53º Congresso Brasileiro de Quimica
Realizado no Rio de Janeiro/RJ, de 14 a 18 de Outubro de 2013.
ISBN: 978-85-85905-06-4

ÁREA: Ambiental

TÍTULO: ESTUDO DA QUALIDADE QUÍMICA E MICROBIOLÓGICA DAS ÁGUAS SUPERFICIAIS NA COLÔNIA JULIANO MOREIRA, NO BAIRRO DE JACAREPAGUÁ, RIO DE JANEIRO, RJ.

AUTORES: Albuquerque dos Santos, J.A. (INSTITUTO OSWALDO CRUZ / FIOCRUZ) ; Pereira Alves, L. (UNIVERSIDADE DO GRANDE RIO, RJ)

RESUMO: A proposta do trabalho foi avaliar a qualidade química e microbiológica das águas superficiais, coletadas na Colônia Juliano Moreira, no Bairro de Jacarepaguá, RJ. As coletas das amostras foram feitas semanalmente em recipientes apropriados devidamente identificados. As análises físico-químicas das amostras de água foram realizadas conforme métodos padrões para análise de água, seguindo o manual prático de análise de água da FUNASA e os testes microbiológicos das amostras, realizados pelo método da membrana filtrante. Os resultados foram avaliados por média, desvio padrão e análise de variância ANOVA. Os parâmetros químicos se mantiveram, dentro dos valores permitidos e o microbiológico diferente dos padrões microbiológicos de água para consumo humano, segundo a Legislação Brasileira.

PALAVRAS CHAVES: Qualidade química; Qualidade microbiológica; Águas superficiais

INTRODUÇÃO: O Parque Estadual da Pedra Branca (PEPB) é considerado a maior reserva florestal em área urbana no mundo, é um verdadeiro patrimônio ambiental do Brasil que precisa ser preservado para as atuais e futuras gerações. O Parque localiza-se na Zona Oeste do Rio de Janeiro, RJ. A água é um dos elementos indispensáveis à vida, sendo uma das principais substâncias ingeridas pelo ser humano (OKURA; SIQUEIRA, 2005; NETO et al., 2006). A água doce corresponde a 1% de todo o planeta e em seu estado natural, representa um dos componentes mais puros, porém, esta característica vem se alterando e hoje ela é um importante veículo de transmissão de doenças (REIS; HOFFMANN, 2006). Segundo a Organização Mundial da Saúde cerca de 80% das doenças que ocorrem em países em desenvolvimento são veiculadas pela água contaminada por microrganismos patogênicos (COELHO et al., 2007). Isto se deve ao fato de apenas 30% da população mundial ter água tratada e os outros 70% terem poços como fonte de água, facilitando assim sua contaminação (FERNANDEZ; SANTOS, 2007). As ações da vigilância sanitária tais como, o controle da qualidade da água para consumo humano, são importantes, assessorando quanto à necessidade, qualidade e promoção de medidas de intervenção, sendo preventivas ou corretivas, garantindo água de boa qualidade para o consumo (TEIXEIRA, 2005). As Parasitoses intestinais (PIs) mais frequentes na Colônia Juliano Moreira, foram aquelas causadas por protozoários e veiculadas pela água sem tratamento; mostrando a necessidade de implementação de novas ações em promoção da saúde, bem como a avaliação do impacto destas sobre a população local (DUTRA, 2011). A proposta do trabalho foi avaliar a qualidade química e microbiológica das águas superficiais, coletadas na Colônia Juliano Moreira, RJ.

MATERIAL E MÉTODOS: Parâmetros físico-químicos - As coletas das amostras foram feitas semanalmente em recipientes apropriados em três pontos de coleta, devidamente identificados. No final do período foram coletadas 66 amostras para as análises químicas. As análises foram realizadas conforme métodos padrões para análise de água, seguindo o manual prático de análise de água da FUNASA, 2009, para os parâmetros de dureza total (Ca e Mg) (método titulométrico do EDTA), alcalinidade (método titulométrico com indicadores), cloretos (método titulométrico de Mohr), nitrogênio-amônia (método de Nessler), nitrogênio-nitrito (método de Diazotação), pH (método Potenciométrico), e Condutividade, salinidade e sólidos totais dissolvidos (método Eletrométrico com medidor Multiparâmetros). Parâmetros microbiológicos – No final do período, também foram coletados semanalmente em três pontos, um total de 66 amostras de água, apropriadamente de forma estéril e realizados análises pelo método da membrana filtrante descrito em Standard Methods for the Examination of the Water and Wasterwater (EATON e col., 2005), com diferentes diluições e contagem de colônias, após incubação por 24 horas à 35 ºC.

