53º Congresso Brasileiro de Quimica
Realizado no Rio de Janeiro/RJ, de 14 a 18 de Outubro de 2013.
ISBN: 978-85-85905-06-4

ÁREA: Ambiental

TÍTULO: INFLUÊNCIA DO TEOR DE METAIS PESADOS SOB O CRESCIMENTO DE TRÊS ESPÉCIES FLORESTAIS DA AMAZÔNIA.

AUTORES: Neves, P.A.P.F.G. (UEPA) ; de Paula, M.T. (UEPA) ; Amarante, C.B. (MPEG) ; Medeiros, G.H.P. (UEPA) ; Rocha, T.R. (UFRA) ; Ferreira, O.O. (UFPA)

RESUMO: A fim de avaliar o impacto das atividades industriais sob o meio ambiente, vários trabalhos vêm sendo desenvolvidos com espécies vegetais. O presente trabalho teve como objetivo avaliar a influência dos teores de metais contidos nas folhas de três espécies florestais da Amazônia sob o crescimento das plantas, entre as duas áreas de estudo. Os teores de metais foram determinados por ICP-OES com plasma indutivamente acoplado. As alturas foram medidas com auxílio de uma trena e o diâmetro do colo das mudas foi medido com o auxílio de um paquímetro. Os resultados demonstraram, que as folhas das mudas que estavam expostas em Barcarena apresentaram maior teor dos metais analisados e menor crescimento.

PALAVRAS CHAVES: Metais Pesados; Espécies Florestais; Crescimento

INTRODUÇÃO: Os metais pesados nem sempre são quimicamente degradados ou biodegradados pelos micro-organismos, tornando a disposição final de muitos resíduos um sério problema ambiental (ALMEIDA, 2012). Esses metais são originários de processos litogênicos e/ou atividades antrópicas, como a utilização de fertilizantes em zonas agrícolas e a atividade mineradora (MUNIZ; OLIVEIRA-FILHO, 2006). As plantas são excelentes monitores biológicos de poluentes atmosféricos, pois apresentam uma sensibilidade relativamente maior em relação aos animais, possuem uma grande variabilidade genética entre e dentro das espécies, o que facilita a seleção do cultivar, da variedade e/ou do clone mais sensível, exibem sintomas foliares característicos de exposição a poluentes (JONES; HECK, 1980 apud SANTOS; GUEDES; ARAÚJO 2012). As plantas permitem uma avaliação mais precisa sobre uma área específica, pois estão fortemente integradas no ambiente em que vivem, discriminando a distribuição espacial do impacto. O acúmulo de metais pesados nas plantas pode ocorrer sem que haja manifestação de sintomas de toxicidade e prejuízo para a produção das culturas, porém poderá interferir na qualidade dos alimentos (JEEVAN RAO; SHANTARAN, 1996 apud NOGUEIRA et al, 2008). Partindo deste contexto, o presente trabalho teve como objetivo correlacionar os teores de metais contidos nas folhas de três espécies florestais da Amazônia com os valores de altura e diâmetro, entre as duas áreas de estudo, sendo uma área sob influência do distrito industrial de Barcarena (PA) e a segunda sem influência da indústria, localizada no município de Benevides (PA).

MATERIAL E MÉTODOS: As mudas de Euterpe oleracea Mart, Carapa guianensis Aubl e Hymenaea courbaril L., foram implantadas em duas áreas de estudo: a primeira localizada no município de Benevides (01°20’01,8”S - 48°14’26,2”) e a segunda no distrito industrial de Barcarena (01°33’05,8”S - 48°44’00,9”W). A idade das mudas eram de1 ano, 6 meses e 3 meses, respctivamente. As sementes Euterpe oleracea Mart utilizadas para germinação das mudas eram procedentes do município de Belém-PA e as Carapa guianensis Aubl e Hymenaea courbaril L. eram procedentes do município de Moju-PA. No experimento foram implantados 3 blocos, com 12 mudas de três espécies em cada área de estudo totalizando 72 amostras, onde foram realizadas quatro coletas no intervalo de 45 dias. Em seguida, o material vegetal foi lavado com água deionizada e levado para secar em estufa a 60 ºC durante 72 h até obtenção de massa constante. As amostras secas foram pesadas, moídas em moinho tipo facas e submetidas à análise química. A determinação dos metais pesados (Al,Mn, Zn, Cr e Ni) foi realizada em Espectrômetro de emissão ótica com plasma indutivamente acoplado com configuração axial. As alturas foram medidas com auxílio de uma trena com uma aproximação de 1,0 mm e o diâmetro do colo das mudas foi medido com o auxílio de um paquímetro com aproximação de 0,1 mm. Para determinação dos metais, aproximadamente 0,2 g do material vegetal seco e moído foram digeridas utilizando 3,0 ml de HNO3 concentrado e levado ao forno de microondas fechado.Os dados foram obtidos da média de três determinações para cada elemento analisado e calculado os respectivos desvios-padrão. As médias foram comparadas por meio do teste de Tukey, em nível de significância de 5%.

