figura 2, observamos uma diminuição da estabilidade térmica durante um período de estocagem, indicando que o óleo estava passando por processo oxidativo. Observamos quatro perdas de massa: a primeira relacionada a degradação de ácidos graxos poliinsaturados, a segunda relacionada a degradação de ácidos graxos monoinsaturados e saturados e a terceira e quarta perda de massa, esta relacionada a degradação de matérias carbônicos.

Figura 1: Espectro no infravermelho do óleo comercial de neem.



Figura 2: Curvas TG/DTG do óleo comercial de neem.



CONCLUSÕES: As técnicas utilizadas nas análises demonstraram que o óleo comercial de neem sofre oxidação ao longo período de estocagem e que são necessárias providências para retardar ou até mesmo evitar essa degradação.

AGRADECIMENTOS: A UFMS, CAPES, CNPq e FUNDECT

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: DE ARAUJO, T. A.; BARBOSA, A. M. J. ; VIANA, L. H.; FERREIRA, V. S. 2010. Voltammetric determination of tert-butylhydroquinone in biodiesel using a carbon paste eletrode in the presence of surfactant. Fuel. 79, 409-414.

MOSSINI, S. A. G. e KEMMELMEIER, C. 2005. A árvore Nim (Azadirachta indica A. Juss): Múltiplos Usos. Acta farm. Bonaerense. 24, 139-48.

FONSECA, M. M. e YOSHIDA, M. I. 2009. Análise térmica do óleo de linhaça natural e oxidado. Thermal analysis of raw and aged linseed oil. 11, 61-75.