RESULTADOS E DISCUSSÃO: Os resultados foram analisados por média aritmética, desvio padrão e análise de variância ANOVA, utilizando o pós-teste de Bonferroni. Os resultados físico-químicos (Tabela 1) obtidos durante o período de Jan a Jun de 2013 foram: no ponto P1, a maior alcalinidade (28,75 ± 18,54 mg.L-1 CaCO3) encontrada em Jun/13; cloreto (17,3 ±8,99 mg.L-1 Cl¯), a maior concentração em Abr/13 e nitrito (0,188 ± 0,364 mg.L-1) em Jun/13. No ponto P2 encontrou-se o maior valor para dureza total (40,8 ±16, 8 mg.L-1 CaCO3) em Fev/13 e para sulfatos (10,863±2,391 mg.L-1), o maior valor em Jan/13. No ponto P3, o pH (7,04±0,14) maior em Mar/13; condutividade (112,67 ± 68,43 µS.cm-1) maior em Fev/13; STD (257,87 ± 185,65 mg.L-1) maior em Mai/13 e Amônia (0,02 ±0,012 mg.L-1 N-NH3) maior em Jan/13. Os resultados das análises químicas foram interpretados segundo os padrões de qualidade estabelecidos para águas de Classe 1 CONAMA Nº 357, de 17 de março de 2005 e todos os parâmetros estavam em conformidade com a Resolução CONAMA Nº 357. No final do período de Jan a Jun de 2013, o parâmetro de dureza, apresentou (p = 0,9892); pH, (p = 0,7707); condutiv. (p = 0,8455); cloretos (p = 0,8979); álcali. (p = 0,8525); STD (p = 0,991); N-NH3 (p = 0,6576), N-NO2 (p = 0,4918) e sulfatos (p = 0,5542). Todos os parâmetros apresentaram variações não significativas (p>0,05). Nas análises microbiológicas (Figura 1), coliforme total foi maior em maio, no ponto 3 com 363,75 UFC.mL-1 ± 494,81; Escherichia coli maior em Fev., com valor de 59,25 UFC.mL-1 ± 84,65 e Salmonella spp maior em Janeiro, com 16,5 UFC.mL-1 ± 23,91. Pela análise de variância ANOVA, no final do período, coliforme total apresentou (p = 0,6283); E. coli (p = 0,4906) e Salmonella sp (p = 0,3631), apresentaram variações não significativas (p>0,05).

Tab.1

Dados das análises físico-químicas das amostras coletadas no Parque Estadual Pedra Branca - Colônia Juliano moreira - Campus Fiocruz Mata Atlântica,

Fig. 1

Resultados das análises microbiológica das amostras coletadas no Parque Estadual da Pedra Branca - Colônia Juliano Moreira, Rio de Janeiro, RJ

CONCLUSÕES: Conclui-se que, houve alterações nos parâmetros físico-químicos das amostras, entretanto, os valores para os parâmetros analisados, se mantiveram, dentro dos valores permitidos e o parâmetro microbiológico, demonstrou-se fora do padrão microbiológico da água para consumo humano segundo a Legislação Brasileira.

AGRADECIMENTOS: Instituto Oswaldo Cruz/Fiocruz, FAPERJ, CIEE

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: COELHO, D. A.; SILVA, P. M. F.; VEIGA, S. M. O. M.; FIORINI, J. E.2007. Avaliação da qualidade microbiológica de águas minerais comercializadas em supermercados da cidade de Alfenas, MG. Revista Higiene Alimentar, São Paulo, v. 21, n. 151, p. 88-92.
DUTRA, S.D.2011. Levantamento epidemiológico e educacional sobre as parasitoses intestinais na Colonia Juliano Moreira, Jacarepaguá, RJ. Monografia apresentada à FTESM. Rio de Janeiro, 47 p.
EATON, A.D.; CLESCERL, L.S.; RICE, E.W.; GREENBERG, A.E.; FRANSON, M.A. 2005. Standard Methods for the Examination of Water and Wastewater, 21st Edition. American Water Works Association. New York, 1368 pages.
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MINISTÉRIO DA SAÚDE - BRASIL. 2004. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Vigilância Epidemiológica. Doenças infecciosas e parasitárias: guia de bolso/Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde, Departamento de Vigilância Epidemiológica. 4ed. ampl.– Brasília: Ministério da Saúde.
NETO, A. F.; SILVA, J. L.; MOURA, G. J. B.; CALAZANS, G. M. T. 2006. Avaliação da qualidade da água potável de escolas públicas do Recife, PE. Revista Higiene Alimentar, São Paulo, v. 20, n. 139, p. 80-82.
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TEIXEIRA, J. C. 2005. Vigilância da qualidade da água para consumo humano – utopia ou realidade? Estudo de caso: Juiz de Fora – MG. Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental, Rio de Janeiro, p 1 – 4.