53º Congresso Brasileiro de Quimica
Realizado no Rio de Janeiro/RJ, de 14 a 18 de Outubro de 2013.
ISBN: 978-85-85905-06-4

ÁREA: Ambiental

TÍTULO: Efeito de efluente bovino enriquecido em sulfato de cobre sobre folhagem de gramíneas

AUTORES: Alves, O.R. (PUC GOIÁS) ; Rocha, W.S. (PUC GOIÁS) ; Rocha, C. (PUC GOIÁS) ; De-campos, A.B. (UNICAMP) ; Silva, L.A.F. (UFG) ; Martins, L. (UFG) ; Paiva, A.P.N. (UFG)

RESUMO: Produtores rurais utilizam sulfato de cobre em pedilúvios para tratamento de doenças do gado. O problema ambiental surge quando esses resíduos são usados para adubação da pastagem, podendo acumular Cu no solo e plantas. Objetivou-se nesse estudo verificar a influência de efluentes bovinos enriquecidos em CuSO4 sobre a folhagem de gramíneas. Utilizou duas parcelas cultivadas com Brachiaria decumbens onde uma recebeu efluente líquido bovino enriquecido em Cu e a outra apenas o efluente. Coletaram-se amostras das folhas da gramínea antes da aplicação do efluente e 30 dias após. Analisou-se a concentração de cobre total das amostras por espectrometria de absorção atômica e surpreendentemente não houve acúmulo de Cu nas folhas da gramínea após 30 dias de aplicação do efluente.

PALAVRAS CHAVES: Sulfato de Cobre; Gramíneas; Efluente bovino

INTRODUÇÃO: É comum os produtores rurais utilizarem diferentes princípios ativos como sulfato de cobre para tratamento de doenças que atingem os bovinos. Essas soluções são usadas em pedilúvios e após sua utilização seus resíduos são descartados no ambiente ou armazenados em esterqueiras juntamente com fezes e urina (efluente bovino) para serem utilizados como fertilizante em pastagens (GOULART, 2011). O cobre é um elemento de importante função para a vida em geral, porém em quantidades excessivas pode causar consequências para os seres vivos. Em excesso o cobre pode se acumular no ambiente podendo entrar na cadeia alimentar ou mesmo atingir níveis tóxicos para as plantas (MATTIAS,2006). Diante do exposto, o objetivo desse estudo foi avaliar os efeitos que o efluente bovino enriquecido com sulfato de cobre e acondicionado em esterqueira tem sobre a folhagem de gramíneas após seu uso como fertilizante em pastagens.

MATERIAL E MÉTODOS: O estudo foi realizado no período de agosto a novembro de 2012 em área vedada sob Latossolo na Escola de Veterinária e Zootecnia da Universidade Federal de Goiás. A área foi dividida em duas parcelas experimentais denominadas P1 e P2 com dimensões de 9m x 18m (162m2) cada e cultivadas com capim Brachiaria decumbens para simular condições de pastagem. Após 60 dias de crescimento da gramínea, a parcela P1 recebeu solução contendo 11,6 litros de efluente bovino e 1,0 litro de solução de sulfato de cobre em concentração adequada para a parcela receber a dose final de 0,26 mol de cobre por m2, enquanto a parcela P2 recebeu solução contendo apenas 11,6 litros de efluente bovino, conforme procedimento recomendado por Goulart (2011). Amostras de folha da gramínea foram coletadas manualmente em três pontos distintos de cada parcela. A primeira coleta foi realizada 30 dias antes da aplicação do efluente e a segunda 30 dias após sua aplicação. As amostras foram secas em estufa à 40 oC e analisadas em triplicata por espectrometria de absorção atômica para determinação de cobre total conforme metodologia descrita por Carter (1993). Os resultados foram tratados para obtenção da média e desvio padrão.

RESULTADOS E DISCUSSÃO: Em ambas as parcelas a gramínea teve crescimento e desenvolvimento satisfatório. Os resultados mostram que não existe diferença significativa para a concentração de cobre entre as parcelas P1 e P2 antes ou após a aplicação do efluente. Também não se observou diferença significativa na concentração de cobre na parcela P1 após 30 dias de aplicação do efluente bovino enriquecido em sulfato de cobre. Após a aplicação do efluente enriquecido em cobre (P1) e sem cobre (P2) era de se esperar aumento na concentração de cobre nas folhas da gramínea coletadas em P1, entretanto, surpreendentemente os dados não confirmaram esta hipótese. Acredita-se que o cobre que foi aplicado em P1 ficou acumulado no solo ou em outra parte da planta, como a raiz, e estudos paralelos estão sendo conduzidos para verificar os teores de cobre em amostras do solo e raiz. Com base nos resultados obtidos, pode-se afirmar que a ingestão de capim Brachiaria decumbens pelo gado até 30 dias após a aplicação de efluente bovino enriquecido em sulfato de cobre não acarretará problemas futuros relacionados ao acúmulo desse metal no animal ou homem. Entretanto, como as pastagens servem de alimento para o gado por longos períodos, recomenda-se a realização de estudos que considerem um maior tempo de residência do efluente enriquecido em cobre na pastagem a fim de se verificar se em longo prazo haverá contaminação das folhas da gramínea por cobre.

CONCLUSÕES: Conclui-se que o uso de efluente bovino enriquecido em sulfato de cobre como fertilizante em pastagens não aumenta a concentração de cobre total nas folhas de capim Brachiaria decumbens num período de 30 dias.

AGRADECIMENTOS: Ao CNPq pela bolsa de iniciação científica e auxílio financeiro. À FAPEG pelo auxílio.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: CARTER, M.R. 1993. Soil Sampling and Methods of Analysis. 2a. ed. CRC Press. Boca Raton. Flórida, USA. GOULART, D.S. 2011. Resíduos de soluções sanitizantes empregadas em pedilúvio para bovinos no solo, leite e água. Dissertação de Mestrado. Escola de Veterinária da Universidade Federal de Goiás. MATTIAS, J. L. 2006. Metais pesados em solos sob aplicação de dejetos líquidos de suínos em duas microbacias hidrográficas de Santa Catarina. 164 p. Tese (Doutorado em Ciência do Solo) – Centro de Ciências Rurais, Universidade Federal de Santa Maria, Santa Maria.