53º Congresso Brasileiro de Quimica
Realizado no Rio de Janeiro/RJ, de 14 a 18 de Outubro de 2013.
ISBN: 978-85-85905-06-4

ÁREA: Química Analítica

TÍTULO: Utilização da cromatografia de íons na avaliação de cátions e ânions em méis de abelhas apis mellifera produzidos no estado da Bahia

AUTORES: Souza, M.M. (UESB) ; Vieira, T.L. (UESB) ; Cardoso, K.M. (UESB) ; Guimarães, L.G.C. (UESB) ; Santos, J.S. (UESB) ; Santos, M.L.P. (UESB)

RESUMO: A avaliação dos cátions e ânions presentes no mel pode contribui para um controle eficaz da qualidade do produto, bem como identificar sua origem geográfica, a qual é influenciada pelos fatores ambientais da região onde é produzido. Neste contexto, foram avaliadas 25 amostras de méis produzidos em diferentes regiões no estado da Bahia, com base nos teores de cátions e ânions utilizando a cromatografia de íons. Nas amostras avaliadas, os íons de maior concentração presente nos méis foram o K+ e Cl-. A cromatografia de íons mostrou- se uma eficiente técnica nas analises realizadas, firmando-se como uma importante ferramenta no controle de qualidade do mel.

PALAVRAS CHAVES: Mel; cromatografia de íons; cátions e ânions

INTRODUÇÃO: A produção de mel e produtos apícolas vem crescendo significativamente no estado da Bahia e, segundo o IBGE (2011), está em 3º lugar na produção de mel no Nordeste e 7º no Brasil. Considerado um alimento natural bastante saboroso, rico em vitaminas e sais minerais, o mel é produzido pelas abelhas e tem a tarefa vital de polinização de aproximadamente 73% das espécies cultivadas no mundo (FAO, 2004). A composição do mel pode variar com o tipo de florada visitado pela abelha, podendo ser influenciado pelas condições climáticas, ambientais e presença de diferentes minerais no solo de onde é produzido. Esses minerais podem ser disponibilizados através da aplicação de produtos químicos nos solos e nas culturas com o intuito de melhorar a produção. Contudo, de acordo a RISSATO (2006), as abelhas conseguem percorrer aproximadamente 7 Km2 nas áreas que circundam seu habitat, interceptando diferentes elementos indesejáveis que podem vir a estar presentes no mel. Desta forma, a determinação de cátions e ânions em amostras de mel pode ser utilizada como indicadores de poluição ambiental através dessas análises. A cromatografia de íons refere-se a métodos modernos e eficientes de separação e determinação de íons com base em resinas de troca iônica que vêm se destacando ultimamente entre as diferentes técnicas cromatográficas devido a sua alta versatilidade (DIAS, 2010). Além de não requerer etapas de mineralização e/ou digestão das amostras, pode-se analisar com precisão diferentes íons em uma única análise. O objetivo deste trabalho é avaliar amostras de méis apis mellifera, produzidos no estado da Bahia com base nos teores de cátions (Na+, NH4+, K+, Mg+2 e Ca+2) e ânions (Cl-, NO3-, NO2-, PO4-3 e SO4-2) utilizando a cromatografia de íons.

MATERIAL E MÉTODOS: Neste estudo foram avaliadas 25 amostras de méis de abelhas apis mellifera oriundas de 14 municípios do estado da Bahia no período de fevereiro de 2012 à março de 2013. Algumas amostras foram obtidas através do contato direto com apicultores e outras em supermercados, e as análises realizadas no Laboratório de Química Analítica e Ambiental da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia - UESB. As amostras foram mantidas em suas embalagens originais e em temperatura ambiente protegidas da luz até o momento das análises. Para a determinação dos cátions e ânions, pesou-se 0,5 gramas da amostra que foram posteriormente homogeneizadas e diluídas em água Milli-Q e avolumadas em um balão de 50 mL. Em seguida com o auxilio de seringas descartáveis de 10 mL, as amostras foram filtradas com filtro Verti PureTM de 0,45 mm e em seguidas transferidas para um tubo falcon e armazenadas na geladeira até o momento das analises. Foi utilizada a coluna de cátion C2 (150 mm) e o eluente empregado foi o ácido oxálico 2,7 milimol/L com o fluxo de 0,9 mL/ min (METROHM) e a coluna de ânions A Suup 5 (150 mm), na qual, o eluente utilizado foi uma solução composta de Na2CO3 5,4 milimol/L e NaHCO3 5,1 milimol/L, com o fluxo de 0,7 mL/min. O tempo de retenção estabelecido de cada íon é registrado no programa do equipamento de acordo a injeção de um mix de padrões para os cátions e outro para os ânions, com concentrações conhecidas, com tempo de corrida de 15 minutos e o coeficiente de correlação foi aproximadamente 0,99 para todos os íons. As amostras foram injetadas em um cromatógrafo de íons Compacto, Metrohm, Basic Plus 883, onde, as análises são realizadas através da condutividade (µS cm-1) e os resultados são apresentados em mg kg-1.

