53º Congresso Brasileiro de Quimica
Realizado no Rio de Janeiro/RJ, de 14 a 18 de Outubro de 2013.
ISBN: 978-85-85905-06-4

ÁREA: Química Analítica

TÍTULO: Correlação entre parâmetros químicos em amostras de água do rio Solimões no trecho de Manaus à Coari

AUTORES: Rocha, S.D. (UFAM) ; Castro, L.M. (UFAM) ; Barbosa, M.S. (UFAM) ; Oliveira, T.C.S. (UFAM)

RESUMO: A Região Amazônica é largamente conhecida por sua disponibilidade hídrica e pela diversidade de ecossistemas. Os recursos hídricos são comumente aproveitados pelas populações ribeirinhas locais para vários fins, geralmente, sem tratamento adequado. Esta pesquisa objetiva fazer a correlação dos parâmetros químicos, tais como: oxigênio dissolvido (OD), demanda bioquímica de oxigênio (DBO) e demanda química de oxigênio (DQO) como também avaliar a qualidade da água do rio Solimões nos períodos hidrológicos de seca e cheia, no trecho dos municípios Manaus-Coari, com base na legislação vigente. Os resultados obtidos comprovam a diversidade dos rios amazônicos, pois, apesar de apresentarem valores de OD abaixo do esperado, as águas do trecho estudado mantiveram suas características naturais.

PALAVRAS CHAVES: Correlação; Parâmetros químicos; Comunidades

INTRODUÇÃO: O rio Solimões é considerado o maior rio do mundo em área de drenagem e volume de descarga, tendo sua origem principalmente nas montanhas Andinas. Assim como o Amazonas, Madeira, Purus e entre outros, o rio Solimões é classificado como sendo de águas brancas. Os rios de águas brancas são ricos em material particulado em suspensão, com quantidade de eletrólitos relativamente alta, pH variando de 6,2 a 7,2 e são relativamente ricas em íons cálcio e bicarbonatos , sendo classificadas como carbonatadas. No entanto, alguns igarapés (pequenos rios) que drenam áreas carboníferas durante a estação chuvosa, podem apresentar este tipo de água (SIOLI, 1962). A composição geoquímica influencia tanto nas características físicas dos sólidos, tais como: forma, tamanho e angularidade das partículas, como nas químicas, com a probabilidade de qualquer alteração na água (pH, oxigênio dissolvido, concentração de íons). Os sólidos presentes na água podem ter um alto conteúdo orgânico, e sua decomposição pode esgotar os níveis de oxigênio dissolvido, levando a uma escassez crítica de oxigênio principalmente em condições de baixa vazão (BILOTTA e BRAZIER, 2008). No contexto de saúde pública, é importante ressaltar que as populações ribeirinhas da região Amazônica geralmente coletam água diretamente do rio para consumo. Para amenizar a contaminação em meio aquoso surgem estudos envolvendo os parâmetros físicos e químicos que são úteis na avaliação da qualidade da água. O objetivo desse estudo é analisar a correlação entre parâmetros químicos, tais como: oxigênio dissolvido (OD), demanda bioquímica de oxigênio (DBO), demanda química de oxigênio (DQO) e sólidos suspensos (SS), como também avaliar a qualidade da água do trecho estudado conforme especificações da legislação vigente.

MATERIAL E MÉTODOS: As amostras de água, para as análises químicas foram coletadas semestralmente, seguindo a regime sazonal da região: no período de seca (dezembro) do ano 2012; e cheia (junho) do ano 2013. Os pontos de coleta foram determinados pelo Programa de Inteligência Socioambiental Estratégica da Indústria do Petróleo na Amazônia – PIATAM V. As coletas foram realizadas em dois pontos no rio Solimões (montante e jusante) no trajeto Manaus à Coari, a coleta foi realizada no ponto a 10 m da margem situado em frente de cada comunidade (Baixio, N. Sr.ª das Graças, Stº Antônio, Matrinxã e Sodré) e no ponto central (meio do rio) registrando-se apenas a 0,5 m de profundidade. As medidas de OD e a saturação do oxigênio foram determinadas in situ com o aparelho oxímetro digital portátil, YSI Model 55-25. As amostras para determinação sólidos suspensos totais (SST), DBO5 e DQO foram coletadas com auxílio da garrafa Van Dorn, armazenadas em frascos de polietileno e mantidas sob refrigeração para posterior análise. Para determinação de DBO e SST, foram aplicada a metodologia de Winkler e determinação gravimétrica, respectivamente, conforme recomendações de APHA (2005). A análise da DQO foi realizada pelo método da titulometria com permanganato de potássio. Todas as análises foram realizadas em triplicata e no Laboratório de Química Analítica e Ambiental do Laboratório de Pesquisas e Ensaios de Combustíveis (LAPEC) da Universidade Federal do Amazonas (UFAM), Manaus-AM. A análise de estatística dos parâmetros foi feita com o software Action 2.4.