RESULTADOS E DISCUSSÃO: Verificou-se que os maiores valores de altura e diâmetro foram encontrados nas mudas que estavam implantadas expostas em Benevides. Em relação à altura, a espécie que apresentou maior crescimento foi a Carapa guianensis Aubl (83,3±3,8 cm), seguida pela Euterpe oleracea Mart (66,7±5,7 cm), e Hymenaea courbaril L (60,3±7,6 cm). De acordo com Souza; Silva; Ferreira (2011), os metais pesados afetam o crescimento, a distribuição e o ciclo biológico das espécies vegetaiss, tal correlação foi detectada neste trabalho visto que as espécies que estavam em Barcarena apresentaram maiores quando comparados com Benevides: Euterpe oleracea Mart - Al (186,9 mg/kg; 165, 9 mg/kg), Mn (107, 7 mg/kg; 92, 7 mg/kg), Zn (33,3 mg/kg; 22,3 mg/kg), Ni (4,1mg/kg; 2 mg/kg) e Cr (1,2 mg/kg; 1,1 mg/kg); Carapa guianensis Aubl - Al (181,8 mg/kg; 151, 8 mg/kg), Mn (18, 1 mg/kg; 16, 8 mg/kg), Zn (27,8 mg/kg; 25,9 mg/kg), Ni (1,8mg/kg; 1,4 mg/kg) e Cr (0,7 mg/kg; 0,5 mg/kg). Hymenaea courbarilL. - Al (168,5mg/kg; 165, 9 mg/kg), Mn (67, 8 mg/kg; 61, 5 mg/kg), Zn (23,1 mg/kg; 19,6 mg/kg), Ni (3,6mg/kg; 3,1 mg/kg) e Cr (1,0 mg/kg; 0,9 mg/kg).

CONCLUSÕES: A partir dos resultados obtidos, constatou-se que as mudas que apresentaram menor crescimento, foram as que apresentaram maior teor de metais pesados, demonstrando que há uma influência dos teores de metais encontrados nas folhas sob o crescimento das espécies utilizadas neste trabalho.

AGRADECIMENTOS: À Capes pela concessão de bolsa ao primeiro autor.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: ALMEIDA, R. F. 2012. Plantas acumuladoras de metais pesados no solo – uma revisão. Revista de Biotecnologia & Ciência, 2: 28-46.

MUNIZ, D. H. F.; OLIVEIRA-FILHO, E. C. 2006. Metais pesados provenientes de rejeitos de mineração e seus efeitos sobre a saúde e o meio ambiente. Universitas: Ciências da Saúde, 4: 83-100.
NOGUEIRA, T. A. R. et al. Cádmio, cromo, chumbo e zinco em plantas de milho e em latossolo após nove aplicações anuais de lodo de esgoto. R. Bras. Ci. Solo, v. 32, p. 2195-2207, 2008.
SANTOS, O. M.; GUEDES, M. L. S.; ARAÚJO, C. V. M. Potencial de espécies vegetais nativas do pólo industrial de Camaçari (BA, Brasil) como acumuladoras de elementos químicos contidos na poluição atmosférica. J. Braz. Soc. Ecotoxicol., v. 7, n. 1, p. 15-20, 2012.

SOUZA, E. P.; SILVA, I. F.; FERREIRA, L. E. Mecanismos de tolerância a estresses por metais pesados em plantas. R. Bras. Agrociência, Pelotas, v.17, n.2-4, p.167-173, abr./jun. 2011.