53º Congresso Brasileiro de Quimica
Realizado no Rio de Janeiro/RJ, de 14 a 18 de Outubro de 2013.
ISBN: 978-85-85905-06-4

ÁREA: Ambiental

TÍTULO: Avaliação dos parâmetros físicos e químicos da qualidade da água em lagos de várzea e no rio Solimões no trecho dos municípios Manaus-Coari

AUTORES: Rocha, S.D. (UFAM/DQ) ; Barbosa, M.S. (UFAM/DQ) ; Oliveira, T.C.S. (UFAM/DQ)

RESUMO: A Região Amazônica é carente quanto ao registro de série histórica que confirmam a caracterização de ambientes aquáticos de várzea. Esta pesquisa objetiva monitorar parâmetros físicos e químicos visando o diagnóstico de qualidade da água em ambientes de lagos de várzea e do rio Solimões nos períodos hidrológicos de seca e cheia, no trecho dos municípios Manaus-Coari, na Amazônia Central, tendo como base a Resolução CONAMA 357/05. Os ambientes avaliados possuem um pH levemente alcalino, porém observa-se baixos valores de pH em alguns pontos no período da cheia, em virtude da maior quantidade de ácidos orgânicos lixiviados durante a época chuvosa, o que torna evidente uma maior concentração de sólidos dissolvidos influenciando na baixa concentração de oxigênio dissolvido na água.

PALAVRAS CHAVES: parâmetros; qualidade da água; períodos hidrológicos

INTRODUÇÃO: A Bacia Amazônica drena uma área aproximada de 6.300.000 km2 no norte da América do Sul. Seu principal curso d’água, o rio Solimões, é responsável por 18% do volume total de água despejado pelos rios nos oceanos (GIBBS, 1967). Esses dados fazem do Solimões o maior rio do mundo em área de drenagem e volume de descarga. Os rios de águas brancas que são ricos em nutrientes e elevadas cargas de sedimentos em suspensão, já os rios de águas pretas são rios de cor escura e tonalidade laranjada, devido a grande concentração de matéria orgânica solúvel, possui um pH <5 (ácido) e é um tipo de água pobre em sólidos dissolvidos em suspensão. Os rios da Bacia Amazônica são acompanhados ao longo de seus cursos por planícies de inundação, compostas por lagos e florestas inundáveis, que se dividem em dois grupos principais: vegetação de várzea e igapó. Existe ainda a vegetação de terra firme, que se encontra pelo menos a alguns metros acima do nível mais alto dos rios locais, que afetam os processos de erosão, transporte, produção e sedimentação da matéria orgânica (JUNK, 1997; MOREIRA-TURCQ et al., 2004). Os parâmetros físicos verificam a qualidade da água consistem na temperatura, turbidez e a condutividade elétrica (CE). Nos parâmetros químicos a água é avaliada através de testes analíticos, tais como: pH, oxigênio dissolvido (OD) e demanda química de oxigênio (DQO).

MATERIAL E MÉTODOS: A metodologia de amostragem analítica e de análises laboratoriais, que foi utilizada para a determinação das variáveis ambientais, está baseada no Standard Methods (APHA, 2005). As coletas foram periódicas, a cada seis meses, seguindo as fases hidrológicas no período de seca (dezembro) do ano 2012; e cheia (junho) do ano 2013. Os pontos de coleta para estudos limnológicos são determinados pelo Programa de Inteligência Socioambiental Estratégica da Indústria do Petróleo na Amazônia – PIATAM V. As coletas foram realizadas em três pontos de cada lago (margem esquerda, meio e margem direita) com registro de perfil vertical em profundidade 0,5 m até 5 m. No rio, a coleta foi realizada no ponto central em frente da comunidade registrando-se apenas a 0,5 m. Foram amostrados cinco lagos de várzea (Baixio, Preto, Ananá, Araçá, Maracá) e nas respectivas comunidades próximas a esses lagos em pontos do rio Solimões. Utilizaram-se aparelhos portáteis para medir temperatura, pH, condutividade elétrica e OD. As amostras para determinação de turbidez, material em suspensão e DQO foram coletadas com auxílio da garrafa Van Dorn e armazenadas em frascos de polietileno e acondicionadas sob refrigeração. As amostras para OD e DBO têm coletas diferenciadas em campo e são armazenadas em frascos de Winkler, sendo que para o parâmetro OD deve-se fixar o oxigênio com adição de 1 mL de azida sódica e 1mL de sulfato manganoso (MnSO4). A DBO é feita pelo mesmo procedimento que o ODinicial, porém o que é determinado é o ODfinal. Portanto, os resultados apresentados neste trabalho serão de OD inicial. Estas análises foram realizadas nos Laboratório de Química Analítica e Ambiental do Laboratório de Pesquisas e Ensaios de Combustíveis (LAPEC) da Universidade Federal do Amazonas (UFAM).