RESULTADOS E DISCUSSÃO: O oxigênio dissolvido é atuante na degradação da matéria orgânica presente na água, por meio da oxidação química e bioquímica. Através da matriz de Pearson (Figura 1), verificou-se correlação positiva (0,68) entre os parâmetros OD e DBO comprovada pelo p-valor de 0,0009. A DBO é definida como sendo a quantidade de oxigênio necessária para degradar a matéria orgânica pela ação de microrganismos, justificando a associação significativa entre estes parâmetros. A DQO está relacionada com a quantidade de oxigênio consumido por compostos orgânicos através de uma oxidação química sendo uma forma indireta de indicar a quantidade de matéria orgânica presente na água, sendo que a OMS (Organização Mundial da Saúde) sugere que as águas superficiais naturais devem possuir valores ≤ 20 mg/L de oxigênio. No entanto, a correlação de DQO com os demais parâmetros mostrou-se pouco significativa, devido ao parâmetro apontar uma estimativa da matéria orgânica presente, sendo que outros compostos podem ser oxidados pelo agente oxidante forte aplicado no método. Segundo Martinelli et al. (2002), a concentração de OD decresce na época de cheia, devido a maior quantidade de sólidos em suspensão o que influencia na entrada de luz, sendo este fenômeno observado na prática onde as concentrações de OD estavam abaixo (2,83-3,84mg/L) do limite estabelecido pela resolução do CONAMA 357/05 (≥5,0mg/L) além desses parâmetros apresentarem correlação significativa (0,62; p-valor de 0,0034). Com base nos parâmetros analisados, em comparação com a resolução do CONAMA 357/05, verifica-se que as águas estudadas podem ser classificadas como sendo de classe 2, apesar de alguns parâmetros inerentes às características naturais do rio apresentarem-se abaixo dos valores estabelecidos pela resolução.

Figura 1

Análise gráfica da correlação entre as variáveis: OD, DBO, DQO e SS (Matriz de Scatterplots)

CONCLUSÕES: A análise das águas do rio Solimões permitiu averiguar a correlação significativa entre os parâmetros OD, DBO e SS, estando estes relacionados diretamente pelo teor de matéria orgânica presente em meio aquoso, sendo também diretamente influenciados pelo regime hidrológico da região. Apesar de apresentarem valores de OD abaixo do esperado, as águas do trecho estudado mantiveram suas características naturais.

AGRADECIMENTOS: Ao LAPEC e ao CNPq pelo apoio financeiro.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: [1] APHA - American Public Health Association; American Water Work Associatin – AWWA; Water Pollution Control Federation – WPCF. 2005. Standar Methods of the Experimination of Water and Wasterwater. ed. New York, p.1268.
[2] BILLOTA, G. S.; BRAZIER, R. E. 2008. Understanding the influence of suspended solids on water quality and aquatic biota. Water Research. v. 42. p. 2849-2861.
[3] MARTINELLI, L. A.; SILVA, A. M.; CAMARGO, P. B.; MORETTI, L. R.; TOMAZELLI, A. C.; SILVA, D. M. L.; FISCHER, E. G.; SONODA, K. C.; SALOMÃO, M. S. M. B. 2002. Levantamento das cargas orgânicas lançadas nos rios do estado de São Paulo. Biota neotropical. v. 2. p. 1-18.
[4] Organización Mundial de la Salud. Guias para la calidad del Água Potable. 1999. 2º ed. Genebra: OMS, v. 1.
[5] Resolução CONAMA Nº 357/2005 – “Dispõe sobre a classificação dos corpos de água e diretrizes ambientais para o seu enquadramento, bem como estabelece as condições e padrões de lançamento de efluentes, e dá outras providências.” - Data da legislação: 17/03/2005 – Publicação DOU nº 053, de 18/03/2005, págs. 58-63.
[6] SIOLI, H.; KLINGE, H. 1962. Solos, tipos de vegetação e águas na Amazônia. Boletim geográfico. v.79. p. 23-39.