RESULTADOS E DISCUSSÃO: De acordo os resultados apresentados na Figura 1, os cátions que apresentaram as maiores concentrações nas amostras de mel foram o potássio, seguido do sódio, cálcio, magnésio e amônio que apresentaram as concentrações médias de 1181,3; 166,9; 86,05; 45,1 e 22,5 mg kg-1, respectivamente. As concentrações de K+, Mg+2 e Ca+2 encontradas são concordantes com a concentração média revelada na literatura (MARCHINI et al., 2005; PARAMÁS et al.,2000; MENDES, 2003). Entre os ânions, o cloreto apresentou a concentração mais elevada nas amostras analisadas, com um valor médio de 874,04 mg kg-1 seguindo pelo fosfato, sulfato, nitrito, com valores de 51,19; 17,21; 5,94 mg kg-1 e o Nitrato com 3,26 mg kg-1, respectivamente. DEL NOZAL, et al. (2000) também encontrou sulfato e nitrato em amostras de méis de diferentes origens florais, porém, em diferentes concentrações, variando de 20 a 206 mg kg-1 e 0,5 a 7,3 mg kg-1 respectivamente. Os elevados valores de cátions e ânions encontrados nos méis podem ser associados ao uso de fertilizantes em diversas atividades agrícolas desenvolvidas ao redor dos apiários, uma vez que a produção do mel fica altamente vulnerável à contaminação, já que as abelhas podem interceptar os diferentes poluentes presentes nas áreas ao redor do seu habitat (RISSATO, 2006).



Figura 1: Concentrações em mg kg-1 de cátions e ânions em diferentes amostras de mel.

CONCLUSÕES: De forma precisa e confiável, a cromatografia de íons revelou ser uma ótima ferramenta para determinar cátions e ânions presentes nas amostras de mel. Além da facilidade do processo de injeção direta da amostra com apenas a filtração, sem precisar de pré-tratamento mais rigoroso como digestão e/ou mineralização. De acordo os resultados encontrados, faz-se necessário um manejo adequado nas culturas próximas aos apiários para que assim não ocorra contaminação no mel por elementos indesejáveis.

AGRADECIMENTOS: Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia- UESB

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: DEL NOZAL, M.J. “Determination of oxalate, sulfate and nitrate in honey and honeydew by Ion- chromatography”. J. Chromatogr. A. 881, 2000.

DIAS, J. C. Determinação de acetato, nitrato, ferro (II), ferro (III) e cobre em etanol combustível por cromatografia de íons – Campinas, SP: [sn], 2010.

FAO (Food and Agriculture Organization). 2004. Conservation and management of pollinators for sustainable agriculture – the international response. Pp. 19-25. In: B.M. Freitas & J.O.B. Portela (eds.). Solitary bees: conservation, rearing and management for pollination. Universidade Federal do Ceará, Fortaleza,CE. 285p.

MARCHINI et al, Análise de agrupamento de méis produzidos por Apis mellifera L. Ciênc. Tecnol. Aliment., Campinas, 25(1): 8-17, jan.-mar. 2005

MENDES, T. M. F. F. Determinação de espécies metálicas em mel de abelhas por ICP OES – Campinas, SP:[ s.n], 2003.

RISSATO, et al. Multiresidue method for monitoring environmental contamination by pesticides in the Bauru region (SP) using honey as bioindicator. Quím. Nova vol.29 no.5 São Paulo Sept./Oct. 2006

SANTOS et al. Honey Classification from Semi-Arid, Atlantic and Transitional Forest Zones in Bahia, Brazil. J. Braz. Chem. Soc., Vol. 19, No. 3, 502-508, 2008.

PARAMÁS, et al. Geographical discrimination of honeys by using mineral composition and common chemical quality parameters. Journal of the Science of Food and Agriculture Volume 80, Issue 1, pages 157–165, 1 January 2000