RESULTADOS E DISCUSSÃO: O monitoramento dos parâmetros da qualidade da água constitui-se em ferramentas básicas para avaliar alterações ambientais causadas pela ação antrópica. As médias dos resultados das coletas realizadas nos meses de dezembro (seca) e março (cheia) estão representadas na Tabela 1. O pH dos lagos mostrou-se levemente alcalino, com valores variando entre 6,99 e 7,92 no período de seca e na época da cheia o pH tornou-se mais ácido variando entre 6,35 e 6,87, os pontos do meio do rio apresentaram o mesmo comportamento. Esses resultados estão de acordo com a Resolução 357/2005 do CONAMA, que sugere o valor de pH entre 6,0 e 9,0 para ambientes de classe 2. Verificou-se que os valores de OD estão muito baixos, o que pode estar relacionado com a quantidade de matéria orgânica suspensa em meio aquoso ou com a elevada temperatura local. Os resultados da turbidez comprovam que quanto maior a quantidade de material em suspensão mais turva será a água. A temperatura atua diretamente na concentração de oxigênio dissolvido e influência nos processos biológicos, reações químicas e bioquímicas que ocorrem na água e em outros processos, como a solubilidade dos gases dissolvidos e sais minerais (MELO, 2005). Dessa maneira, a condutividade elétrica está relacionada diretamente com a temperatura, apresentando altos valores na época da seca. É possível relacionar a DQO com o OD, pois como a OD é resultante da degradação da matéria orgânica e a DQO indica “indiretamente” a quantidade de matéria orgânica presente no meio aquoso, assim, de acordo com a Figura 1, o período de seca nos mostra altas concentrações de DQO indicando alta presença de matéria orgânica no meio. Porém, a Organização Mundial da Saúde sugere que as águas superficiais naturais possuem ≤ 20 mg O2 L-1 (OMS, 1999).

Tabela 1 - Parâmetros físico-químicos

Variação dos parâmetros nos períodos hidrológicos: seca (dezembro) e cheia (junho).

Gráfico 1

Comportamento da DQO nos períodos de seca e de cheia.

CONCLUSÕES: O oxigênio dissolvido apresentou baixos valores na seca, pois sofre influência da temperatura, ou excesso de matéria orgânica o que também é comprovado pela relação entre DQO e OD mostrando que quanto maior a quantidade de material orgânico presente no meio menor será a quantidade de OD. O pH apresentou caráter levemente alcalino no período da seca, porém em alguns pontos no período da cheia apresentou um caráter ácido. Os resultados comprovam a heterogeneidade do rio Solimões e lagos de várzea, situados na Amazônica Central.

AGRADECIMENTOS: Ao LAPEC e ao laboratório da Pós-Graduação em Físico Química, coordenado pelo Prof. Dr. Paulo Couceiro e ao CNPq pelo apoio financeiro.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: [1] APHA - American Public Health Association.2005. American Water Work Associatin – AWWA; Water Pollution Control Federation – WPCF. Standar Methods of the Experimination of Water and Wasterwater. ed. New York, p.1268.
[2] GIBBS, R. J.1967. The geochemistry of the Amazon River system: Part I. The factors that control the salinity and the composition and concentration of the suspended solids. Geology Society of America Bulletin, v.78, p.1203–1232.
[3] JUNK, W.J.1997. The Central Amazonian Floodplain: Ecology of a Pulsing Systems. Ed.Springer, p.525.
[4] MELO, E. G. F.; SILVA, M. S. R.; MIRANDA, S. A. F.2005. Influência Antrópica sobre Águas de Igarapés na cidade de Manaus-Amazonas. Caminhos de Geografia, v.5, p.40-47.
[5] MOREIRA-TURCQ, P.; JOUANNEAU, J. M.; TURCQ, B.; SEYLER, P.; Weber, O.; Guyot, J. L.2004.Carbon sedimentation at Lago Grande de Curuai, a floodplain lake in the low Amazon region: insights into sedimentation rates. Palaeogeography, Palaeoclimatology, Palaeoecology, v.214, p. 27-40.
[6] Organización Mundial de la Salud.1999. Guias para la calidad del Água Potable. 2º ed. Genebra: OMS,v. 1.
[7] Resolução CONAMA Nº 357/2005 – “Dispõe sobre a classificação dos corpos de água e diretrizes ambientais para o seu enquadramento, bem como estabelece as condições e padrões de lançamento de efluentes, e dá outras providências.”. - Data da legislação: 17/03/2005 – Publicação DOU nº 053, de 18/03/2005, págs. 58-63.